Na noite desta sexta-feira (16), o cirurgião plástico Klaus Wietzke Brodbeck foi preso preventivamente pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em Gramado, após receber 86 denúncias de abuso sexual de mulheres. A 2ª Vara Criminal de Porto Alegre decretou a prisão após parecer do Ministério Público.
A polícia está conduzindo uma investigação sobre a conduta do médico e, na última terça-feira (13), realizou uma busca em endereços ligados ao suspeito, incluindo sua clínica localizada no bairro Três Figueiras, área nobre de Porto Alegre. Aparelhos eletrônicos e objetos pessoais de Klaus foram apreendidos. Com a operação se tornando pública, mais vítimas resolveram denunciar os abusos sofridos.
“É importante até que muitas mulheres nos procuraram para relatar fatos muito antigos e, mesmo sabendo que em face da prescrição nós não conseguiríamos alcançar a investigação desses fatos, elas fizeram questão de vir aqui na delegacia dar o seu relato, porque ficaram muitos anos em silêncio”, contou a delegada do caso, Jeiselaure de Souza, à Band TV, revelando que existem denúncias datadas desde 2001.
Brodbeck possui registro como cirurgião plástico desde 1990 e nega todas as acusações, feitas por mais de 80 pacientes e 3 funcionárias. Segundo informações do G1, ele é suspeito também de estuprar uma paciente após a cirurgia, enquanto ela ainda estava sedada. O advogado do médico, Gustavo Nagelstein, alega que uma das denunciantes teria cometido extorsão contra Klaus, anos atrás. Na quinta-feira (15), o acusado prestou um depoimento de mais de quatro horas.
As denúncias descreveram que o médico agia de forma abusiva, realizando exames que iam além do necessário para diagnosticar o tipo de cirurgia estética ideal. Uma das pacientes contou que a postura do homem era “estranha e constrangedora”, de acordo com o G1. Ela procurou o profissional para realizar implantes de próteses de silicone, mas foi forçada a tirar toda a roupa. A denunciante afirma que ele lançava “olhares constrangedores” e passava as mãos nos corpos das pacientes.
“Os toques eram nocivos, os convites que ele fazia para as vítimas eram totalmente inadequados, inclusive oferecendo aumentar o número de procedimentos oferecidos se as vítimas mantivessem relações sexuais com ele”, explicou a delegada, ao Jornal da Band. Jeiselaure contou ainda que a Polícia Civil abriu uma força-tarefa para receber e apurar as acusações. Cada um dos mais de 80 casos serão apurados em inquéritos individuais.
O Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) afirmou ao G1 que tomou conhecimento dos fatos através da Polícia Civil e que o caso está sendo apurado. Enquanto isso, porém, o médico segue com seu registro ativo. No Instagram, Klaus coleciona mais de 90 mil seguidores e publica fotos com influenciadoras que utilizaram seu trabalho.
As investigações continuam e as denúncias podem ser feitas na Delegacias da Mulher ou em qualquer outra delegacia, e pelo WhatsApp da Polícia Civil, (51) 98444-0606
Defesa do médico se manifesta
Em uma carta aberta publicada nesta sexta-feira (16) no Instagram de Klaus, sua defesa se manifestou, tentando minimizar as acusações. O texto afirma que o médico descobriu, na quinta-feira, que o número de denúncias seria muito menor do que o vinculado na mídia, e que a carta se refere aos casos de conhecimento do advogado, Gustavo Nagelstein.
O primeiro deles teria ocorrido em 2016, investigado pela polícia como estupro de vulnerável, por ter ocorrido com uma paciente ainda sedada no bloco cirúrgico do Hospital Moinhos de Vento, segundo a Folha. A defesa ressaltou a questão de terem se passado cinco anos e, por isso, não terem registros daquele dia, e afirmou que seria “impossível que um médico permaneça sozinho com uma paciente no bloco cirúrgico“.
O advogado ainda disse que, em 2016, a paciente fez uma denúncia e foi ouvida em dois momentos diferentes, mas o Delegado de Polícia encontrou divergências nos depoimentos e o caso foi “esquecido”. A segunda denúncia seria de uma ex-funcionária do médico que, segundo a defesa, se aliou com “bandidos” anos atrás para tentar extorquir Klaus. A moça teria gravado o doutor em um momento íntimo e o chantageado com as imagens.
A terceira denúncia seria “oriunda de uma paciente que fez acordo na esfera cível, decorrente de ação de danos morais e, em referido acordo, recebe valores para fazer constar no documento que os fatos não existiram e que não passaram de desentendimento”, enquanto a quarta mulher seria uma modelo e influencer que teria tentado, sem sucesso, firmar uma parceria com o cirurgião.
“Infelizmente, apenas um lado da história tornou-se público, ferindo a dignidade pessoal e prejudicando a imagem profissional do dr. Klaus Brodbeck, um dos maiores especialistas em procedimentos estéticos do país, com mais de 30 anos de trabalho honesto… Por fim e não menos importante é o fato de que todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada com a lei“, escreveu o advogado.
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