Quatro depiladoras da cidade de Quixadá, no interior do Ceará, denunciaram um universitário por importunação sexual durante atendimentos de depilação e em mensagens enviadas pelo WhatsApp. Segundo informações do g1, as vítimas relataram terem sido assediadas pelo mesmo homem, e uma delas chegou a registrar um boletim de ocorrência.
De acordo com o veículo, o suspeito se apresentou às profissionais como José Airton, estudante de Design Digital. Três delas chegaram a atendê-lo, entre elas Tayna Ribeiro.
Segundo a depiladora, José entrou em contato no início de fevereiro para agendar uma sessão de depilação íntima. Como ela não realiza esse tipo de serviço em homens, apenas em outras áreas do corpo, enviou a tabela de preços, mas logo desconfiou do comportamento do rapaz.
“Mandei a tabela de serviços para ele e tem o (serviço) de perna completa. Então, ele perguntou até onde ia essa perna completa, e eu já estranhei”, explicou.
O atendimento foi marcado para o dia 13 de fevereiro. No entanto, já receosa após a interação online com o universitário, Tayna pediu que alguém ficasse em um cômodo próximo enquanto realizava o procedimento em sua casa, onde trabalha.
No dia marcado, o denunciado chegou de motocicleta e, segundo Tayna, ao vê-lo descer do veículo, percebeu que ele estava ereto. “Eu pedi para ele vir de sunga, porque normalmente a sunga deixa tudo mais preso, então é menos desconfortável para mim. Quando ele desceu a calça, estava com a cueca mais frouxa do universo. Ele tinha um objetivo com isso. Até então, eu pensei que era um problema dele, aquele problema de quem não consegue controlar a ereção”, relatou.
A depiladora afirmou que, durante todo o procedimento, José Airton fez investidas constantes, insistindo em conversas obscenas e questionando se ela estava sozinha em casa ou se era casada. “Durante todo o procedimento, ele ficava tocando no assunto da ereção dele, que ele não conseguia controlar, que era muito incômodo quando ele ia fazer o íntimo por conta que ficava ‘melando’. Era a palavra que ele falava. Eu percebi que ele ficava tocando na região íntima dele, mas não era se masturbando. Ele estava querendo tirar o pênis para fora. (Em certo momento), me virei para pegar a cera e, quando voltei, ele estava sem a tolha e com o pênis pra fora. Fiquei sem chão, eu não sabia o que fazer”, contou.
Apesar da situação, Tayna concluiu a depilação das pernas do denunciado, mas o assédio continuou após o atendimento. Horas depois, José enviou mensagens mencionando novamente suas partes íntimas e a ereção. “Eu estava preparada (para brigar) se ele tentasse alguma coisa. Mas fiquei muito nervosa durante toda a sessão, rezando para acabar. O ápice foi quando ele mostrou o membro para mim. Fiquei sem chão. Hoje não atendo mais público masculino que eu não conheço”, detalhou Tayna.
Além dela, outras três mulheres relataram ter sido vítimas do universitário. Uma delas disse ter recebido fotos das partes íntimas dele pelo WhatsApp. Outra vítima, que preferiu não se identificar, contou que José tentou marcar uma sessão de depilação íntima com ela.
A profissional, que não atende homens, afirmou que ele insistiu no atendimento e chegou a enviar uma foto de seu pênis sob o pretexto de que outra depiladora havia machucado sua virilha. “Ele puxava conversa, dizia que gostaria muito de ser atendido por mim. Ele dizia para eu não ter medo, porque era a mesma coisa de fazer depilação feminina. Disse que se eu quisesse treinar, aperfeiçoar a depilação masculina nele, ele ia amar. E ficou puxando conversa pervertida. E foi quando eu cortei. Eu disse que não faço atendimento masculino justamente pela falta de respeito”, relatou.
Outras duas vítimas foram identificadas pelo g1. Uma delas preferiu não comentar o caso, mas confirmou a denúncia. A quarta depiladora relatou que a importunação ocorreu pelas redes sociais. “O negócio dele era conversar, falar sobre o órgão dele, sobre ficar muito ereto. Depois do procedimento, ele ficava perguntando se era normal (a ereção), mas eu nunca liguei. Ele parou de falar comigo”,disse Paola Oliveira.
Após as denúncias, a Polícia Civil do Ceará passou a investigar o caso de importunação sexual, que também teria ocorrido em ambiente virtual. Em 10 de março, uma das vítimas recebeu imagens do suspeito nu pelo WhatsApp, além de mensagens obscenas. Ela registrou um Boletim de Ocorrência, que está sendo apurado pela Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá. Até o momento, não houve denúncia formal dos outros casos.
Ao g1, o denunciado se manifestou por meio de nota e negou as acusações, afirmando que sempre teve um “comportamento pautado pelo respeito e pela dignidade das pessoas ao meu redor”.
Leia a íntegra da nota:
“Em nenhum momento, de forma consciente ou intencional, agi de maneira que pudesse causar qualquer tipo de desconforto ou sofrimento a qualquer indivíduo. Entendo a seriedade das acusações e o impacto que um caso como esse pode gerar tanto para a vítima quanto para a sociedade como um todo. Reforço que estou colaborando com as investigações para que a verdade dos fatos seja completamente esclarecida. Confio plenamente no sistema de justiça e estou à disposição para que todos os desdobramentos sejam tratados de forma justa e transparente”.