A festa de formatura do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, terminou em confusão na noite desta segunda-feira (18). Uma aluna da instituição ficou responsável pelo dinheiro arrecadado para a confraternização dos jovens do 3º ano do Ensino Médio, porém alegou ter perdido a quantia de R$ 19 mil.
A estudante de 19 anos, identificada como Letícia, foi mantida dentro do colégio após os demais alunos e seus pais chegarem ao local de ensino. Com o tumulto criado, a direção solicitou a presença de uma viatura da Polícia Militar para que a menina fosse escoltada até a delegacia, acompanhada de servidores do colégio. O caso foi registrado na 22ª DP, na Penha, mesmo lugar onde os responsáveis fizeram queixa.
O momento foi gravado pelo portal Voz das Comunidades, que fez a cobertura completa ainda no local. Ao fundo, é possível escutar as pessoas que estavam por lá chamar a aluna de caloteira, aos gritos. Assista:
Depois de 15 minutos da chegada dos policiais, eles tiveram que retirar a estudante pelo estacionamento, onde montaram uma barreira com as viaturas. A estudante foi levada para a 22ª DP, na Penha. pic.twitter.com/GXW6pDzgYc
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A festa estava prevista para acontecer nesta terça-feira (19), em uma casa de eventos em Vista Alegre (RJ). Desde o começo do segundo semestre deste ano, a turma estava realizando depósitos e transferências para a conta da estudante, que totalizaram R$ 21 mil arrecadados. Letícia afirmou ter sacado R$ 1,8 mil para dar entrada no pagamento há alguns meses. Agora, ela disse que foi ao banco na segunda para retirar o valor restante, colocou-o na bolsa e foi ao supermercado. Mas, quando se deu conta, o dinheiro não estava mais lá.
“Foi lá no meio de julho, a gente começou a decidir essa formatura. Ela chegou com essa proposta de fazer em um salão, fazer a formatura por fora da escola”, contou o estudante Felipe Oliveira. Outros adolescentes deram detalhes da proposta. “Ela ofereceu a formatura em um salão de nome aqui da Penha e todo mundo se interessou porque é uma coisa nova, melhor para os nossos parentes, entendeu?”, destacou Lucas Silva.
“Ela fez um orçamento, foi no salão, explicou para a gente como seria, que cada um teria que convidar cinco pessoas, e se você não conseguisse ter cinco pessoas, você teria que dar sua vaga”, acrescentou a jovem Kesia Cunha. A descoberta de que a casa de eventos não tinha recebido o pagamento veio de uma conversa com o dono do estabelecimento.
“Fomos pro salão, estavam os dois donos lá, sentamos para conversar. Mostraram a conversa, mostraram o áudio, mostraram tudo. E ela falou que pagou. Depois que mostraram toda a verdade, ela falou: ‘Eu perdi. Saquei R$ 19 mil e perdi’. Como é que perde R$ 19 mil? É um bolo de dinheiro”, revoltou-se a estudante Karen Menezes.
Surpresa para a escola
De acordo com a diretora do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, chamada Edna, a formatura oficial aconteceu normalmente na última sexta-feira (15). “A escola não tem nada a ver com isso. Isso foi algo a parte que eles fizeram”, declarou ela. A professora Maria Celeste Veras também se pronunciou sobre o caso.
“Nós fomos pegas de surpresa. A diretora-geral nada sabia sobre isso, eu não sabia. Eu sou agente de pessoal da escola e não sabia de nada. Não teve nenhuma participação oficial, então era um acordo de aluno para aluno. Houve também uma negligência dos responsáveis, que confiaram em uma aluna sem ter o respaldo de uma forma mais criteriosa em dar dinheiro para uma aluna fazer uma formatura”, afirmou.
Durante a entrevista de um aluno, a diretora Edna interrompeu para defender a escola, alegando que a festa de formatura que seria realizada fora da escola e que não era de responsabilidade do colégio pic.twitter.com/NwhgrOEAYV
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Em nota, a Secretaria Estadual de Educação confirmou que a formatura oficial aconteceu nas dependências do colégio, de forma totalmente gratuita, como ocorre todos os anos. “A Seeduc reforça, mais uma vez, que o evento não tem relação com a unidade, nem com seus funcionários, e foi realizado de forma totalmente voluntária por iniciativa dos estudantes. A secretaria trabalha pela cultura de paz nas escolas e espera que o caso seja resolvido da melhor maneira possível”, informou.
A Polícia Civil instaurou um inquérito e comunicou estar fazendo diligências e ouvindo depoimentos dos envolvidos.
Alunos fazem vaquinha
Diante do problema, os alunos do 3º ano do ensino médio criaram uma vaquinha virtual para arrecadar o valor de R$ 19 mil. “Como foi divulgado, ficou um débito de R$19.000,00 e infelizmente não temos como pagar, e nem seremos reembolsados do valor que já pagamos. Contudo, a gente viu através da vaquinha uma forma de tentar realizar esse nosso sonho e pedimos que de alguma forma, nos ajudem fazendo parte disto!”, diz o texto. Até o momento, eles já levantaram o valor de 6 mil reais. As doações podem ser feitas, clicando aqui.