Um professor do curso de Engenharia Florestal da UFPR está sendo investigado depois de uma aluna gravar um encontro com o docente. Na conversa, o homem, que não foi identificado, se exalta e chega a bater na mesa e jogar uma caneta no chão. Ele ainda afirma que o trabalho entregue pela estudante está “uma m*rda” e diz que é ele quem “dá as ordens“.
O vídeo foi compartilhado pela jovem em suas redes sociais nesta quinta-feira (19). Ela e colegas de grupo foram para a aula tirar algumas dúvidas com o mestre sobre um trabalho. A gravação começa com o professor reclamando sobre a ida da aluna para a sala. Para se defender, ela afirma que foi ao local “quando teve tempo“. “Você veio, mas tem que falar comigo, eu mando nessa m*rda“, esbraveja o homem no início da gravação.
Ele, então, continua com o tom agressivo: “O trabalho de vocês também está uma m*rda, uma m*rda, um total desleixo, escrito com uma letra parecendo um eletrocardiograma… Pega alguém da equipe e escreve essa p*rra! Datilografa essa p*rra. (…) Teu trabalho tá um cocô“. E finaliza: “Você que vai me dizer o que tem que fazer a hora que você quiser?! Não é assim, não. E não adianta me olhar com essa cara. Quer ir me processar? Vai lá que eu vou junto”. Escute:
@anafideliss você adoece depois de 6 anos nessa. #assediomoral #saudemental #universidadefederal #universitario #sanidademocional ♬ som original – Ana Paula Fidélis
Ao g1, a jovem comentou o acontecimento. “Eu me senti tão impotente, humilhada. Tão… Sabe, assim, desrespeitada. Eu estudei para estar lá dentro, eu tenho mérito para estar lá dentro. Eu não entendo o motivo de alguém me tratar daquela forma, sabe?”, pontuou.
“É uma coisa que quem está lá dentro, constantemente, conversa sobre. Sobre se sentir desgastada, com tal professor, sobre se sentir muito pressionada, sobre chorar, sobre se sentir mal, se sentir humilhada”, explicou ao site.
Pelo TikTok, ela frisou que o comportamento do docente é conhecido na instituição. “Esse temperatemnto explosivo já é normal, ele já responde todo mundo mais ou menos assim. Se você tem uma dúvida, ele responde assim. Se você responde alguma coisa na sala, ele fala: ‘não fala cocô, p*rra! Não aprendeu?’. É assim. Ele tem falas bem problemáticas, tipo, ‘não sabe fazer essa conta? Então se joga na frente do trem, se joga no meio fio, morra! Morra na ignorância’. É assim”, informou.
Uma antiga aluna do curso, que também não quis se identificar, fez um relato parecido. “No começo, a gente ainda dá risada, porque chega a ser absurdo. A frase dele que mais gente conhece é: ‘Morra!’. A gente pergunta alguma coisa, quer tirar alguma dúvida, ele fala: ‘Morra’. Ele chama a gente de autista, de burro, não de uma forma tranquila, mas de uma forma extremamente agressiva. Isso é um exemplo de todas as aulas, não é esporádico“, relembrou para o g1.
Esta segunda aluna compartilhou outro “momento humilhante” vivido graças ao professor. Nesta situação, o docente afirma que não mudará nenhuma data de seu cronograma. “Morra!”, dispara para quem pede por uma alteração de prazos. Confira:
https://twitter.com/MidiasSo/status/1616829867491721219
Universidade se pronuncia
Depois da polêmica, a Universidade Federal do Paraná informou que está investigando o caso. “A instituição ressalta que mantém diversos canais oficiais de atendimento voltados para a comunidade acadêmica. O estudante ou membro da comunidade que presenciar qualquer situação deve realizar denúncia via Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade ou pela ouvidoria institucional“, divulgou em nota na sexta-feira (20).
No mesmo dia, estudantes do curso de Engenharia Florestal se reuniram na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) para discutir o episódio. Segundo testemunhas, o professor já havia sido alvo de denúncias “há meses”, mas nenhum caso foi para frente.