Mário Frias, secretário especial da Cultura, perdeu a paciência nesta sexta-feira (18), durante uma entrevista no programa “Morning Show”, da Jovem Pan. O integrante do governo Bolsonaro ficou irritado e se enrolou nas respostas ao ser questionado sobre gastos excessivos de uma viagem a Nova York, sobre o corte de valores da Lei Rouanet, e sobre a nomeação da noiva de um deputado a um cargo público.
Em dezembro do ano passado, Mário Frias foi a Nova York para um encontro com Renzo Gracie, lutador de jiu-jitsu, acompanhado do secretário especial adjunto da Cultura, Hélio Ferraz. Segundo o Portal da Transparência, o custo da viagem foi de R$ 78,2 mil aos cofres públicos. Contudo, Frias alegou ter dividido quarto com seu colega de comitiva para diminuir as despesas.
Diante dos fatos, o jornalista Guga Noblat perguntou se o encontro não poderia ter sido realizado de forma virtual, e quis saber se Frias devolveu o dinheiro supostamente economizado. Logo de cara, o secretário retrucou: “Eu queria pegar você 30 anos atrás, o que você ia falar da roubalheira que você defende”. Mário insistiu que o valor pago não foi alto. “Não tem nenhum gasto excessivo e não vou ficar aqui discutindo com você”, afirmou. Por fim, o representante da Cultura atacou o jornalista: “Guga, é como eu te falei: você não tem moral. Não sei quem é você, na verdade, você só é um garoto com cara de Cascão”.
Sabe o Mario Frias?
Aquele que bate forte na internet?
Que ronca horrores nas redes sociais?
Vejam a resposta dele quando confrontado sobre as mamatas da viagem.
Você foi tudo, Cascão @GugaNoblat. pic.twitter.com/2mtPZxe6e0
— jairme (@jairmearrependi) February 18, 2022
Nomeação de noiva de deputado
Num outro momento da conversa, a nomeação de Lais Sant’Anna Soares, noiva do deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), veio à tona. De acordo com a Folha de São Paulo, a parceira do parlamentar foi indicada para o cargo de coordenadora de inovação no Departamento de Empreendedorismo Cultural. Jordy, por sua vez, é aliado do governo federal. Quando questionado sobre isso, Mário Frias reagiu com ironia e admitiu a nomeação.
“Você preferia que eu tivesse proximidade com a esposa do Lula?”, rebateu Frias, dizendo não ver problema nessa situação em que a família do aliado é favorecida. “É um cargo comissionado, um DAS 3, a menina preenche todos os currículos e é do grupo político, tá aqui trabalhando com a gente”, continuou o secretário. O entrevistador levantou preocupações sobre os critérios para a escolha, quando recebeu mais uma resposta afiada. “Aí, de repente, você tinha experiência. Mas eu não te conheço, não vou te botar aqui”, devolveu Mário.
Questionado sobre a nomeação da noiva do Deputado Federal Carlos Jordy (Condado, Terra-Média) como Coordenadora de Inovação no departamento de Empreendedorismo Cultura, Mario Frias mandou essa aqui, mesmo jogando em casa: pic.twitter.com/LOziPdbkEx
— JaIrme’s Elections Race (@jairmearrependi) February 18, 2022
Redução drástica de incentivo à cultura
O apresentador Paulo Mathias também questionou a redução dos valores da Lei Rouanet, afirmando que não haveria condições de trabalhar com produções culturais com um auxílio de apenas R$ 3 mil por cada apresentação. Mário Frias rebateu considerando que, em média, peças de teatro fariam 16 apresentações – somando um valor de R$ 48 mil investidos pelo governo. “Acha que tá pouco pra uma pessoa ganhar R$ 3 mil reais por apresentações?”, retrucou o subordinado do presidente.
Foi quando Mathias deu uma invertida no secretário, retomando os valores que ele diz ter gasto na viagem a Nova York. “Ô, secretário, vamos lá. Repita comigo. R$ 39 mil pra uma viagem a Nova York, somente com esses compromissos que o senhor apontou é muito dinheiro, certo?”, disse o apresentador. “É muito dinheiro, mas aí você tá falando de outro assunto”, respondeu Frias.
Ahahahahah nasce uma estrela! pic.twitter.com/MpUIor8myq
— Emerson Damasceno (@EmersonAnomia) February 18, 2022
“Sim, mas é que nós estamos falando de dinheiro público. Dinheiro público é pra pagar Lei Rouanet ou a sua viagem”, argumentou Paulo. Por fim, o secretário seguiu batendo na tecla de que não há projetos culturais com apenas uma performance, enquanto o apresentador expôs possibilidades que contrariavam o argumento de Frias.