Roseana Murray recebeu alta, nesta quinta-feira (18), do Hospital Estadual Alberto Torres, localizado em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A escritora ficou internada por 13 dias após ser atacada por três cães da raça pitbull, e precisou amputar o braço direito e uma das orelhas. Ao deixar a unidade de saúde, ela foi homenageada e aplaudida pela equipe.
Ainda no hospital, Roseana concedeu entrevista ao vivo ao RJTV, da TV Globo, e refletiu sobre como deverá ser a sua vida após o ocorrido. “Bom, para começar, eu tenho que aprender a escrever com a mão esquerda. Isso, para mim, é o mais importante. Eu vou ter que aprender muitas coisas, vou ser aluna de novo“, disse a escritora.
O filho e a irmã dela também estavam presentes no momento da alta. Roseana explicou por que decidiu recusar a ida de ambulância para casa. “Meu filho é roqueiro, ele dá ‘canjas’ em umas bandas lá em Visconde de Mauá, e a gente vai ouvindo rock!“, revelou ela, aos risos. Coincidentemente, a data da alta também marca o Dia Nacional do Livro Infantil. A escritora, por sua vez, já publicou mais de 100 deles. Assista:
Roseana Murray recebe alta após 13 dias internada pic.twitter.com/U0WSGDNeg9
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) April 18, 2024
Em outro momento da reportagem, Roseana disse que está em um “super capítulo”. “Minha vida foi, assim, uma folha que ficou ao vento e foi quase lá, mas veio pra cá. Estou valorizando cada momento“, declarou ela, que também elogiou a unidade do SUS (Sistema Único de Saúde). “Posso falar desse hospital? Foi uma das coisas mais importantes da minha vida. Fiquei internada em bons hospitais, tive muitas cirurgias na minha vida. Nunca tinha sido internada em hospital do SUS e, realmente, eu nunca tinha conhecido nada igual, nada, em matéria de amor, carinho, organização. Tudo está acoplado em alguma coisa, parece uma imensa colmeia, então, eu estou me sentindo uma abelha rainha!“, descreveu.
A equipe médica fez questão de homenagear a escritora. Os funcionários vestiram uma camiseta com a foto de Roseana e a frase: “Lute como uma poeta”. “Era uma grande quantidade de lesões. Acho que o pensamento positivo dela fez toda a diferença. A gente vai acompanhá-la pelo menos, semanalmente, aqui no hospital“, informou o cirurgião plástico Thiago Glenn.
A família também destacou a positividade da autora. “Acho que não tem nenhuma palavra no dicionário que possa traduzir tanta emoção. A força dela é inimaginável“, disse Evelyn Klingerman, irmã de Roseana. Ao deixar o quarto do hospital, ela foi aplaudida pela equipe. Confira:
Depois de 13 dias internada, a escritora Roseana Murray, de 73 anos, teve alta do hospital nesta quinta-feira (18). Ela ainda se recupera de um ataque de pitbulls que aconteceu em Saquarema, no RJ, enquanto caminhava. Ela perdeu um braço e uma das orelhas. Durante a internação,… pic.twitter.com/WsZAvSFeMZ
— GloboNews (@GloboNews) April 18, 2024
O caso
Roseana foi atacada no dia 5 de abril enquanto fazia uma caminhada perto de sua casa, em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O ultramaratonista Eduardo Neves, que treinava na praia, foi quem salvou a escritora dos cachorros. Ela teve graves ferimentos e foi levada de helicóptero para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. O estado de saúde era considerado muito grave.
O caso foi registrado na 124ª DP, em Saquarema, e segue investigado pelas autoridades. Os tutores dos cachorros foram presos em flagrante por maus-tratos, mas foram liberados no dia 11 de abril e vão responder em liberdade. Os pitbulls eram dois machos e uma fêmea, entre cinco meses e um ano de idade, e estão em um canil da prefeitura.
Murray teve o braço direito amputado, o esquerdo precisou ser reconstituído e a escritora também perdeu uma das orelhas. Em entrevista ao “Fantástico”, Roseana, que já escreveu mais de 100 livros de poesia e foi premiada pela Academia Brasileira de Letras para literatura infantil, disse querer voltar a produzir textos após o episódio. A autora também escreveu um poema durante o período em que esteve internada. Veja:
“Um anjo varreu a tristeza da casa.
Com suas asas feitas
de alguma coisa que não conhecemos.
Varreu como varrem ruas e praças.
Juntou tudo em suas mãos,
soprou, soprou, soprou.”
