Ela faz o lançamento dela! Com o apelido de Boca Rosa, a carioca Bianca Andrade arrebatou milhões de seguidores em suas redes sociais, lotou teatros no Brasil e deu um novo significado ao trabalho de influenciadora digital, tornando-se uma grande empresária do setor de beleza. Com o nome de batismo, ela foi uma das principais participantes do “BBB20”, e agora se prepara para um novo desafio: a estreia de um programa ao vivo no YouTube!
Durante o bate-papo exclusivo com o hugogloss.com, a jovem contou tudo sobre o “Boca a Boca”, que estreia no dia 23 de junho, às 21h. A atração, que promete mostrar as várias facetas de Bianca, discutir tabus e trazer atrações musicais, marca seu retorno para a plataforma que a lançou após um ano e meio longe. “Eu sou uma mulher que gosta de mudar, de me reinventar e abraçar isso em mim. Precisava respeitar isso [nesse período longe]. Agora eu volto de uma maneira completamente diferente, porém com o que eu mais amo, que é essa interatividade com meu público”, adiantou.
O papo, claro, não poderia deixar de lado sua relação atual com os ex-colegas de confinamento, a possibilidade de convidar Rafa Kalimann — desafeto declarado no “BBB20” — para participar do seu programa, e como avalia todas as críticas que recebeu aqui fora por “passar pano” para o machismo dos brothers. “Eu perguntava, eu escutava, tentava entender e pensava ‘Meu Deus, o que tá acontecendo?!’. Aí quando eu saí e vi as cenas, vi o que aconteceu, aí eu entendi. Minha cabeça abriu pra tanta coisa. Eu entendi agora a revolta de todo mundo, realmente era revoltante”, admitiu.
Confira a entrevista com Bianca Andrade na íntegra:
Hugo Gloss: Bom, primeiro a gente quer saber tudo sobre o “Boca a Boca”. De onde surgiu a ideia e o que vem por aí nesse projeto? Além do quadro “Tabuleiro”, quais outros quadros ou dinâmicas serão implementados?
Bianca Andrade: O “Boca a Boca” é meu grande momento de volta para o YouTube, né?! Minha história começou lá há 10 anos, mas eu parei um ano e meio atrás. Eu disse para os meus seguidores que precisava dar um tempinho, mas estavam todos ansiosos para o retorno. Eu gosto de coisas novas, de me reinventar, e aí veio essa oportunidade de apresentar um programa. Eu sempre brinco que não foi uma ideia minha, não é um mérito meu. A minha empresária Kamilla Fialho falou: “Vou te desafiar, que tal voltar com um programa ao vivo?”. Aí eu falei “Meu Deus do céu, e agora?!”. Só que eu amo coisas diferentes e falei, “Cara, é isso! Esse vai ser meu retorno!”. Quero levar conteúdo de qualidade e entretenimento diferente para o meu público. E eu tô me jogando por completo! Sobre os quadros, o programa inteiro é baseado na minha personalidade. Eu sou muito cheia de contrastes, né?! Então, a mensagem principal que eu quero passar é que as mulheres podem ser quantas elas quiserem, e isso vai ser mostrado em cada quadro. Eu posso falar do meu quadro com a Marcela [Mc Gowan], que é esse chamado “Tabuleiro”, e é o que eu tô mais ansiosa. É muito gostoso pegar um assunto que às vezes as mulheres têm medo de falar e discutir sobre ele abertamente, naturalmente. Essa ideia veio através de uma live que a gente fez juntas e foi sucesso absoluto. A gente não imaginava, aí eu quis trazer para o meu programa. Tudo que eu vejo que pode levar entretenimento e ainda passar uma mensagem pra galera, eu tô colocando dentro do programa.
HG: O programa vai ser ao vivo… Como tem sido sua preparação pra encarar um desafio como esse? É a primeira vez que você fará algo assim, né?! Quanto tempo de duração cada episódio?
