A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro está investigando a morte de Moïse Kabamgabe, congolês de 25 anos, que trabalhava como atendente em um quiosque chamado “Tropicália”, na Barra da Tijuca. Segundo os familiares, na segunda-feira (24), o jovem foi cobrar suas diárias atrasadas e, por isso, teria sido espancado até a morte.
Moïse estava no Brasil com a família desde 2014, quando fugiu da guerra na República Democrática do Congo. Ao jornal O Globo, a polícia civil confirmou que está analisando as câmeras de segurança do local. Um primo do rapaz afirmou que assistiu aos vídeos e disse que o congolês foi espancado por mais de 15 minutos com golpes de mata leão, socos, chutes, pedaços de madeira e chegou a ter as mãos e pés amarrados por um fio.
“Num primeiro momento, o meu primo é visto reclamando por que ele queria receber. Em determinado momento, os ânimos se acirraram e o gerente pega um pedaço de madeira. O meu primo corre para se defender com uma cadeira. O gerente vai embora e em seguida volta com cinco pessoas e pegam o meu primo na covardia. Um rapaz dá um mata-leão nele e os outros quatro se revezam em bater”, disse Yannick Iluanga Kamanda.
“Não satisfeitos, eles amarraram os braços e as pernas dele e continuaram batendo. O meu primo ficou desacordado e mesmo assim ele espancavam ele. Só depois de um tempo , eles viram que ele estava desacordado e deixaram ele jogado na areia. Eles foram embora e ficou só o gerente do quiosque. E ele deitado no chão, como se nada estivesse acontecendo. Trabalhando, atendendo cliente. E o corpo lá”, continuou.
Algumas testemunhas confirmaram que Moïse apanhou de cinco homens, e que os agressores usaram pedaços de madeira e até um taco de beisebol. A Delegacia de Homicídios já ouviu pelo menos oito pessoas, mas ninguém foi preso até o momento.
Neste final de semana, a família do jovem fez um protesto na Barra. Além de pedir informações sobre os culpados e as investigações, eles denunciaram que os órgãos da vítima foram retirados no Instituto Médico-Legal sem autorização.
“Quando a notícia chegou até nós, fomos no IML e a gente já encontrou ele sem órgão nenhum, sem autorização da mãe, nem autorização dele de ser doador de órgão. Onde estão os órgãos? Nós não sabemos. Em menos de 72h ele foi dado como indigente. Infelizmente, a gente vive aqui, mas estamos na insegurança”, disse a prima Faida Safi, segundo o G1. A informação, no entanto, foi negada pelos policiais.
A mãe de Moïse Kabamgabe, Ivana Lay, afirmou que espera justiça pela morte do filho: “Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça”.
“Ele trabalhava, a gente trabalha. Fugimos da África para sermos acolhidos aqui no Brasil. O Brasil é uma mãe, abraça todo mundo, é uma segunda casa. E como que vai matar o irmão trabalhador? A justiça tem que ser feita”, desabafou Chadrac Kembilu, primo da vítima, aos prantos. Assista:
TRISTEZA!😔Famíliares e amigos do congolês Moïse Kabamgabe pedem justiça. O jovem foi amarrado e morto em um quiosque na Barra da Tijuca, após cobrar os salários atrasados. #sbtrio #sbt pic.twitter.com/EPt7IX2Bxv
— SBT Rio (@sbtrio) January 31, 2022