Na manhã desta quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo pediu a soltura de Leonardo Felipe Xavier Santiago, torcedor do Flamengo que foi preso pela morte da palmeirense Gabriela Anelli, no sábado (8). Leonardo foi indiciado pela Polícia Civil de SP por homicídio doloso consumado.
Segundo o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas apresentadas não confirmariam que Santiago foi o responsável pela morte de Gabriela. Zagallo se baseou em um dos vídeos da briga e apontou outro torcedor como possível responsável. “Ao que tudo está a indicar, a garrafa que teria gerado a morte de Gabriela não foi lançada por Leonardo, mas por esse torcedor que apresentava o rosto barbado e vestia camisa cinza”, argumentou.
O promotor ainda fez um pedido à Justiça ao considerar que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) teria perdido a credibilidade para seguir à frente do caso. Para ele, a investigação deveria ser repassada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também da Polícia Civil de SP.
“Por outro lado, para além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga”, justificou Leão sobre a petição feita.
Segundo César Saad, delegado do Departamento de Operações Policiais Estratégicas encarregado do caso, a Polícia Civil ainda busca outros envolvidos na briga e conta com vídeos que já circulam as redes sociais. Ao menos dez pessoas estão sendo investigadas. O caso foi registrado como tentativa de homicídio e provocação de tumulto.
Briga entre torcedores de Flamengo e Palmeiras pic.twitter.com/aFEiFlSicZ
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) July 10, 2023
Entenda o caso
A jovem Gabriela Anelli faleceu na segunda-feira (10), após ficar ferida durante um confronto entre torcedores de Palmeiras e Flamengo no último sábado (8), em São Paulo. A menina de 23 sofreu duas paradas cardíacas, após ser atingida por uma garrafa de vidro no pescoço. A informação foi confirmada pela família nas redes sociais. O Palmeiras também emitiu uma nota lamentando a violência no futebol.
“Obrigado a todos que oraram pela minha irmã. Mas ela foi morar com o Papai do Céu. Tem coisas que acontecem que estão além do nosso limite do entendimento. Sei o quanto você lutou cada segundo e você de fato sempre foi uma guerreira. Olhe por nós do céu e proteja nossa família”, escreveu Felipe Marchiano, irmão de Gabriela.
De acordo com os relatos, a torcedora estava na fila do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, quando o confronto começou. Na ocasião, os policiais militares precisaram usar gás de pimenta para dispersar os grupos. A partida de futebol foi interrompida em dois momentos, já que resquícios do gás chegaram até os jogadores. Gabriela foi socorrida por uma ambulância que fica dentro do próprio estádio e levada em estado grave para o hospital.
Em comunicado, o Palmeiras se manifestou sobre o ocorrido e lamentou a morte da jovem: “Lamentamos profundamente a morte da torcedora Gabriela Anelli, atingida por uma garrafa nas imediações do Allianz Parque, antes do jogo contra o Flamengo. Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento. Manifestamos solidariedade à família da palmeirense e cobramos celeridade na apuração deste crime, que fere a nossa razão de existir e compromete a imagem do futebol brasileiro”.