Uma idosa de 86 anos morreu em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, após descobrir que carregava um “bebê de pedra” e passar por um cirurgia para retirar o feto. Segundo o g1, a senhora estava com o feto calcificado no abdômen há 56 anos, desde quando teve a última gestação.
Ela deu entrada no Hospital Regional de Ponta Porã em 14 de março, com um quadro de infecção grave e dores abdominais intensas. No mesmo dia, como apontou a Secretaria de Saúde da cidade, uma tomografia 3D constatou o bebê calcificado. A primeira suspeita dos médicos foi câncer.
Após o procedimento cirúrgico realizado pela equipe de obstetrícia, a idosa foi encaminhada para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e morreu no dia 15 de março. A causa da morte, de acordo com o portal, foi em decorrência do quadro de infecção generalizada.
Especialistas apontam a condição do “bebê de pedra” como raríssima. Até junho de 2023, existiam menos de 400 casos registrados na história da medicina.
Assista a um trecho da tomografia:
Idosa descobre "bebê de pedra" pic.twitter.com/atm6XVHMW3
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) March 19, 2024
O secretário de Saúde de Ponta Porã, que também é médico, explicou que o nome da condição é “litopedia”. De acordo com ele, ocorre quando o feto de uma gravidez morre e se calcifica dentro do corpo da mãe. A palavra litopédio vem do grego e significa “criança de pedra”.
“A litopedia é um tipo raro de gravidez ectópica [quando o óvulo fertilizado se desenvolve fora do útero], e ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica. O ‘bebê de pedra’ é resultante e pode não ser detectado por décadas, e pode causar complicações futuras”, disse Patrick Derzi.
Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, a maioria das pacientes é assintomática e o diagnóstico geralmente é feito “por acidente” em exames de imagem. Dor abdominal, constipação crônica, obstrução intestinal, formação de fístula e abscesso pélvico estão entre os efeitos colaterais do “bebê de pedra”.