Mais consequências estão aparecendo para a empresa Estúdios Flow e para o Flow Podcast, após o episódio desta segunda-feira (7). Na ocasião, Bruno Aiub, o Monark, defendeu a existência de um partido nazista ao vivo, durante o programa. Hoje (8), Igor Coelho, o outro apresentador do podcast, explicou em detalhes como vai acontecer o desligamento de Monark da empresa.
“Eu preciso reafirmar pra vocês que o Monark está sendo desligado dos Estúdios Flow. Vocês sabem que ele é meu sócio, com 50% do Flow, a gente tinha meio a meio. O que vai acontecer aqui é que eu vou comprar a metade dele. Porque eu não acredito que seja justo que ele tenha me ajudado a construir nos últimos anos e abra mão de tudo isso”, disse.
Ele continuou, explicando que o processo é longo e envolve questões jurídicas, mas que o estúdio vai seguir em funcionamento: “Existem os trâmites legais, os advogados, os contadores precisam retificar as coisas da empresa. Esse é o último programa do Monark aqui comigo. A gente vai continuar fazendo programas aqui, os programas da casa vão continuar e essa é uma decisão que foi tomada em conjunto com o Monark. Porque existem muitas outras coisas, diretamente mais de 80 pessoas dependem do Flow, sem contar ações sociais e novos projetos”.
“A gente percebeu o que se tornou tudo isso, a gente entendeu a gravidade do problema, a gente se incomodou com o problema e decidimos desligar o Monark para que as pessoas que trabalham aqui não sofram com isso. Para que os outros programas da casa também não sofram com isso. Então vai continuar!”, explicou.
Monark estava presente e também se manifestou sobre as consequências que tem encarado. “O Flow precisa transcender o Monark, ele precisa ser desassociado e a gente acha que esse é o melhor caminho. Eu vou ter minhas paradas, vou continuar produzindo no meu canto, a gente vai ter um acordo de compra, de ressarcimento. Infelizmente eu errei na forma de me comunicar e muita gente entendeu como se eu tivesse defendendo algo que eu sou contra. É melhor eu assumir minha culpa e é isso que está acontecendo”, afirmou.
O episódio de hoje contou com a participação especial do professor e cientista político André Lajst, que conversou com os apresentadores sobre o holocausto e explicou como a fala de Monark foi “ofensiva e grave”. Assista ao episódio completo:
PGR se manifesta e aponta investigações
A procuradoria-geral da República afirmou hoje (8) que vai apurar se Monark e o deputado federal Kim Kataguiri cometeram crime de apologia ao nazismo.
Segundo o G1, o material enviado pelo procurador Augusto Aras ao Ministério Público Federal contém representações do episódio em que Monark sugere a “legalidade de um partido nazista no Brasil”. Já Kim Kataguiri será investigado, pois, ao ser questionado, afirmou que a “Alemanha errou ao ter criminalizado o partido nazista”.
Agora, o caso será analisado pela assessoria criminal do procurador, já que Kim tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). Após a decisão, o deputado se manifestou e criticou Augusto Aras, afirmando que ele “faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram”.
“É aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido. Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz. Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente – e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao Governo Bolsonaro. É um contrassenso”, disse.
Além de se defender das acusações, Kataguiri afirmou que pretende colaborar com as investigações: “Meu discurso foi absolutamente anti-nazista. Não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que as atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente. Ao contrário das pessoas privilegiadas pela inércia de Aras, nada tenho a esconder”.
Famosos solicitam retiradas de episódios
Após a repercussão negativa da fala de Monark, vários famosos solicitaram que as entrevistas que deram ao podcast sejam retiradas do ar imediatamente. Entre os mais de 30 nomes estão: Dan Stulbach, Tico Santa Cruz, Gabriela Prioli, Benjamin Back, Lucas Silveira, MV Bill, João Gordo e Diogo Defante.
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro também rompeu o contrato com o canal de streaming Flow Sport Club e cancelou a transmissão de 16 partidas do Campeonato Carioca de 2022. “A FERJ, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”.
Assista à fala do apresentador:
https://www.youtube.com/watch?v=x7WTUMNpn5I&t=34s