A família do pequeno Ravi Cunha, recém-nascido sequestrado em uma maternidade do Rio de Janeiro, deu um depoimento emocionante após a volta do bebê para casa. No “Fantástico” deste domingo (5), os pais e a avó de Ravi detalharam o dia do sequestro, e falaram sobre as horas de angustia até ele ser encontrado. O dominical também divulgou novas imagens da mulher que levou a criança horas antes na maternidade onde tudo aconteceu.
Ravi foi sequestrado na madrugada da última quarta-feira (1º). Na ocasião, câmeras de segurança capturaram o momento em que Cauane Malaquias da Costa, de 19 anos, saía pela porta da frente da Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda com a criança. Uma força-tarefa da Polícia Civil e da Polícia Militar encontrou Cauane e Ravi seis horas depois. O avô do menino recebeu a notícia e o momento foi registrado pela imprensa.
Nívea Rabelo, mãe do bebê, ficou mais de 24 horas em trabalho de parto. “Meu sonho era ter um parto natural, pesquisamos a Maria Amélia, ela é referência no Rio de Janeiro“, explicou. Ravi nasceu no dia 31 de outubro e foi levado após ela e a sogra, Patrícia Cunha, cochilarem por apenas meia hora. “Eu lembro que 1h45, eu levantei, eu olhei para o bercinho dele e já estava vazio“, contou a mãe de Ravi.
“É direito da minha nora cochilar dentro de uma instituição que nos promete segurança, promete a vida vindo ao mundo, e ser roubado de nós”, lamentou Patrícia. “Uma mãe não deveria viver isso, ninguém. Foram seis horas procurando em lixeiras, no canto do banheiro, imaginando o pior“, relembrou.
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Matheus Cunha, pai do bebê, narrou o desespero da mulher quando o filho foi levado. “Ela falava: ‘Matheus, ainda estou amamentando, nem sei amamentar. Tiraram o Ravi de mim“, contou. Aos prantos, Nívia disse que não ficou com raiva da sequestradora. “Eu nem fiquei com raiva dessa menina, mas eu falei assim: ‘Poxa, só devolve‘”, comentou.
A volta para casa
Com o recém-nascido resgatado pela polícia e já em casa, Rabelo disse que não vai desgrudar do filho. “Vou dar muito colo mesmo“, brincou. “Ele é nosso milagre, nossa alegria. O Ravi veio pra iluminar“, afirmou Matheus. “Porque o significado do nome dele é o sol“, completou Nívea. “Eu só quero que ele fique comigo, que o cheiro dele fique comigo. É só isso que a gente quer, bem pertinho“, acrescentou.
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Matheus também se emocionou ao falar do pequeno. “Quando eu peguei o Ravi foi uma sensação que eu nunca senti, foi algo que… Porque o Ravi nasceu duas vezes“, finalizou.
Cauane inventou gravidez e sequestrou bebê para segurar relacionamento
O dominical exibiu imagens inéditas de Cauane da Costa chegando na maternidade. Para o delegado Mario Andrade, a ação foi premeditada. “Ela chega por volta de 11h40 da manhã, fica do lado de fora da maternidade durante mais ou menos uma hora, uma hora e meia. Ela entra, coloca o celular para carregar, sai, vai no bebedouro, enche a garrafinha de água e ela fica observando o tempo todo a recepção com o intuito de entrar sem ser identificada“, explicou.
“Como ela viu a dificuldade nesse sentido, ela não teve outra alternativa a não ser fazer a identificação“, acrescentou. Para polícia, ela contou que uma conhecida estava internada na instituição e conseguiu entrar com a desculpa de que faria uma visita. Ela ficou dentro da unidade por doze horas. A polícia localizou Malaquias na casa onde ela mora, na comunidade do Borel, Zona Norte do Rio. Ravi estava em um bebê conforto e com uma roupa diferente de quando foi levado. Na ocasião, a mulher afirmou aos policiais que o menino era seu filho. Assista às imagens inéditas:
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Em depoimento para a polícia, a mãe de Cauane contou que a filha disse que estava grávida no início deste ano. No entanto, ela não notou mudanças físicas com o passar do tempo. Cauane, então, disse para a mãe “que a barriga não crescia, pois [a criança] estava localizada na altura do quadril“, e que iria se internar em 30 de outubro na maternidade em que Ravi nasceu para ter o filho.
Aos investigadores, Cauane, que já é mãe de uma menina, disse que inventou a gravidez para manter um relacionamento e por isso ela sequestrou o bebê. “Eu obtive informações da própria rede social dela. Tem um nome e um coraçãozinho vermelho, com o nome da filha dela do lado, e embaixo já havia um coração azul com o nome de um menino. Tudo indica que isso daí seja o nome que ela gostaria que essa criança tivesse recebendo“, revelou o delegado. No print divulgado pelo “Fantástico”, é possível ver o nome Leonan Miguel ao lado do coração.
Cauane Malaquias da Costa está presa e vai responder pelo crime de subtração de menores. A pena pode chegar a seis anos. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro disse que “está analisando todo o sistema de câmeras de monitoramento e vai aguardar o avanço da investigação para determinar onde pode evoluir no sistema de segurança“. O hospital se comprometeu a dar assistência psicológica para Nívea.
“[Ela] passou por vários funcionários, posto de enfermagem e ninguém viu, desconfiou, percebeu. Ninguém perguntou: ‘O que você está fazendo? Onde você vai?’“, desabafou a avó do menino. Por fim, Patrícia ainda pediu por “justiça” e “mudança” no caso de Ravi. “Porque meu neto apareceu, a gente comemora, mas a gente poderia está chorando também, como muitas mães estão chorando até hoje“, lamentou. Assista à entrevista na íntegra: