Depois de mais de um ano de investigações, a polícia descobriu os mais diversos tipos de acusações contra a deputada federal Flordelis e, aos poucos, elas estão sendo divulgadas. Nesta quinta-feira (03), o jornal ‘Extra’ obteve acesso ao depoimento de uma das testemunhas, que afirmou que a pastora costumava atrair fiéis para sua casa para manter relações sexuais com ela.
Um homem de 48 anos, morador da favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) sobre o período em que era frequentador do Ministério Flordelis e fez novas relações sobre a vida “secreta” da parlamentar.
De acordo com seus depoimentos, ele era “obreiro” da igreja, na época em que ela funcionava no bairro do Rocha, na Zona Norte, e também frequentava a casa da família. Flordelis e Anderson já eram casados neste período. O fiel contou que, depois de um tempo convivendo com a família, passou a perceber o que chamou de “atividade incomum”.
Ele, então, descreveu ocasiões nas quais “pessoas que frequentavam os cultos eram atraídas para a casa” para se relacionar sexualmente com a pastora. Como exemplo, ele citou um casal, afirmando que o homem havia feito sexo com Flordelis. “O próprio declarante acredita ter sido atraído inicialmente com esse propósito”, diz o depoimento obtido pelo Extra.
O homem relatou que foi seduzido pela parlamentar em duas ocasiões, embora tenha negado que manteve relações sexuais com ela. Em uma das vezes, durante uma viagem para uma reunião de pastores, ele afirmou que foi convencido por Anderson a ficar no mesmo quarto que Flordelis. Em seu depoimento, a testemunha disse que a pastora se “insinuou sutilmente para ele”.
A outra situação teria ocorrido durante um retiro espiritual, no qual Flordelis afirmou que teve uma visão de que ele amava mais sua própria mulher do que ela o amava. O fiel relatou que, a partir de então, começou a se afastar da família. Em sua declaração, ele ainda deu mais detalhes sobre a personalidade da deputada federal.
De acordo com a testemunha, a parlamentar sempre deixava claro que era o “centro das honras da família”, que deveria ser venerada, e que suas ordens deveriam ser respeitadas. “Ela dizia que exigia respeito de todos, inclusive de Anderson, sendo que, caso fosse desrespeitada, bateria em quem quer que fosse”, descreveu o homem à polícia.
Ele ainda contou sobre uma ocasião em que teria presenciado uma reunião na qual foi colocado em pauta, de forma muito sutil, um plano para “eliminar” um pastor que estaria atrapalhando a igreja dela. No entanto, ele não fala se algo chegou a ser executado.
No fim de seu depoimento, o morador do Jacarezinho ainda destacou que a percepção que tem atualmente é a de que Flordelis e sua família participam de uma seita, que só tem fachada de congregação religiosa, mas não é nada parecida com “aquilo escrito na Bíblia”. Ele ainda disse ter certeza de que “as práticas dessa família são de envolver e manipular psicologicamente as pessoas mais próximas”.
Segundo o “Extra”, ele ainda relatou situações já de conhecimento da delegacia, como o tratamento desigual entre os filhos e a existência de um núcleo na casa que era mais próximo de Flordelis. Ele também afirmou que, quando frequentava a casa, soube que Anderson realmente namorou Simone, uma das filhas biológicas da pastora.
Procurada pelo jornal, Flordelis negou as acusações feitas pela testemunha de que atrairia fieis para ter relações sexuais com ela. “Que ele prove isso. É mentira. Isso nunca existiu”, declarou, simplesmente.
Entenda o Caso
Um ano e dois meses após a morte do pastor Anderson do Carmo, as investigações concluíram que a viúva dele, a deputada federal Flordelis, foi a mandante do assassinato. Na segunda-feira (24), equipes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) e do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro cumpriram 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada, filhos e neta do casal e outros familiares.
Segundo a denúncia, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime. A parlamentar também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada. Ela foi indiciada pelo crime de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada.
No entanto, como tem imunidade parlamentar, a pastora não será presa agora. O processo de cassação de seu cargo já está em andamento. Na próxima semana, o planejamento do presidente da câmara, Rodrigo Maia, é reunir os líderes partidários e a mesa diretora para definir o que fazer. Após o Conselho de Ética analisar a situação, o caso vai para votação no Plenário da Câmara e, então, com a maioria de votos, 257, ela pode ser cassada.
Por enquanto, outras pessoas já foram levadas pela polícia: Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva do casal, Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica, André Luiz de Oliveira, filho adotivo, Carlos Ubiraci Francisco Silva, filho adotivo, Adriano dos Santos, filho biológico, Rayane dos Santos Oliveira, neta, o ex-PM Marcos Siqueira e a esposa dele, Andreia Santos Maia. Saiba todos os detalhes, clicando aqui.