Anos após ser presa pela morte do marido, Elize Matsunaga teve sua liberdade condicional concedida em maio passado. Agora, ela estaria trabalhando como motorista para três aplicativos em Franca, no interior de São Paulo. Para a nova função, Elize estaria usando Araújo Giacomini, seu sobrenome de solteira. As informações são de Ulisses Campbell, jornalista e autor da biografia “Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido”.
Segundo o perfil “Mulheres Assassinas”, do escritor, Elize usa um Honda Fit para trabalhar e tem nota 4,80 dada pelos usuários do serviço, de um total de cinco estrelas. Na foto de identificação do motorista, ela aparece com o cabelo mais curto e, de acordo com relatos, usa máscara e óculos para trabalhar, o que dificultaria o reconhecimento dos clientes. Elize é bacharel em Direito, formada em contabilidade e tem curso técnico de enfermagem. Em Franca, para cumprir os 16 anos restantes da pena, ela comprou, à vista, um apartamento de dois quartos.
A exemplo de Suzane von Richthofen, sua ex-colega de prisão que também foi beneficiada com progressão de regime, Elize abriu um ateliê de costura. Enquanto Suzane comercializa sandálias customizadas, Matsunaga produz roupas para pets. Ambas participavam de oficinas de artesanato e costura no presídio, atividades voltadas à ressocialização. De acordo com a Lei de Execução Penal, cada três dias de trabalho do preso resultam em um dia a menos na pena, além da remuneração.
Para o jornal O Globo, uma fonte da prefeitura de Franca afirmou que a mulher “cumpriu pena e merece recompor sua vida, como qualquer cidadão. Por isso, não cabe à administração municipal monitorar os passos dela”.
Já Luciano Santoro, advogado de Matsunaga, não confirmou o caso, mas criticou a reação do público com a notícia. “Falamos tanto em ressocialização, em recomeçar a vida sem voltar a praticar crimes, mas como ela será possível se perseguimos e estigmatizamos aqueles que passaram pelo sistema penitenciário? E quem nos deu o martelo de juízes do outro?”, questionou.
Pelo crime, Elize havia sido condenada a 19 anos e 11 meses de prisão, mas por confessar a autoria teve sua pena reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça em 2019. Do total de 16 anos e três meses, ela cumpriu dez e teve autorização da Justiça para cumprir o restante em liberdade. Em Tremembé, Matsunaga estava ao lado de outras detentas de crimes que também chocaram o Brasil, como Anna Carolina Jatobá (madrasta de Isabella Nardoni) e Suzane von Richthofen.
Relembre o caso
Elize Matsunaga foi condenada pela morte do marido, Marcos Matsunaga, presidente do grupo Yoki. O crime aconteceu no dia 19 de maio de 2012, num duplex em que o casal morava com a filha, em São Paulo. O empresário foi morto com um tiro de pistola e teve seu corpo esquartejado em sete partes. Os resquícios do corpo foram ensacados e espalhados próximos de Cotia, na região metropolitana de São Paulo.
Em junho daquele ano, Elize teve sua prisão preventiva decretada e foi detida na Penitenciária de Tremembé. Já em dezembro de 2016, um júri popular condenou a técnica de enfermagem pelo assassinato do marido, além dos crimes de destruição e ocultação de cadáver, com um agravante da impossibilidade de defesa da vítima – visto que o tiro teria sido disparado de uma curta distância. O caso rendeu uma série documental na Netflix.