No começo desta semana, Juliana Lohmann veio à público com uma corajosa carta aberta para a revista Claudia, relatando um caso de estupro que viveu aos 18 anos com um diretor famoso e um relacionamento abusivo pelo qual passou alguns anos depois. O tocante depoimento comoveu o público, entre outras coisas, pelo fato de ela mencionar que a namorada seguinte de seu ex também sofreu violências psicológicas, verbais e físicas dele.
“Quando consegui me libertar, tentei estabelecer uma boa relação com ele, que se mostrou amigável. Era um alívio que tudo tivesse finalmente acabado. Eu o via pelas redes sociais com a nova namorada e seu novo ótimo relacionamento, e achava que o horror tinha se estabelecido só no nosso encontro. Pronto: a culpa também era minha”, descreveu a atriz. No entanto, sua percepção mudou algum tempo depois, quando descobriu a verdade.
“Anos mais tarde, descobri que ela também estava sofrendo vários tipos de violência. E não, nada tinha acabado. Quanto mais eu me distanciava dos ocorridos, mais percebia que os danos psicológicos ainda reverberavam dolorosamente”, lamentou Juliana, mencionando, na sequência, que quando percebeu o que havia vivido, o crime já havia sido prescrito na Justiça. “Talvez, se eu tivesse lido um relato como esse, pudesse ter compreendido melhor a situação e eles não estariam impunes. Talvez a namorada seguinte do meu ex não tivesse sofrido o que sofreu”, pontuou.
Foi a partir dessa descrição que mulheres resgataram o depoimento dado pela atriz Júlia Konrad, também para a ‘Claudia’, apenas duas semanas antes. Em sua carta aberta, a artista falava sobre os vários “estupros conjugais”, que sofreu dentro de um relacionamento abusivo. No mesmo relato, ela conta sobre como o tal namorado mencionava o “trauma” de uma relação anterior e também afirma que entrou em contato com a antiga namorada dele, que passou pela mesma coisa que ela.
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“Completamente hipnotizada por aquele olhar, acreditava em tudo que saia daquela boca. Suas histórias de trabalho, onde ele era injustiçado constantemente, apesar de sua ética impecável, sua enorme habilidade. Seu coração partido, machucado, sofrido, o trauma de um relacionamento anterior”, descreveu Júlia à Claudia. Em outro momento, ela menciona as desculpas dadas pelo sujeito após estuprá-la. “E depois da tempestade, do dever cumprido, vinha reconquista. O pedido de desculpas, a explicação dos traumas do relacionamento passado“, contou.
“Recentemente, uma ex-parceira desse mesmo homem entrou em contato comigo. A mulher que o tinha ‘traumatizado’. Ela tinha visto um post no Instagram onde eu mencionava ter sofrido um relacionamento abusivo, sem dar muitos detalhes. Ela teve certeza sobre quem eu estava falando. Escutei seu relato em silêncio por telefone, que ficou ensopado do tanto que chorei. E com mais dor ainda, descobri que os vários crimes que haviam sido cometidos contra ela já haviam prescrito”, afirmou Júlia.
O fato de ambas terem vivido relacionamentos com violência e dos relatos apresentarem intersecções (um falando sobre o namoro futuro e outro sobre o passado do agressor) chamou atenção da web, que trouxe à tona o nome do ator Caio Paduan, único namorado em comum das duas.
Juliana e Caio se conheceram nos bastidores de “Malhação”, em 2011, quando ela tinha 22 anos, e namoraram por um ano e oito meses, até 2013, o que confere com a descrição feita no relato dela. “Eu e esse namorado tivemos um relacionamento relativamente duradouro por volta dos meus 20 anos, no qual constantemente sofri violências psicológicas, verbais e físicas”, escreveu Lohmann.
Já Júlia conheceu Caio em 2014, um ano após o término com Juliana, em uma confraternização do empresário dele. Segundo relatos da época, eles ficaram horas conversando e depois assumiram o romance. “Nos conhecemos em uma festa. Lembro de tê-lo visto chegar pela janela do apartamento de primeiro andar. Nossos olhares se cruzaram naquele instante, e minutos depois estávamos frente a frente no parapeito daquela janela, formalmente apresentados por um amigo em comum. Conversamos a noite inteira, e eu constantemente me perguntava se aquele homem era real, com sua voz doce, seu jeito caloroso, olhar acolhedor”, descreveu a atriz sobre o agressor.
Ela e Caio namoraram por três anos, até dezembro de 2017. Em sua carta aberta, a artista não menciona nomes, mas ressalta que foi um namoro longo. “Esse foi o primeiro de vários estupros que sofreria durante anos de relacionamento”, descreve em um determinado momento.
Diante das semelhanças, usuários da internet logo começaram a acusar o ator de ser o agressor de ambas. “Acabei de estragar com o resto de saúde mental que eu tinha hoje lendo os relatos da Julia Konrad e da Juliana Lohmann sobre violência sexual em um relacionamento extremamente abusivo. O ex das duas em comum é o ator CAIO PADUAN”, apontou uma mulher.
https://twitter.com/Julia_2028/status/1283572275984433153?s=20
“O relato da Júlia e o relato da Juliana, ambos desse ano! As duas na mesma revista, as duas namoraram por um longo período o mesmo ator com carinha de anjo. Dá pra saber exatamente quem é!”, pontuou uma jovem. “Nossa, mas esse Caio Paduan é um lixo pqp”, expôs outra, em resposta.
https://twitter.com/Charmingcabeyo/status/1283481806529015810?s=20
Procurado pelo hugogloss.com, Paduan se pronunciou através de sua advogada, que pontuou que ele não tinha nada a falar. “O que posso dizer como assessoria jurídica dele é que Caio Paduan desconhece os fatos e que não possui qualquer processo criminal ou mesmo investigação em seu nome”, declarou, simplesmente. A resposta foi a mesma tanto para o relato de Júlia, quanto para o de Juliana.
Apesar das circunstâncias, obrigado, meninas, por relatos tão importantes, que podem ajudar tantas mulheres passando pela mesma coisa, a se abrirem e procurarem ajuda também.
ATENÇÃO: Lembre-se que, caso você ou alguma mulher que você conhece esteja passando por qualquer situação de violência no relacionamento, é possível denunciar por meio de uma ligação gratuita e confidencial no número 180. Oferecido pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), esse canal de denúncia funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana e, além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminhá-las aos órgãos competentes e realizar seu monitoramento, o Ligue 180 também dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.