Nesta sexta-feira (13), a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu o inquérito do caso de Joice Hasselmann (PSL-SP), quase um mês após a deputada federal acordar com marcas de sangue no chão de seu apartamento, sem se lembrar o que havia acontecido. Segundo o G1, o órgão apontou que a parlamentar teria caído no chão e se machucado por conta dos efeitos de um remédio para dormir.
Para a polícia, os ferimentos inexplicados de Joice teriam sido causados por uma “queda da própria altura”, ou seja, que ela simplesmente teria colidido contra o chão. “A Polícia Civil do Distrito Federal, por intermédio da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), concluiu as investigações do caso da Deputada Joice Hasselman no sentido de ‘queda da própria altura’, possivelmente decorrente dos efeitos de remédio para dormir”, disse a nota.
A princípio, haviam surgido as hipóteses de um atentado contra a parlamentar ou de violência doméstica. No entanto, as possibilidades foram refutadas. “No caso, não se evidenciou quaisquer elementos que apontassem para a prática de violência doméstica ou atentado/agressão por parte de terceiros”, informou a corporação.
O inquérito foi encaminhado da Polícia Civil para o Ministério Público e ao Judiciário. Segundo os investigadores, ele foi baseado em sua própria apuração. O apartamento da deputada também passou por uma perícia. Além disso, a Polícia Legislativa já havia constatado que a residência de Joice não teria sido invadida na noite da ocorrência.
Joice se manifesta sobre a conclusão do inquérito
Nesta sexta, Joice também se pronunciou a respeito da divulgação das conclusões do inquérito. Em um comunicado à imprensa, a parlamentar não questionou os resultados das investigações e afirmou que “reitera sua confiança no trabalho da polícia”. Contudo, Hasselmann deixou claro que o episódio lhe acendeu um alerta e que ela já “reforçou a segurança em seu apartamento por conta da vulnerabilidade dos imóveis funcionais”.
Leia a nota na íntegra abaixo:
“Informamos que deputada federal Joice Hasselmann e sua defesa técnica tomaram conhecimento do desfecho da investigação.
A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que o incidente sofrido por ela, no dia 18 de julho, causando cinco fraturas no rosto e uma na coluna, foi resultado de uma queda da própria altura – hipótese inicialmente considerada menos provável pelos médicos mediante o número de traumas constatados por tomografias.
Joice reitera sua confiança no trabalho da polícia. Depois do fato, porém, reforçou a segurança em seu apartamento por conta da vulnerabilidade dos imóveis funcionais. Os apartamentos não possuem câmeras em pontos fundamentais, como as escadas internas e vãos dos corredores que dão acesso às portas de entrada. Já há um encaminhamento feito pela Procuradoria da Mulher para a presidência da Câmara que pede a instalação de novos equipamentos para garantir a segurança.
Assessoria de Comunicação
Deputada Federal Joice Hasselmann”
Relembre o caso
No dia 22 de julho, a deputada federal Joice Hasselmann revelou que teria sido vítima de um atentado. Pelas redes sociais, a parlamentar compartilhou um vídeo no qual mostrou a extensão de seus ferimentos e capturas de tela de uma entrevista concedida ao jornal “O Globo”, na qual detalhou o episódio.
“Não se assustem pois o pior já passou. Estou bem e medicada”, escreveu ela na legenda da publicação em que narrou as lesões. “Isso aqui começou a ficar roxo porque eu tive um trauma na base do crânio”, declarou Joice, mostrando um hematoma no olho. Já a área do maxilar, apesar de desinchada, a parlamentar afirmou estar “cheio de sangue por dentro do músculo”. O corte no queixo, por sua vez, precisou de “cola cirúrgica” e a boca sofreu cortes e fratura de um dente. Ela ainda teve um “joelho trincado”. Confira a publicação na íntegra:
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Em entrevista ao veículo, Hasselmann confessou que sua última lembrança antes do suposto ataque seria de estar em sua cama, no apartamento em que vive em Brasília, enquanto assistia a um episódio da série “Ressurrection”, no último sábado (17). Na sequência, a deputada se corrigiu e afirmou que, na verdade, estava assistindo “O Grande Guerreiro Otomano” e que, a partir deste momento, teve um “lapso de memória” de aproximadamente sete horas.
Quando finalmente recobrou os sentidos, Joice disse que estava em um “poça de sangue” no chão de seu closet, com cinco fraturas no rosto, uma na costela, um dente quebrado e, ainda, com o queixo cortado. “Acordei em uma poça de sangue sem saber quanto tempo fiquei desacordada. A hipótese que eu mais acredito é que sofri um atentado”, afirmou.
Ainda de acordo com Hasselmann, os detalhes do episódio assustador ficaram confusos nos primeiros momentos. Antes de concluir que teria sido vítima de um atentando, a parlamentar acreditou que havia desmaiado e se machucado ao cair. No entanto, ao perceber as diversas fraturas em pontos diferentes do corpo, Joice avaliou que só poderia ter se machucado desta maneira caso “tivesse rolado de uma escada, o que não aconteceu”.
No bate-papo com o jornal, a política afirmou que os cortes e hematomas não foram os únicos resultados da situação “misteriosa” – ela teve, também, lesões no joelho e no tórax, além de apresentar um inchaço na cabeça. “É improvável que eu tenha conseguido cair de jeitos diferentes para lesionar tantas partes do meu corpo. Um dos médicos que me atendeu perguntou se eu levei chutes. Mas não posso acusar sem provas. Não me lembro de nada”, disse.
Em seguida, a parlamentar detalhou as horas e dias que sucederam o ocorrido. Segundo ela, quem lhe prestou socorro foi o marido, o neurocirurgião Daniel França, que costuma passar os fins de semana em Brasília. Quando acordou, às 7 da manhã do dia seguinte, Joice ligou para o celular do marido pois não conseguia se mover ou levantar. O médico dormia em outro cômodo da casa pois, de acordo com Hasselmann, o casal tem o costume de dormir separado devido aos problemas de ronco do rapaz.
Depois de encontrá-la, França levou a parlamentar até o quarto, quando ele realizou curativos e, na sequência, administrou remédios. Joice foi atendida por uma junta de dentistas e também realizou exames no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, onde as lesões mencionadas anteriormente foram constatadas. No mesmo dia, a deputada contatou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o informou sobre sua suspeita de agressão. “Já estou em contato com a Polícia Legislativa. Eles vão investigar o caso e solicitarão as imagens das câmeras do prédio para analisar a movimentação. Já fiz esse pedido aos policiais”, reforçou.
Após o ocorrido, a deputada revelou que trouxe seu segurança particular de São Paulo para Brasília. Ela pontuou, ainda, que já não dorme mais sozinha no apartamento – dois funcionários passaram a dormir na sua residência na capital federal. Outras medidas de segurança também foram tomadas, entre eles, a troca de todas as fechaduras de sua casa e, ainda, a compra de uma arma de fogo. “Só preciso fazer a prova de tiro para ter a minha posse de arma. Comprei uma pistola Glock e ela não vai sair do meu lado, nem na hora de dormir”, concluiu Joice.