Nesta segunda-feira (04), deveria acontecer o famoso Met Gala, baile organizado pela Vogue norte-americana no Metropolitan Museum of Arts em Nova York. No entanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, o evento foi adiado. Isso não quer dizer que a editora-chefe da revista, Anna Wintour, não esteja nas manchetes nas últimas semanas.
Recentemente, um trecho do livro biográfico de André Leon Talley, ex-editor da publicação, foi divulgado. Em “Chiffon Trenches” (“Trincheiras de Chiffon”, em tradução livre), Talley revelou que ficou com “enormes cicatrizes emocionais e psicológicas” de seu relacionamento com a toda-poderosa. Os dois, antes amigos, tiveram um desentendimento há alguns anos — Anna teria, inclusive, dito que ele era “velho demais, acima do peso e sem graça”.
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Apesar de Talley reconhecer que Anna ajudou sua carreira, assim como a de diversos designers, ele afirma que ela “é incapaz” de “bondade humana”. O famoso designer Ralph Rucci, amigo de Talley, também escreveu no Instagram que “a porta [para criticar Wintour] se abriu… Houve tanta destruição e maldade pessoal, e agora talvez outros se sintam seguros para falar”.
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Um editor de moda de uma publicação concorrente à Vogue contou ao jornal The Post que os membros do mundo fashion estão aliviados com o rumo que esta história está tomando. “Todos na indústria olharam a história de André e Ralph com muito prazer”, contou. Em outros tempos, falar mal de Anna seria como cometer suicídio na carreira. Porém, alguns insiders da moda afirmam que as histórias que estão surgindo “vingam” aqueles que se sentiram esnobados pela editora-chefe durante os anos, e expõem rachaduras no poder quase indestrutível que ela teve por décadas.
“Tenho muitos amigos que trabalharam na Vogue que se sentem vingados”, disse uma socialite que costumava trabalhar na editora Condé Nast, sobre o livro de Talley. A obra estava prevista para sair em maio, na mesma semana do Met Gala, mas foi adiada para setembro por conta da pandemia. No entanto, de acordo com o Women’s Wear Daily, a cobertura dos detalhes mais polêmicos do livro criou muito interesse público, e o livro será lançado no dia 19 de maio.
O timing da publicação não poderia ser pior para a editora-chefe, sempre tão meticulosa e perfeccionista. “Ela não pode sair para se defender publicamente. Ela perde uma grande plataforma [com o cancelamento do Met]. É seu evento principal, e uma grande vitória para a revista”, disse o editor anônimo.
Sem baile, uma versão mais “suave” de Anna tem sido fotografada em casa, usando calças esportivas e promovendo uma iniciativa feita pela Vogue e o Conselho dos Designers de Moda da América, que visa arrecadar dinheiro para aqueles na indústria que foram mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.
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Informantes apontam para o fato de Rucci, um designer bastante querido por algumas socialites, não aparecer regularmente nas páginas da Vogue. “Muitos dos estilistas que foram ‘deixados de fora’, por assim dizer, provavelmente sentem como se o muro de Berlim tivesse caído — e há algo animador sobre sua liberdade”, disse Aliza Licht, que costumava trabalhar nas comunicações internacionais da marca Donna Karan, e atualmente é a apresentadora do podcast “Leave Your Mark”. “É tipo, ‘Oh, ótimo, agora nós não precisamos nos importar que eles não se importam conosco”, acrescentou.
Essa “liberação” dos meios tradicionais de mídia, como a Vogue, se deve ao abalo sísmico pelo qual o mundo da moda tem passado. Agora, marcas podem depender de outras meios, como o poder das redes sociais e das celebridades — não precisando mais do “selo de aprovação” de Anna. “O poder da Vogue diminuiu com o tempo — e com a indústria evoluindo. É barulho no fundo. Não é mais o principal”, disse o insider.
De acordo com o The Post, Talley mandou uma versão de seu livro para Anna e ela pediu para que ele fizesse algumas alterações, o que ele fez. Mas fontes dizem que a editora-chefe também ficou extremamente magoada pela natureza pessoal dos ataques na obra, assim como seus leais colegas na revista. “Eles acham que ele ficou louco e não entendem porquê ele faria isso”, disse um informante dentro da Condé Nast. “Anna tem muitas pessoas que trabalharam com ela por muito tempo, e que não têm nada além de respeito e adoração por ela. Ela é uma pessoa que leva seu trabalho muito a sério. Ela é estratégica e meticulosa. Essas são qualidades de uma CEO”, acrescentou Licht.
Uma fonte próxima à Anna garante que o poder dela não diminuiu, e ela ainda é a única pessoa capaz de mover o mundo fashion durante a crise: “Mais do que nunca nesse momento, ela é a pessoa que você quer no comando”.
Apesar de toda a polêmica, um dos informantes garante que não vê Anna Wintour deixando seu “trono” tão cedo, e que ela pode enfrentar as pessoas que a apunhalam pelas costas: “A moda é um negócio sujo”. Um novelão fashion, hein?