BA: Assim, quando eu participei do elenco do “É de Casa” também era ao vivo, e já fiz dois anos de teatro, o que pode me ajudar um pouco, mas é tudo muito novo. Cada programa vai ter uma média de uma hora de duração, mas se deixasse, seria 3 horas. [Risos] Mas tem que ter um limite, uma hora precisa terminar. Então vai ser essa média, mais ou menos 40 minutos, uma hora. Eu tô me preparando muito! Eu já me arrisquei em várias coisas diferentes e eu gosto de estudar pra poder dar o meu melhor e me sentir segura, caso contrário eu fico travada. Eu tô fazendo coaching duas horas por semana, e é um universo muito louco. Ela me ensina tudo! Qual é a postura, o tom de voz para cada tipo de informação, como o apresentador fala. A brincadeira da Jennifer com a Bianca Business, como cada uma fala, a postura. Eu tô me divertindo muito! Termino as aulas super elétrica!
HG: Você ficou um ano e meio mais ou menos sem produzir conteúdo diretamente para o YouTube. Muita coisa mudou e aconteceu de lá pra cá, inclusive você. Como você encara esse momento da carreira? Eu ouvi dizer que você não estava mais se sentindo feliz fazendo vídeos naquela época antes de parar. Por quê?! E por qual motivo você decidiu retomar?
BA: Na verdade foi um sentimento de confusão dentro de mim, dessa fase de transição de adolescente para mulher. Eu tinha 16 anos quando comecei, e eu acho que nesse caminho, falando por mim, eu me perdi em vários momentos. Fiquei confusa de que conteúdo fazer e tal, e eu sempre fui muito aberta com meu público. Então falei: “Gente, tô meio perdida, vou dar um tempinho para me entender”. Na verdade, vários motivos aconteceram naquela época. Coisinhas que foram acontecendo e me deixando meio perdida, aí pronto, falei “Cara, eu vou ser sincera com elas [seguidoras] e falar que vou dar uma pausa, porque é o mais sincero do meu coração agora”. Eu precisava entender o que queria da minha vida, queria fazer coisas diferentes. Eu sou uma mulher que gosta de mudar, de me reinventar e abraçar isso em mim. Precisava respeitar isso. E agora eu volto de uma maneira completamente diferente, porém com o que eu mais amo, que é essa interatividade com meu público, sabe?! Papo de amiga, ao vivo, tudo pode acontecer! Essa adrenalina me move. Tudo que eu faço tem que ser do fundo do coração. Se fizer por fazer, não dá certo. Desde quando eu pausei, já estava tentando me encontrar para poder voltar. E eu me cobro muito, então eu falava “Agora vai essa ideia”, depois era “Ah, essa ideia não”. Mas antes de entrar no “Big Brother”, eu já pensava que quando eu saísse, muita gente iria me conhecer e seria a hora de voltar para o YouTube. Agora a gente tá fazendo acontecer!
HG: Você chegou a dizer que as vendas dos seus produtos triplicaram durante o “BBB20”. Profissionalmente e financeiramente, que outros frutos você tem colhido graças ao programa?
BA: Quando fui entrar no “Big Brother”, cheguei para o meu time e falei “Gente, eu sei que é loucura, mas nós vamos vender três vezes mais”. Quando eu saí, uma das primeiras perguntas que eu fiz para a minha equipe foi sobre isso. E eles falaram que foi três vezes mais, que não estavam dando conta. Ainda brinquei, “Falei pra vocês prepararem esse estoque!”. Para mim, isso foi uma das coisas mais satisfatórias da vida. Você ter uma visão, acreditar nela e trabalhar nisso. Eu deixei um material de crossmedia gigantesco antes de entrar e realmente tivemos o resultado. Eu também tive muitos aprendizados como Bianca mesmo. Sempre falo que o “Big Brother” é uma experiência muito intensa. Então ganhei tanto quanto pessoa como profissional. E agora também tô fazendo meu empresariado artístico, pensando na minha carreira. Eu foquei muito no passado no meu business como empresária, todos meus lançamentos foram para esse lado. Quando eu saí da casa, vi que era hora de dar o próximo passo. E agora os dois lados estão andando juntinhos, a Bianca “Boca Rosa” e a Bianca Andrade.
