Marcius Melhem segue tomando medidas legais para tentar esclarecer as polêmicas nas quais se envolveu, com denúncias de assédio moral e assédio sexual contra ele. Depois de mover um processo contra Dani Calabresa, o humorista resolveu entrar com ação também contra a Revista Piauí, Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Marcos Veras e o youtuber Felipe Castanhari.
Os processos foram protocolados na última sexta-feira (15). Em cada uma das ações, Marcius pede uma indenização, além de querer retratações públicas. Contra a Revista Piauí, Melhem pede R$200 mil por danos morais, ofensa à honra e manipulação dos fatos. O periódico foi responsável pela primeira grande matéria que fez graves denúncias sobre o comportamento do ex-diretor global. Caso ganhe, o humorista afirmou que doará o dinheiro ao retiro dos artistas.
“Com relação à imputação de crime, a questão é diamantina, na medida em que a requerida, mesmo sem condenação nesse sentido, tratou Marcius como criminoso, convencendo o leitor de que o Requerente é um delinquente impulsivo e perigoso“, dizem os advogados de Melhem.
Já os processos contra Rafinha, Danilo, Marcos e Felipe pedem, cada um, uma indenização de R$ 50 mil, por danos morais e ofensa à honra. A defesa do ex-Global argumenta que as opiniões dos humoristas e do youtuber passaram do que se pode definir como liberdade de expressão, e ofenderam a honra, intimidade e imagem pública de Marcius. Ele exige, além do dinheiro, retratações nas redes sociais de todos e em entrevistas concedidas por eles. Caso ganhe, essas quantias também serão revertidas a instituições de caridade.
Os quatro processados por Melhem usaram suas redes sociais para criticá-lo quando as acusações de assédio tomaram força. Gentili, por exemplo, foi ao Twitter falar que a imprensa estava pegando leve com o ator. “Uma piadinha irrita mais o jornalismo brasileiro do que assediador, cuspidor de mulher e pedofilia (se forem de esquerda, claro)“, escreveu. Ele ainda relembrou uma matéria em que Marcius falou mal dele, afirmando que a comédia não anulava o Código Penal. “Se a comédia não anula o código penal, imagine o assédio, Marcius Melhem“, rebateu Danilo.
Uma piadinha irrita mais o jornalismo brasileiro do que assediador, cuspidor de mulher e pedofilia (se forem de esquerda, claro)
— Danilo Gentili (@DaniloGentili) October 25, 2020
Se a comédia não anula o código penal, imagine o assédio, @omarciusmelhem https://t.co/vz9zivYzTA
— Danilo Gentili (@DaniloGentili) October 25, 2020
Já Marcos Veras usou seu Instagram para demostrar apoio à Dani Calabresa e fez acusações contra Melhem: “Que Marcius ou qualquer outro ou outra que tenha compactuado com isso, responda pelos atos“, escreveu. A defesa do ex-global pede que os humoristas e o youtuber provem as acusações disparadas contra ele.
[ATUALIZAÇÃO ÀS 23H40] Em nota enviada ao hugogloss.com, a assessoria de Melhem informou que a juíza Ana Luiza Madeiro Cruz Eserian, do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou, na tarde desta segunda-feira, que o influenciador digital Felipe Castanhari apague a mensagem que postou em seu Twitter no dia 5 de dezembro contra Melhem, sob pena de uma multa no valor de R$ 10 mil. “Desse modo, não se pode admitir que alguém, a pretexto de estar manifestando o livre pensamento, impute a outro, peremptoriamente, a prática de crime pelo qual, conforme consta nos autos, não foi sequer indiciado, ao menos até o momento”, escreveu a juíza na decisão. O mérito da ação contra Castanhari ainda não foi avaliado e portanto ele ainda pode ser condenado a desembolsar a quantia e fazer a retratação.
Processo contra Dani Calabresa
Em um novo capítulo do escândalo envolvendo Marcius Melhem e Dani Calabresa, o ator, acusado de assédio sexual e moral por ex-funcionárias, decidiu buscar reparação e agora move um processo de calúnia e difamação contra a atriz, protocolado na última quinta-feira (14) na Vara Civil de São Paulo. A ação pede que a loira seja condenada ao pagamento de uma indenização de R$ 200 mil por danos morais, valor que seria doado para instituições, caso o ex-diretor ganhe o processo.
Além disso, a defesa do humorista exige que Dani faça uma retratação pública e arque com todas as cifras desembolsadas por Marcius com tratamentos psiquiátrico e psicoterápico, após o suposto caso vir à tona. Segundo o UOL, a quantia gasta somada chega aos R$ 46.400.
