Prefeito Alexandre Khalil chora em entrevista ao fechar BH mais uma vez: “Não quero o peso de nenhum caixão nas minhas costas”

Belo Horizonte vai voltar a fechar as portas de seu comércio, numa tentativa de conter o avanço da Covid-19, depois de três recordes consecutivos na taxa de ocupação de leitos de UTI. O prefeito da cidade, Alexandre Kalil (PSD), foi firme em sua decisão, mas também pontuou não ter sido fácil ter que tomá-la. Em conversa telefônica com a jornalista Natuza Nery, da GloboNews, ele se emocionou e até mesmo chegou a chorar.

“Este é o dia mais difícil para mim. Estou destruído. Não é fácil tomar essa decisão”, disse Kalil, em relato feito por Natuza durante a edição desta quinta-feira (7) do programa “Estudio i”, do canal de notícias. O telefonema ocorreu ontem, dia em que o prefeito anunciou o retorno à “fase zero” da flexibilização. A partir de segunda-feira (11), apenas os serviços essenciais poderão funcionar.

A jornalista Natuza Nery conversou com o prefeito Alexandre Kalil. (Foto: Reprodução)

Ao responder uma pergunta da jornalista sobre a “coragem” necessária para aumentar as restrições, Kalil enfatizou que “não tem nada a ver com coragem”. “Não quero o peso de nenhum caixão nas minhas costas. Tenho o dever de proteger a população. Estou avisando que vou fechar. Não estou surpreendendo os comerciantes. Portanto, vou fechar a partir de segunda-feira, que é para as pessoas se prepararem”, respondeu ele.

“Dei todos os tempos e alertas para que as pessoas tomassem consciência da gravidade. Nenhum morador de Belo Horizonte ficou sem atendimento na primeira onda da pandemia. Não vai ser agora, neste momento crítico, que vou deixar que as pessoas fiquem sem atendimento”, disse o prefeito em outro trecho da conversa, narrado por Natuza.

A jornalista — que já conversou com vários líderes políticos — classificou o bate-papo com Kalil como um dos mais “impressionantes” e “inusitados” que já teve.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, Kalil fez o anúncio da decisão de que apenas os serviços essenciais poderão funcionar na cidade: “Chegamos ao limite da Covid-19. Nós avisamos, nós tentamos avisar. Tentamos manter a cidade aberta há 10 dias, quando os números ainda eram perigosos, mas nós tínhamos, pelo menos, uma expectativa de responsabilidade […] O comerciante tem que se preparar porque sexta-feira nós estamos soltando um decreto voltando a cidade à estaca zero”.