Na manhã desta quarta-feira (16), um policial militar integrante do Batalhão de Ação com Cães (BAC) do Rio de Janeiro foi flagrado chutando um gato. O registro foi feito pelas câmeras do Globocop, helicóptero da TV Globo que sobrevoava o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte carioca.
Segundo o G1, a aeronave acompanhava uma operação policial quando flagrou a agressão, por volta das 7h05 da manhã. Um dos cães do BAC farejava uma laje da comunidade, guiado por agentes, quando um gatinho local surgiu. A dupla se estranhou e começou a brigar. Foi então que o PM interferiu e chutou o felino, que voou barranco abaixo. Após a agressão, o policial se abaixou e acariciou o cachorro da corporação.
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Até o momento, não há informações sobre o estado do gato. A Polícia Militar se pronunciou ao jornal ‘Bom Dia Rio’ e informou que o secretário de Estado da PM, o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, ordenou que a Corregedoria apure o caso. O BAC não revelou a identidade do agente envolvido.
“O cão de faro que acompanhava o militar na ação é treinado para atuar de maneira livre no terreno, apresentando comportamento extremamente dócil e mantendo a concentração direta no objetivo a ser encontrado. Ainda assim, diante da investida de outro animal contra o cão da unidade, a ação do policial foi desproporcional”, declarou o Batalhão, em nota.
Desde o início da manhã de hoje, equipes do Comando de Operações Especiais (COE), através do Batalhão de Operações Policiais Espaciais (BOPE) e do próprio BAC atuam na comunidade, numa ação de repressão ao crime organizado. Por ora, não há registros de prisões ou apreensões.
Revolta na web
Com a repercussão do caso, o presidente da comissão de Defesa dos Animais da Câmara Municipal do Rio, Luiz Ramos Filho (PMN), afirmou que encaminhará uma representação ao comando da Polícia Militar, cobrando rigor na apuração do crime de maus-tratos.
“A imagem é muito chocante. O policial demonstra total descontrole para lidar com animais. A cena é de uma violência extrema, praticada por quem detesta animais. Como um policial capaz de cometer um crime bárbaro contra um animal indefeso atua justamente com um cão farejador?”, disse Ramos Filho ao G1. “Imagine o tratamento que ele dará ao cachorro da corporação se não cumprir uma determinada ordem. Imagine o que esse policial é capaz de fazer com seres humanos. Pedimos rigor na apuração e na punição. Não podemos esquecer que maltratar animal é crime”, concluiu.
A jornalista Cecília Olliveira, do El País, apontou para uma diferença no tratamento de autoridades no comparativo entre regiões mais carentes e outras mais abastadas. “Isso não é novidade, mas com as imagens, o que muito se dizia, fica provado. A democracia não chegou pra todo mundo. Há bairros onde não existe o menor cuidado por parte do poder público. Há pessoas que “não valem nada”, bem como suas coisas, suas casas, seus animais de estimação”, lamentou ela.
Isso não é novidade, mas com as imagens, o que muito se dizia, fica provado. A democracia não chegou pra todo mundo. Há bairros onde não existe o menor cuidado por parte do poder público. Há pessoas que "não valem nada", bem como suas coisas, suas casas, seus animais de estimação https://t.co/ZuSbggUQ2C
— Cecília Olliveira (@Cecillia) March 16, 2022
Já o vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL), conhecido por suas ações em prol da defesa dos animais no Rio de Janeiro, cobrou uma ação da PM. “Inaceitável o episódio do gato chutado por um PM do Batalhão de Cães. Nosso mandato vai notificar a polícia e cobrar uma punição para o responsável por esta agressão covarde”, escreveu ele, no Twitter.
Inaceitável o episódio do gato chutado por um PM do Batalhão de Cães. Nosso mandato vai notificar a política e cobrar uma punição para o responsável por esta agressão covarde.https://t.co/Q11Rv4peP4
— Vereador Dr. Marcos Paulo (@drmarcospaulo_) March 16, 2022