Hugo Gloss

Engenheira morre aos 29 anos após passar por cirurgias plásticas em MG; polícia investiga caso e mãe desabafa

Julia Moraes Cirurgia Morte

Júlia Moraes morreu aos 29 anos após passar por cirurgias plásticas. (Fotos: Reprodução)

Após se submeter a uma cirurgia plástica, uma engenheira civil faleceu aos 29 anos, em Belo Horizonte (MG). Júlia Moraes Ferro, natural de João Monlevade, havia passado por uma lipoaspiração na cintura e um implante de próteses nos seios. A família da jovem relatou o que aconteceu e a Polícia Civil investiga o caso.

Complicações após a intervenção

Segundo o G1, a cirurgia ocorreu no dia 8 de abril, numa clínica localizada no bairro Serra, região nobre da capital mineira. Ela foi acompanhada por uma prima médica, uma tia e o namorado. A família contou que a engenheira teria sofrido uma parada cardiorrespiratória durante o procedimento. Horas depois, Renato Nelson, cirurgião plástico que teria sido responsável pela intervenção, informou que Júlia estava bem. Entretanto, ele explicou que ela teve uma perda de consciência e precisou passar por um procedimento de reanimação.

Júlia Moraes Ferro sonhava em fazer um implante nos seios, segundo sua mãe. (Foto: Reprodução)

A mãe da engenheira, a vigilante Patrícia Moraes, disse que Júlia teve de ser transferida e internada em um hospital da cidade, onde passou por exames que não identificaram o motivo da piora em seu quadro clínico depois da cirurgia. No dia 10 de abril, enquanto estava intubada, ela precisou ser novamente transferida para outro hospital na capital “com quadro irreversível”. Após mais 11 dias de internação, veio o diagnóstico de sua morte encefálica, no dia 23 de abril.

Família recorre à justiça e registra caso na Polícia

Até hoje, Patrícia disse não ter sido contatada pela clínica em que a cirurgia da filha foi realizada. “A clínica nunca me procurou, e eu quero esclarecimentos sobre o que levou ao óbito dela”, comentou a vigilante. Diante dessa situação e na busca para entender o que aconteceu, a família entrou na justiça e o caso foi registrado na delegacia de homicídios de Belo Horizonte. De acordo com o UOL, a Polícia Civil já deu início às investigações. “Outras informações serão prestadas em momento oportuno”, informou a corporação.

A família de Júlia busca uma solução para o caso e quer descobrir o que aconteceu com a engenheira. (Foto: Reprodução)

Segundo Patrícia, Júlia era saudável e não tinha comorbidades. “No dia da cirurgia, eu perguntei se ela estava bem, se estava nervosa. Ela me pediu forças, eu dei força”, lembrou a mãe da jovem. O implante nos seios, inclusive, era um sonho da engenheira. “Ela estava com o corpo lindo, mas essas meninas cismam [de fazer plástica], relatou ela.

A mãe da engenheira também se revoltou com a maneira como o pós-operatório teria sido conduzido. “Estavam com ela a prima, que é médica, o namorado, e uma tia. Os médicos já chegaram dizendo que ela teve uma parada cardíaca, que estava passando mal no quarto, e que não queria que chamasse a tia. Minha filha jamais faria isso, essa tia é a segunda mãe dela”, afirmou Morares à rádio Itatiaia.

Patrícia Moraes, mãe de Júlia, fez um forte desabafo sobre o caso. (Foto: Reprodução)

Em um forte desabafo, Patrícia lamentou que esse grande desejo de Júlia tenha resultado nisso. “Era um sonho dela, mas que virou pesadelo”, disse a mãe. “Nunca deixaria de apoiar o sonho dela, que era colocar um silicone. Sou mãe, e muito amiga dela, mas nunca imaginei no que essa cirurgia iria se transformar”, concluiu ela.

Clínica se manifesta

Procurado pelo UOL, o médico que teria conduzido o procedimento parou de responder a equipe de reportagem ao saber o motivo do contato. A clínica, por sua vez, quebrou o silêncio sobre o assunto e afirmou que é “a principal interessada no esclarecimento de todos os fatos”. “Em casos como este, a parte médica fica em posição de extrema vulnerabilidade para demonstrar publicamente a verdade, tendo em vista que para comprovar a correta conduta seria necessário publicar dados, fornecer prontuário e exames da paciente, o que somos vedados em razão do sigilo médico”, disse em nota.

A defesa alegou que Júlia recebeu toda a assistência “tanto nos momentos pré e pós-operatórios, quanto no decorrer do procedimento”, e que a família já teria recebido o prontuário da paciente. “Durante e após a cirurgia, a paciente foi o tempo todo assistida pela equipe médica composta, inclusive, por médica anestesista, que esteve integralmente ao lado da paciente. O prontuário de Júlia foi entregue imediatamente no ato da solicitação feito pela família”, completou.

Os representantes jurídicos da clínica pontuaram que, “até o momento, não há nenhum indício de má conduta médica”, e que estão na expectativa da “conclusão do laudo necropsial do Instituto Médico Legal”. “O cirurgião responsável pelo procedimento é habilitado, tendo cumprido todas as etapas de formação, e possui registro junto ao CRM-MG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais) e título de especialista em Cirurgia Plástica”, reforçou o texto.

Conselho Regional de Medicina apura o caso

O CRM-MG também está por dentro do episódio e informou que “iniciará os procedimentos necessários” para investigar o que aconteceu. “Todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no CPEP (Código de Processo Ético Profissional), tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório”, disse o órgão. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também confirmou que o profissional responsável é habilitado, e contou que “está acompanhando as apurações pelos órgãos competentes”, zelando pela transparência das informações.

Homenagens

Júlia se formou no curso de Engenharia da Universidade do Estado de Minas Gerais, no campus de João Monlevade. A instituição se compadeceu com a notícia e expressou seu pesar nas redes sociais. “A equipe gestora, funcionários e alunos da UEMG Unidade João Monlevade manifestam seu profundo pesar pelo falecimento de Júlia Moraes, ex-aluna do curso de Engenharia Civil, ocorrido no dia 22 de abril de 2022. Nesse momento de dor, toda a comunidade acadêmica presta sinceras condolências aos amigos e familiares por essa inestimável perda”, disse a nota.

A professora Fabrícia Jesus também lamentou a notícia em entrevista ao UOL. “Júlia era muito educada, meiga, de uma beleza física como também interna muito grande. A gente sabia que ela estava trabalhando, buscando sua colocação profissional na área de formação dela”, afirmou a docente. Júlia trabalhava em uma empreiteira da mineradora Vale, na cidade de Santa Bárbara (MG).

Com a confirmação da morte encefálica, a família de Júlia optou pela doação dos órgãos da jovem, na esperança de contribuir com outras vidas. A despedida da engenheira foi realizada em uma cerimônia para os familiares e amigos próximos. Deixamos nossos sentimentos e o desejo de muita força nesse momento tão difícil…

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