HG: E aproveitando a deixa, a gente precisa falar sobre sua participação polêmica no reality. Ficou alguma mágoa do que você viveu lá dentro?
BA: Eu até falei isso nas redes sociais, tudo que eu vivi lá e me magoou, eu deixei lá dentro. Justamente para poder evoluir. Penso na minha vida assim, muita coisa aconteceu, então eu tenho que pegar o que foi bom e maravilhoso. O que não foi, transformo em aprendizado. Não posso ficar parada naquela energia ali, tenho que aprender, evoluir e entender. Tanto que eu sou muito grata. Eu sou muito grata dessa oportunidade, não me arrependo nenhum segundo. Depois do “Big Brother”, as pessoas começaram a me conhecer de verdade. Hoje elas sabem quem é a Bianca e isso pra mim é muito bom, saber que elas conseguiram me enxergar. Eu até fico emocionada, porque eu queria muito que as pessoas me conhecessem. Por mais que elas me acompanhassem pela internet, muita gente não sabia e me conhecia direito na vida real.
HG: E das pessoas? Tem alguém que você não quer ter contato mais? E quem você levou pra sua vida?
BA: Eu não tenho isso, não é da minha personalidade “Ah, não quero ter contato com alguém”. Eu falo com todo tipo de pessoa. Eu só não tenho tempo de falar com a galera na verdade. Até com minhas amigas! [Risos] Mas se Deus quiser, uma hora a gente vai dar uma acalmada e eu vou conseguir falar com elas. A Flay é tipo minha irmã. Ela virou uma parceirona! Desde lá no “Big Brother” já falávamos “Quando a gente sair daqui, vamos mostrar que não somos só loucas”. Ela é muito louca, mas também tem esse lado que é muito talentosa. Ela canta que é uma coisa absurda! Então ela virou uma irmãzona e a gente se ajuda muito. A gente também tem o grupo das “canceladas”. A Marcela eu tenho conversado um pouco mais também. Todo mundo que tem um vínculo comigo de algo ligado a trabalho acabo tendo mais contato.
HG: Eu vi que seu programa terá a participação da Marcela. A gente pode esperar ver outros ex-BBBs da sua edição por lá?
BA: Pode! Pode esperar de um tudo nesse programa, inclusive! [Risos] Minhas amigas do grupo das “canceladas” [Flayslane, Marcela, Ivy e Mari Gonzalez] já estão confirmadas, e vai ser demais!
HG: Você convidaria a Rafa Kalimann, por exemplo?
BA: Vou te falar, existe um fã-clube que chama RaBia, e é muito fofo quando o público não faz rivalidade feminina, sabe?! Quando o público não alimenta isso. Eles até levantaram uma hashtag #RivalidadeFemininaNão e eu até retuitei. Foi uma das coisas mais lindas que eu já vi. Dois fandoms diferentes se unindo pra fazer isso. Então, por que não convidar?! Quem sabe!
HG: E fora os BBBs, quem você já pode adiantar como convidado? E quem você sonha em entrevistar no programa?
BA: A primeira é a Pabllo Vittar! Ela é um hino, maravilhosa, canta minha trilha sonora “Amor de Que”! Não poderia ser outra pessoa para estar comigo neste primeiro programa. Inclusive, teve um trabalho dela que foi muito minha inspiração para esse período de divulgação, então eu queria muito que fosse ela a primeira. Teremos alguns outros convidados também, outros cantores… Um dia eu gostaria muito de entrevistar a Kylie Jenner e em inglês. Se Deus quiser, um dia eu vou! Por que não, né?! Eu tô até fazendo aulas de inglês, inclusive, pra levar um dia minha marca lá pra fora. Meu sonho era fazer minha marca ser conhecida a nível nacional, e a gente tem conseguido trabalhando muito. Olha que conquista! Por que não continuar [sonhando], né?!
