Em entrevista ao portal The Daily Beast divulgada nesta quarta-feira (13), a atriz Raeden Greer afirmou ter sido demitida da série “True Detective” após se recusar a fazer topless por “pressão” do diretor Cary Joji Fukunaga, que também é responsável pelo novo longa de James Bond, “007: Sem Tempo para Morrer“. Greer alegou que a cena não estava no contrato e que, por várias vezes, foi tranquilizada de que sua personagem não precisaria ficar nua.
Ela contou que conferiu o roteiro e se certificou de que não haveria cenas deste tipo, mesmo interpretando a stripper Kelsey Burgess na produção da HBO. No entanto, segundo Greer, ela começou a se assustar quando viu que teria uma cena de dança. “Eles vão tentar alguma coisa comigo? Porque isso nunca foi mencionado. Então, comecei a perguntar depois disso, tipo: ‘Para ficar claro, não há nudez envolvida neste papel, certo?’ Eu continuei recebendo a mesma resposta do meu agente: ‘Não, seria absolutamente inédito se eles pedissem para você fazer nudez já que não está previsto”, relembrou.
Mas, um dia, ao chegar na gravação, ela notou que seu guarda-roupa contava apenas com um conjunto de folhas e uma tanga bem fina.“Eu estava, tipo, frenética porque eu não queria fazer isso, eu não queria ficar nua. Eu não esperava, isso não é justo. Cary me disse: ‘Todo mundo neste programa vai fazer topless. Todas as mulheres do programa vão fazer topless. Sua personagem é uma stripper, então você tem que fazer'”, lembrou.
“Ele estava tentando de diferentes maneiras me convencer de que não era grande coisa. Seria de muito bom gosto ou apenas insignificante. Eu estava tipo: ‘Bem, se é tão insignificante, por que ele insiste tanto que eu faça isso?'”, continuou.
Após a recusa, Raeden Greer foi demitida na primeira temporada de “True Detective” por um produtor e uma atriz coadjuvante recebeu a “missão” de fazer o topless na cena em questão. “Foi extremamente horrível. Saber quão pouco eu importava e quão pouco tudo o que eu trazia significava para eles. Era como se eu fosse completamente descartável e até mesmo alguém que nunca atuou antes pudesse fazer isso. Basta ir para casa e qualquer outra pessoa faria isso. Foi humilhante e fez eu me sentir um lixo. Assim que entrei em meu carro, comecei a chorar e liguei para minha agente. Eu contei o que aconteceu e ela não conseguia acreditar”, desabafou.
Na entrevista, a atriz ainda fez críticas ao diretor, que ganhou fama após o trabalho no seriado. Para ela, a ascensão de Fukunaga é como um tapa na cara: “E agora, Cary está por aí falando sobre suas personagens femininas, é como uma bofetada na cara continuamente. Sim, ele teve uma carreira ilustre. [True Detective] foi um divisor de águas para ele. E o que aconteceu comigo? Ninguém se importa”.
A denúncia de Greer aconteceu depois que a atriz leu uma entrevista concedida pelo diretor ao site The Hollywood Reporter, na qual ele falava sobre seus esforços e de seus colegas em atualizar o personagem de James Bond para uma era “pós-Me Too”, movimento que luta contra o assédio sexual e a agressão sexual.
Por seu trabalho na série de drama, o cineasta venceu o “Emmy’s” de melhor direção em 2014. Raeden chegou a aparecer em produções como “A Hospedeira”, “Linha de Frente” e “Maggie: A Transformação”. O Daily Mail procurou um representante do diretor Cary Joji Fukunaga para comentar as acusações, mas não obteve resposta. Já Raeden Greer falou sobre o caso em seu Instagram. “Isso é muito assustador, mas minha história está aí”, escreveu.