Ainda para embasar o pedido, Marcello de Camargo Teixeira Panella, advogado de Melhem, anexou áudios e prints de mensagens que ambos artistas trocaram entre 2017 e meados de 2019, buscando demonstrar que o tratamento de Calabresa seria “absolutamente incompatível com aquele esperado de uma sedizente vítima de assédio“.
Em uma das conversas, que aconteceu no dia 1º de junho de 2017, os dois falavam sobre uma foto íntima que a atriz teria mostrado ao autor do processo. “Te amo sem você me mandar um nude, olha que puro!”, comentou o carioca. “Ahaha mostrei sem você pedir”, respondeu a loira. “Mostrou e eu lembro de cada detalhe”, replicou Marcius.
No final do mesmo mês, o ator agradece pelas supostas fotos nuas que recebeu da colega: “Te amo, sou seu fã. Agradeço pela confiança, pelo carinho, pelo talento… e ok, pelos nudes que você me mostrou. Ou seja, talentosa e gostosa”. Dani apenas riu, usando emojis em seu texto.
Outras mensagens, enviadas após a fatídica festa de celebração do “Zorra” – na qual Melhem teria tentado beijar a humorista à força, assim como também teria exibido suas partes íntimas para a colega – também foram apresentadas. No dia 2 de dezembro de 2017, Calabresa teria enaltecido os dotes físicos do humorista. “Deus te deu vários dons”, escreveu, em tom de piada, se referindo ao pênis do ator, com um emoji de ‘beringela’.
“Era rotineira a troca de mensagens, tanto pessoais como profissionais entre ambos: Daniella enviava matérias que queria ver comentadas pelo Autor (Melhem), reclamava do conteúdo de outras produções, desabafava sobre insatisfações diversas – profissionais e pessoais. O tom jocoso e íntimo era constante no tratamento entre ambos. Entre Autor e Ré eram comuns as brincadeiras, inclusive de natureza sexual. Mas nada aí havia de constrangedor, abusivo ou imposto”, sustentou o advogado, no documento, que traz ainda uma série de outros registros.
“Tais manifestações, com efeito, se davam no âmbito da livre esfera de vontade de dois adultos, solteiros, maiores e capazes. Sob essa ótica nada há a ser recriminado ou censurado; frise-se, não sendo cabíveis quaisquer juízos de valor a respeito”, completou o profissional.
Melhem, por vezes, negou as acusações de assédio sexual e moral. “Ora, fosse verdade o veiculado na Piauí, não seguiria a ré requisitando conselhos pessoais e profissionais ao autor. Fosse verdade, não teria a ré encaminhado dezenas de áudios carinhosos ao autor, enaltecendo-o nos âmbitos pessoal e profissional. Fosse verdade, não teria enviado áudios e mensagens para comentar e divertir-se com situações inusitadas por ela vivenciadas”, encerrou Marcello de Camargo.
Confira mais algumas das supostas conversas entre os ex-colegas de trabalho:
Em 17 de dezembro, Mayra Cotta, advogada que representa Calabresa e outras funcionárias da Globo, entrou com pedido de investigação de Melhem no Ministério Público. A profissional prometeu processar criminalmente o ator – pelo fato de ele ter divulgado áudios de uma conversa com sua cliente – e anunciou que solicitaria indenização por danos morais à atriz.
Entenda o caso
Em dezembro de 2019, denúncias de assédio feitas por funcionárias da Rede Globo contra Marcius Melhem vieram à tona e deixaram o público chocado. Em agosto do ano passado, depois de uma longa investigação do caso, o humorista foi desligado da emissora, na qual trabalhava há 14 anos. Até então, nenhum detalhe sobre os relatos das vítimas ou sobre o processo iniciado pelo canal, havia sido divulgado.
Em uma extensa reportagem da revista Piauí, publicada no final de novembro (30), o jornalista João Batista Jr. trouxe depoimentos reveladores de algumas das testemunhas de Dani Calabresa. Por anos, a atriz teria sido vítima de assédio sexual por parte de Melhem. Segundo a publicação, o primeiro deles aconteceu ainda em novembro 2017, durante uma festa de celebração ao 100º episódio do “Zorra”, após a reformulação do humorístico.
Durante o evento, Melhem teria tentando beijar a atriz à força, assim como também teria exibido suas partes íntimas para a colega. Esse, entretanto, foi apenas o primeiro dos episódios de assédio praticados, apontados na matéria. Leia os relatos na íntegra, clicando aqui.