Essa história parece trama de novela… Há duas décadas, o Hospital da Polícia Militar de Vitória, no Espírito Santo, abriga uma mulher em estado vegetativo, que chegou ao local em 2000, após ser atropelada por um ônibus. No entanto, segundo informações do MPES (Ministério Público do Espírito Santo), a desconhecida, que hoje aparenta ter cerca de 40 anos, pode ser uma criança que desapareceu 1976, em Guarapari, cidade que fica a 55 km da capital. Meu Deus!
De acordo com a entidade, que vem acompanhando o caso desde o início, uma equipe de papiloscopistas (ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas presentes nas palmas da mão e na sola dos pés) da FNSP (Força Nacional de Segurança Pública) tentou, em 2020, finalmente realizar a identificação da paciente. Em uma reviravolta inesperada, durante a investigação, foram identificadas semelhanças entre a paciente e a criança desaparecida de Guarapari.
Na época do desaparecimento, a família da menina, que tinha cerca de 1 ano e 9 meses de idade e é originalmente de Minas Gerais, estava passando as férias no Espírito Santo. Após as descobertas, um exame de reconhecimento facial foi solicitado pelos especialistas, para saber se existem compatibilidades entre a mulher adulta que está internada e a criança perdida. O resultado? As imagens de “Clarinha”, como a paciente foi apelidada pelos funcionários do hospital, e da menina desaparecida, são compatíveis. Socorro!
Em nota divulgada recentemente, o MPES informou que fez um pedido ao Laboratório Tomasi do perfil genético de “Clarinha” e enviou este material para a Polícia Civil de Minas Gerais, que mantém arquivado o perfil genético da criança desaparecida. Agora, o MPES aguarda os resultados, para resolver o caso que que se desenrola há tantos anos.
Caso Clarinha
A história chocante de Clarinha “começou” nos anos 2000, quando a mesma foi atropelada por um ônibus no Centro de Vitória. Segundo testemunhas, a tragédia aconteceu enquanto a mulher desconhecida fugia de um perseguidor que, como ela, nunca foi identificado.
Após o acidente, ela foi levada ao antigo Hospital São Lucas, local onde passou por diversas cirurgias, já que o impacto com o veículo lhe rendeu ferimentos graves. Em meio às intervenções médicas, o cérebro de Clarinha foi afetado e, desde então, ela permanece em um coma profundo. Assim como a polícia, o hospital não conseguiu identificá-la, já que a mulher chegou ao local sem seus documentos e com suas digitais desgastadas.
Na época da tragédia, tanto as autoridades quanto o hospital fizeram tentativas de encontrar conhecidos da mulher entre as pessoas que testemunharam o acidente. No entanto, ninguém tinha informações sobre a vítima que, na sequência, foi transferida para o HPM, onde permanece recebendo tratamento.
Pelos últimos 20 anos, o hospital e o MPES tentaram, por diversas vezes, encontrar parentes da vítima. Ambas as organizações pediram auxílio a outros Ministérios Públicos para aprofundar a busca por informações em bancos de dados de pessoas desaparecidas, em delegacias e junto a registros da Polícia Federal, mas, infelizmente, nenhuma das tentativas teve sucesso.
O caso de Clarinha ganhou grande repercussão na mídia em 2016, após reportagem exibida no “Fantástico“, da TV Globo. Na época, 102 pessoas procuraram o MPES na tentativa de identificar a mulher como uma possível desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas similaridades ao caso de “Clarinha”.
“Depois de uma triagem mais detalhada, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O MPES dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares”, revelou a instituição.