Prontuário de jovem com barriga aberta em praia de Guarapari revela novos detalhes do caso e droga 50 vezes mais forte que a heroína

Relatório apontou presença de opioide de uso restrito no sangue do estudante, encontrado com a barriga cortada e parte do intestino para fora em uma praia de Guarapari (ES)

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Nessa quarta-feira (9), foram divulgadas atualizações sobre o caso do jovem encontrado com um corte profundo na barriga e parte do intestino exposto na Praia do Ermitão, em Guarapari (ES). Segundo o prontuário médico, obtido pelo G1 e pela TV Gazeta, vestígios de dosagem alta de fentanil foram encontrados no sangue da vítima.

A substância – um anestésico e analgésico opioide de uso controlado – é 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina. [O fentanil] Pode gerar uma sedação, passa mesmo uma euforia seguida de relaxamento muscular intenso. Numa única dose, ela pode matar”, alertou a psiquiatra Carolina Coser, à reportagem.

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A namorada do estudante, que estava presente no dia do ocorrido, confessou em depoimento à polícia que ambos “apagaram” após uso de entorpecentes. O próprio jovem já havia admitido à equipe médica o uso de droga, mas não especificou se tratava do fetanil. O documento ainda traz mais detalhes sobre o estado de saúde da vítima ao chegar no Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em 16 de janeiro. O rapaz apresentava trauma abdominal e fraturas no nariz e no rosto.

Lécio Machado, advogado que representa o casal, informou que o jovem permanece internado se recuperando dos ferimentos. Ele acrescentou ainda que a família dos dois não irá se manifestar sobre o assunto até que o inquérito da Polícia Civil seja concluído.

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Prontuário aponta vestígios de dosagem alta de fentanil no sangue da vítima. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Entenda como o fentanil age no corpo

De acordo com André Bittencourt dos Santos, perito da Polícia Federal, o fentanil é usado para controle da dor extrema. “Em alguns ambientes cirúrgico hospitalares é utilizado fentanil. Normalmente, nessa modalidade, ele é utilizado como injetável e controlado pelo médico anestesista que vai controlar ali a dose para a pessoa passar pelo procedimento cirúrgico”, explicou.

Nos Estados Unidos, local onde é mais comumente utilizado, o fentanil é encontrado em forma injetável e também em selos, como o LSD, e causa alta sensação analgésica e de dormência. “Ele também é utilizado como um adesivo para distribuição de longa duração para pessoas que tem dor crônica. Então, a pessoa cola o adesivo ali e vai liberando devagarzinho a substância na pele para controle de dor prolongada que as pessoas tenham e que não passam com outros tipos de analgésicos”, acrescentou.

Uma pequena dose da substância, entretanto, pode ser suficiente para colocar o usuário em coma e até levar a morte. “Doses altas de fentanil têm de ser acompanhadas por um médico anestesista do ponto de vista de assistência respiratório. Precisa de um respirador mecânico para continuar ali e, se a dose for alta suficiente, ele pode ter uma bradicardia, que é diminuição do ritmo cardíaco, ele vai adormecendo e o corpo vai desligando, vamos assim dizer. Então, a pessoa vai desligando e pode ir a coma e também à morte por conta disso”, alertou o perito, por fim.

Relembre o caso

Um jovem de 21 anos foi encontrado com um corte profundo na barriga e parte do intestino exposto, na Praia do Ermitão, em Guarapari (ES). O caso ocorreu na madrugada do dia 16 de janeiro, mas somente veio à público no dia 30, após vazamento de informações nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil, o jovem teria ido até o local com a namorada para celebrar uma viagem de estudos que faria para fora do país.

De acordo com as imagens de câmeras de segurança, obtidas pelo G1, a dupla chegou à praia, por volta das 20h do dia 15 de janeiro. Em outro vídeo, é possível ver o estudante sendo resgatado já ferido, às 6h do dia seguinte. O estudante foi socorrido pelo Samu e levado, em estado grave, ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória, onde passou por cirurgia.

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Jovem segue internado. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Em depoimento prestado à polícia, a namorada da vítima revelou que ambos “apagaram” após uso de droga e álcool. Ela declarou não lembrar do que ocorreu depois disso. Familiares dos jovens alegam que a dupla foi atacada, ferida e roubada por terceiros durante o “luau a dois”. A Polícia Civil ainda tenta entender o que aconteceu e de quem partiu o ataque que fez com que o estudante ficasse com parte do intestino para fora. Para saber mais sobre o caso, clique aqui.