Médico do Samu explica por que não declarou óbito de cadáver em banco; câmeras mostram mulher e vítima juntos, 2 dias antes

O atendente relatou o que teria acontecido com o idoso antes da chegada à agência

O médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), responsável pelo socorro de Paulo Roberto Braga, que foi levado morto em uma cadeira de rodas a uma agência bancária de Bangu, no Rio de Janeiro, relatou em depoimento à polícia que o idoso aparentava ter sofrido uma “intoxicação exógena” e, por esse motivo, não atestou a causa da morte. As informação são do g1 e da Folha de S.Paulo, que tiveram acesso ao boletim de ocorrência.

No registro, um policial militar do 14ºBPM (Bangu) informou que foi acionado às 15h20, para “verificar uma denúncia de óbito com suspeita de crime” em um banco Itaú. Ao chegar no local, o médico Leandro Henrique Magro disse que havia feito a análise das imagens realizadas pelos funcionários, que mostravam Braga desacordado na cadeira de rodas.

Leandro também declarou que o idoso apresentava livores cadavéricos, que aparecem, geralmente, duas horas após a morte. Em seu relato, o atendente do Samu explicou que a vítima “já estaria em óbito naquele momento e apresentando sinais de intoxicação exógena, e, por isso, não poderia realizar a declaração de morte“.

O corpo, então, foi levado para o IML (Instituto Médico Legal), a fim de atestar a causa do óbito. A intoxicação exógena pode ser definida como a consequência da exposição a substâncias químicas ou biológicas, que incluem desde medicamentos, pesticidas, produtos químicos até ar, água, plantas, animais peçonhentos ou venenosos.

À GloboNews, o delegado que investiga o caso, Fábio Souza, contou que “não teve dúvidas” que Braga estava morto quando viu o vídeo e também citou os livores cadavéricos. “Não dá pra dizer o exato momento da morte, a gente não consegue apontar. […] O livor cadavérico é a concentração do sangue pela inércia. O coração para de bater, então o sangue para de bombear. O sangue começa a concentrar na parte mais baixa do corpo. Então, se isso foi verificado pelo médico significa que ele tinha, pelo menos, 2 horas de morte“, explicou. Assista:

Em entrevista à Folha, uma funcionária da agência, que não quis se identificar, contou que a ambulância do Samu não demorou para chegar ao local. Braga, então, foi levado para uma sala da gerência, deitado no chão e recebeu manobras de reanimação dos socorristas. O banco foi fechado após a chegada do Samu e apenas os clientes que já estavam com senhas foram atendidos.

Câmeras de segurança

A polícia também compartilhou imagens de câmeras de segurança, que mostram Érika de Souza Vieira Nunes levando o idoso, por volta das 13h, até a agência bancária. Veja:

Outras câmeras de segurança de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) gravaram ainda a mulher com a vítima, dois dias antes do ocorrido, a caminho da unidade de saúde. Confira:

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O caso

Érika de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante nesta terça-feira (16) após levar o cadáver de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, em uma cadeira de rodas para receber um empréstimo de R$ 17 mil, em uma agência bancária de Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os funcionários suspeitaram do comportamento da mulher e da aparência do idoso, e acionaram a polícia. Assista:

Em depoimento, Érika disse ser sobrinha e cuidadora de Braga, e que ele queria retirar o dinheiro para comprar uma televisão e reformar a casa. A mulher contou ainda que embora estivesse debilitado, o idoso estava consciente quando ambos saíram de sua residência. Por conta de uma medicação, ela não conseguiu explicar o ocorrido no momento em que chegou à delegacia. No local, ela foi vista dando risada. Confira:

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A advogada de Érika também declarou que Braga estava vivo quando entrou na agência. A suspeita foi presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. As autoridades também analisam se outras pessoas estão envolvidas no crime. Veja:

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