Dez policiais penais foram afastados da Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, em cumprimento a uma decisão judicial. Eles são investigados por suspeita de agressão ao ex-jogador de basquete Igor Eduardo Cabral, preso por tentativa de feminicídio ao desferir 61 socos contra a então namorada, Juliana Soares.
O afastamento dos policiais foi confirmado nesta quarta-feira (19), e o processo corre em segredo de justiça. Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), os servidores foram relocados para o Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró, diante da “incontestável necessidade do serviço público”.
“A Seap reafirma que colabora integralmente para a elucidação dos fatos e que todas as providências necessárias e determinadas pelos órgãos e autoridades estão sendo cumpridas”, informou o órgão, em nota.
Igor denunciou as agressões no início de agosto, após ser transferido para o presídio. Ele relatou que foi colocado sozinho em uma cela, algemado e nu, e agredido por policiais penais. O réu também disse que as autoridades deram murros, chutes e cotoveladas, além de terem usado spray de pimenta contra ele.
Conforme o ex-atleta, os policiais teriam dito que ele “chegou no inferno” e ameaçado envenenar sua refeição. Na denúncia, ele ainda alegou que teria recebido um lençol e a orientação para “se matar”.
Igor foi levado à delegacia de plantão para registrar um boletim de ocorrência. Na sequência, a secretaria confirmou ter recebido a denúncia e declarou que estava averiguando os fatos.
Relembre o caso
A agressão contra a estudante Juliana Soares, de 35 anos, ocorreu no dia 26 de julho, dentro do elevador de um condomínio em Natal. As câmeras de segurança registraram o momento em que o ex-namorado dela, Igor, desferiu 61 socos em apenas 34 segundos. A violência deixou consequências graves: três fraturas na região do olho direito, uma fratura extensa abaixo do nariz, outras menores na maçã do rosto e a mandíbula quebrada.
De acordo com as investigações, a motivação teria sido uma crise de ciúmes do agressor. Em entrevista ao “Fantástico”, Juliana contou que decidiu permanecer dentro do elevador justamente para garantir que as câmeras registrassem a cena. “Ele foi até o elevador em que eu estava para tentar me convencer a sair. Mas eu não saí, porque sabia que, se saísse, não haveria câmeras para registrar o que acontecesse. Ele disse que eu ia morrer e começou a me agredir. Do décimo sexto andar até o térreo, ele me esmurrava sem parar”, narrou.
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou Igor por tentativa de feminicídio, encaminhando o caso ao Ministério Público. O órgão reforçou a necessidade de manter a prisão preventiva, alegando “gravidade dos fatos, periculosidade do indiciado e necessidade de proteção à integridade física e psicológica da vítima”.
Em nota, a defesa do ex-jogador admitiu o ataque, mas atribuiu o episódio a um “contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional”. “Lamento profundamente que minha conduta, influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional, tenha contribuído para essa situação. Embora as circunstâncias ainda estejam sendo apuradas, sinto a necessidade sincera de expressar meu pedido de perdão a todos que, de alguma forma, foram afetados”, declarou.

