Bruna Muratori, mulher que está morando no McDonald’s do Leblon, no Rio de Janeiro, junto com sua mãe, falou pela primeira vez sobre o caso. No podcast “Fala Guerreiro!” desta quinta-feira (2), ela explicou que foi para a lanchonete devido a uma questão pessoal. A gaúcha disse, ainda, que elas fazem suas higienes normalmente e descreveu a rotina agitada, especialmente após o ocorrido virar notícia na mídia.
“Não era pra ter acontecido isso, essa repercussão, essas matérias, histórias. A gente estava, simplesmente, resolvendo uma situação que eu não via como problema. Porque é bem comum em outros países isso acontecer, na Europa, Estados Unidos. O pessoal faz isso”, disse Bruna. Ela também contou quando o tumulto em frente à loja de fast food se intensificou. “E aí, do nada, um jornalista publicou a matéria sem autorização e no dia estavam uns 50 jornalistas filmando, de site, blogueira. Na lateral toda e na frente do Mc Donald’s. Eu só sei que não era pra acontecer isso, mas aconteceu”, explicou.
Muratori também esclareceu que ela e sua mãe, Susane Paula Muratori Geremia, de 64 anos, não estão morando no McDonald’s há três meses, como tem sido noticiado. “Não é aquele tempo que falam. É no máximo um mês. Não tem nem como, até porque eu estava trabalhando, estava em outro lugar. Então, assim, impossível. Isso é fora da realidade”, esclareceu. Em seguida, Rafa de Martins quis saber como é morar na lanchonete.
“Como é que é a rotina de vocês? Vocês estão lá para poder fazer um período de transição?”, perguntou o apresentador. “É maneiro, é bom, come bem. Pra quem é viciado em café, é o melhor que tem. Sério mesmo. É como eu estava dizendo, não é um problema. Virou um problema quando virou matéria. E uma matéria de qualquer jeito. Era uma situação básica na nossa opinião: ‘A gente vai resolver aqui, vai talvez umas semanas, mas é resolver, virar a página e acabou isso na sua vida’. Só que não acabou, né? Virou uma sensação”, respondeu Bruna.
Ela, então, falou sobre os cuidados com a higiene pessoal e como elas estão se mantendo. “Então, eu estava trabalhando. Tem o meu pai, que sempre ajudou financeiramente, tem do meu trabalho, que eu sempre guardei dinheiro. Eu pedi pra me afastar por conta da situação. Não dava certo, era cansativo (…) Questão de banho, outra coisa que estão atrasados, né, gente? Todo estrangeiro paga hostel, hotel, flat pra tomar banho. Tem uns shoppings que disponibilizam, às vezes, também. A pessoa só tem que pesquisar, rola isso”, explicou. “Ultimamente eu estou tomando banho na casa da minha amiga. Eu tenho amizades, né? Então eu tomo banho na casa dela. Melhor do que ficar pagando. [Minha mãe] também toma banho lá ou na casa de uma amiga dela”, acrescentou Bruna.
Rotina e mudança
“Como é que vocês dormem? Tem uma mesa que é de vocês, privativa? Porque vocês estão sempre naquela mesa estratégica”, questionou Rafa. “A gente cochila. A gente já ficou lá em cima, mas as malas são muito pesadas pra subir e a gente não vai ficar pedindo pros meninos ali. Já teve gente que sentou ali, a gente esperou sair. Eu acho que é mais um ponto estratégico pra não atrapalhar o local de saída e entrada”, contou Muratori. A gaúcha, então, explicou o que ela e mãe fazem quando a lanchonete fecha, às 5h.
“A gente sai dali e aguarda, porque eles fazem uma limpeza geral. É super tranquilo, trocam a equipe. A gente optou [por ficar do lado de fora]. A gente chegou a ficar em outros lugares. [Mas] não é perigoso, pelo menos pra gente”, descreveu. Na sequência, Bruna – que é natural de Porto Alegre – contou que foi ela quem teve a ideia de se mudar para o Rio de Janeiro.
“Foi minha, embora minha mãe tenha dado uma ideia na época. Meu pai já estava morando fora do país. Na verdade, a gente ia para Paris, porque eu tive um convite pra ser modelo, em uma agência muito boa. Então, assim, eu já queria ser policial, mas eu ficava: ‘Ah, acho que eu vou fazer, ganha um dinheiro. Então tudo bem’. A gente veio pro Rio antes, e acabou ficando e começou a desfocar. E aí eu comecei a não querer mais ser modelo, você vai ficando mais velha e eu desisti da história”, revelou ela.
Do sonho ao pesadelo
“Como que o sonho de morar no Rio de Janeiro, uma cidade maravilhosa, começou a se tornar um pesadelo e virar uma bola de neve de problemas?”, quis saber o outro apresentador, Rômulo Brito. “Eu penso que problema todo mundo tem. Tanto que essa situação [que eu estou passando], eu via como uma situação e não um problema. Pra mim, isso estava normal, eu não vejo como pesadelo. Eu sempre trabalhei. Até então eu estava trabalhando, eu decidi me afastar. Era só questão de arranjar uma quitinete, um apartamento de um quarto, coisa simples pra mim”, refletiu Bruna.
Funcionários se incomodaram?
De acordo com a gaúcha, a presença dela e da mãe no Mc Donald’s “nunca incomodou” os funcionários da unidade. “Incomodou a fofoca, porque a gente escutava e eles também. Eles mesmo falavam: ‘Por que que estão se metendo na vida de vocês? As pessoas não têm nada a ver com isso. Vocês são clientes, vocês consomem, vocês estão se sentindo bem e seguras aqui com a gente. Então vocês podem ficar aqui’. A gente achava meio ridículo, mas nunca incomodou eles, de fato”, pontuou Muratori.
Ela acrescentou que também não houve estranhamento por parte dos trabalhadores quando começou a ficar por lá. “Não deram a mínima, continuaram fazendo o trabalho deles. Não falavam, nem olhavam. É um trabalho intenso”, recordou.
Ação de despejo
Em outro momento, Rafa e Rômulo questionaram se Bruna realmente responde por quatro ações de despejo, ao que ela negou. “Não estou respondendo nada. Não tenho nada, e as coisas que eu tive [de problema] estão todas arquivadas. As pessoas abrem muito o olho porque meu pai mora fora do país, e ele tem uma vida normal, trabalha normal. Então, assim, ele me ajuda, mas eu tenho também meu dinheiro. Não é isso que todo mundo acha”, esclareceu.
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