Confissão, festa e reação suspeita: Autor de livro sobre Suzane Richthofen revela episódios emblemáticos que ficaram de fora dos filmes

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Os filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou meus Pais”, lançados na Amazon Prime Video,  retratam versões diferentes sobre o assassinato do casal von Richthofen, e têm agradado boa parte do público. Ullisses Campbell, autor do livro “Suzane: assassina e manipuladora”, por sua vez, acredita que os longas deixaram a desejar.

Em publicação no jornal O Globo, o escritor afirmou que as tramas poderiam se tornar “mais densas e eletrizantes” se não ficassem presas somente às versões apresentadas por Richthofen e Daniel Cravinhos nos tribunais. De acordo com ele, os roteiros de Ilana Casoy e Raphael Montes poderiam ter dado mais espaço à apuração da polícia, assim como para os depoimentos de Andreas, irmão da condenada, e de Rinalva de Almeida Lira, empregada que limpou a cena do crime a mando de Suzane.

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Campbell apontou que, segundo relatos policiais, ao ser informada sobre a morte dos pais pelo militar Alexandre Paulino Boto, Suzane reage de forma “fria”. A cena, entretanto, foi desperdiçada dos filmes. “Segundo relato do policial, nesse momento, ela amarra o cabelo num coque, arregaça as mangas e pergunta sem derramar uma única lágrima quais providências ela deveria tomar imediatamente. O filme desperdiça essa cena importantíssima para mostrar o perfil frio da assassina”, reforçou.

Também ficou de fora das produções, a confissão de Suzane. De acordo com investigações conduzidas pela delegada Cíntia Tucunduva, após ler o depoimento em que Cravinhos admitiu ser o responsável por executar Manfred, Richthofen assumiu ter mandado assassinar os pais por ser uma “pessoa horrorosa”.

Outro episódio emblemático também foi ignorado. Campbell destacou que Suzane fez uma festa para comemorar o aniversário de 19 anos no mesmo dia em que aconteceu o enterro de Manfred e Marísia. Segundo Tucunduva, que esteve no local para coletar provas, a aniversariante recebeu os policiais vestindo apenas um biquíni, e de forma simpática. “Ela tinha um cigarro numa das mãos e uma lata de cerveja na outra. Nos recebeu no meio da festa e apresentou a cena do crime como se fosse uma guia de turismo”, lembrou a delegada, sobre a ocasião.

O Caso Richthofen

Ré confessa, Suzane von Richthofen foi condenada a 39 anos de prisão por ter planejado a morte dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen. Eles foram assassinados a pauladas no dia 31 de outubro de 2002 pelos irmãos Daniel (namorado de Suzane na época) e Cristian Cravinhos. O crime ganhou forte repercussão nacional e é um dos mais lembrados casos policiais do Brasil. Em outubro de 2015, Suzane von Richthofen obteve a progressão do regime fechado para o semiaberto.

Suzane Von Richthofen ao lado de Carla Diaz, caracterizada. (Fotos: Julio Kohl/Divulgação; Reprodução/TV Globo)

Daniel também foi condenado a 39 anos, entretanto, cumpre pena no regime aberto. Já Cristian, sentenciado a 38 anos e seis meses, estava submetido ao mesmo regime, mas, segundo o UOL, foi condenado a quatro anos de prisão em regime fechado, em outubro de 2018, por corrupção passiva, após tentar subornar policiais em abril de 2019, em Sorocaba (SP).