Pai revela que passou 6 horas procurando pela filha até receber notícia de sua morte em acidente com ônibus de universitários: “Muita tristeza”

Esdras Luiz procurou por hospitais de duas cidades até descobrir que sua filha estava entre os 12 mortos

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Esdras Luiz, aposentado de São Joaquim da Barra, procurou por seis horas, na noite desta quinta-feira (20), informações sobre sua filha, Livia Tavares Luiz, de 23 anos. A jovem foi uma das 12 vítimas fatais do acidente com um ônibus de universitários na rodovia Waldir Canevari, entre Nuporanga e São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo. O caso deixou 19 feridos.

Acostumado a trocar mensagens com a filha para combinarem o horário em que ele a buscaria na entrada da cidade, Esdras estranhou a demora do contato por volta das 23h. Ele, então, pediu para que sua esposa procurasse uma sobrinha, também estudante em Franca, que viajava em outro ônibus, e que já havia chegado em casa. Isso aumentou ainda mais a preocupação do pai.

“Veio uma notícia de uma colega da minha esposa de que tinha ocorrido um acidente na pista. Fui até o local, mas não pude chegar mais perto”, disse o pai de Livia à Folha de S.Paulo.

Estado do ônibus após a colisão com o caminhão (Reprodução/TV Globo)

Desesperado, o Esdras começou a procurar informações sobre o paradeiro da estudante. Primeiramente, ele foi até o hospital de Nuporanga, onde soube que a filha havia sido levada para a Santa Casa de São Joaquim da Barra. Ao chegar lá, não obteve sucesso. “Aí fomos até o hospital de São Joaquim, não tinha informação nenhuma. Aí fui ligando para outros hospitais, também não tinha informação. Ficamos apreensivos até a madrugada. Provavelmente depois das 5h que passaram que ela estava entre as vítimas”, relatou o aposentado.

A batida aconteceu enquanto os alunos voltavam da Unifran (Universidade de Franca) após um dia de aulas. O ônibus colidiu com uma carreta que vinha no sentido oposto, após já ter percorrido cerca de 50 quilômetros de estrada.

Caminhão que se envolveu em acidente com ônibus que transportava universitários (Foto: Reprodução/TV Globo)

Livia, que cursava o terceiro ano de enfermagem na Unifran, já tinha traçado planos para os próximos dois anos, inclusive para o estágio, em que pretendia dividir os custos de transporte com uma colega de faculdade. “Nosso coração está doendo demais. Muita tristeza. Imagino os pais dos outros alunos também, que devem estar sofrendo muito. Uma filha exemplar, não tenho nada o que reclamar dela”, concluiu. Livia trabalhava na loja de sua tia, saía às 16h30 para ir para casa e, depois, o pai a levava até o ponto de ônibus.

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Os corpos dos 12 jovens mortos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) de São Joaquim, e devem ser liberados ao longo da tarde para que as famílias possam realizar os velórios. O diretor do IML de Ribeirão Preto, Diógenes Tadeu de Freitas Cardoso, informou que as vítimas sofreram múltiplas fraturas.

A Polícia Civil determinou a prisão em flagrante do motorista da carreta envolvida na colisão com o ônibus. De acordo com o g1, Evandro Rogério Leite, que estava dirigindo o caminhão sozinho, permanece internado no hospital sob escolta policial e enfrentará acusações por omissão de socorro e tentativa de fuga. Ele também responderá por homicídio e lesão corporal. O delegado João Basitussi Neto informou que o teste de bafômetro foi realizado e teve resultado negativo.

Segundo Marcos Coltri, advogado da J4 Transportes Rodoviários, responsável pelo caminhão, o motorista afirmou que perdeu o controle do veículo, saindo da pista e causando a colisão: “O relato preliminar do motorista, que estava em estado de choque, o que ele disse é que ele saiu um pouco para fora da pista, ele perdeu o controle do caminhão e, ao retornar, devido ao degrau, acabou puxando um pouco mais o veículo. Ele não sabe relatar como que foi, se na hora em que ele puxou, atingiu o ônibus, ou vice-versa”.

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