HG: Durante uma participação no canal do Matheus Mazzafera, o Guilherme Napolitano falou que entre vocês só existia amizade. Você chegaram a conversar e pensar se existia a possibilidade de acontecer algo mais sério aqui fora?
BA: Na verdade, ele me mandou uma mensagem e eu sou uma pessoa que eu gosto de ser educada com todo mundo. Então eu falei com ele, falamos um pouco sobre tudo e tal, mas é só amizade mesmo, como foi lá dentro é aqui fora e assim vai ser.
HG: E com a Gabi? Vocês conversaram aqui fora? Como ficou a relação de vocês?
BA: Não. Na verdade, eu não tô conseguindo falar com ninguém ainda. Eu tenho feito muitas coisas, do contrário eu falaria super com todo mundo.
HG: Depois da sua participação no “BBB20”, você pareceu mais aberta e confortável para falar sobre sua sexualidade, inclusive sobre seu interesse em mulheres. Como tem sido expor esse seu lado publicamente? Você recebeu algum tipo de “hate” das suas seguidoras mais antigas ou algo do tipo?
BA: Olha, eu comecei a colocar na minha cabeça: “Por que não falar se é uma realidade minha?”. Então eu falo com muita naturalidade, sabe? Eu sou a favor da liberdade e da felicidade. Cara, ser autêntica é a coisa mais linda do mundo. O que eu mais admiro numa pessoa com certeza é a autenticidade. Eu tenho um segredo! Sempre que eu vejo que um assunto é tabu, eu levo no bom humor. Porque aí desconstrói, sabe?! Une, dá intimidade. Até para quem o assunto possa ser um tabu, acaba entrando na conversa, consegue olhar com outros olhos. Eu penso muito nisso, de falar de uma maneira que seja leve, até mesmo para as meninas que passam pelo mesmo que eu passo vejam eu falando assim e passem a falar também. Em casa, com a mãe, o pai. E eu não tive rejeição, você acredita?! Meu público é muito fofo em relação a isso, inclusive, ele até diz que gosta quando eu falo sobre isso, porque a gente precisa discutir mais. Precisamos tratar esse assunto como qualquer outra questão.
HG: Durante o “BBB20”, você foi muito criticada por conta de um comportamento interpretado como machista, e que não correspondia com o movimento feminista, que você sempre apoiou. Como foi lidar com tudo que estava sendo falado sobre você aqui fora?
BA: Foi muito doido aquela situação pra mim. Fiquei muito confusa, me senti completamente perdida. Nossa, eu chorava ali quase todo dia e eu nem sou de chorar. Ali eu vi: “Eu tô completamente perdida”. E eu não conseguia entender muita coisa, mas muita coisa mesmo. E eu perguntava, eu escutava, tentava entender e pensava “Meu Deus, o que tá acontecendo?!”. Aí quando eu saí e vi as cenas, vi o que aconteceu, aí eu entendi. Minha cabeça abriu pra tanta coisa. Hoje eu já tenho um olhar tão diferente, aprendi tanta coisa. Eu entendi agora a revolta de todo mundo, realmente era revoltante. Eu me senti nesse lugar de ver o machismo acontecer e não perceber. Quando eu vi que estava numa situação dessa, falei: “Não, eu não vou aceitar isso. Acorda pra vida, meu amor! Vamos estudar!”.
HG: Recentemente você retirou dois patrocinadores de um sorteio do seu Instagram, porque eles se envolveram com casos de racismo e machismo. Na época você reforçou que apoiar esse tipo de comportamento não fazia parte do processo de desconstrução que você está passando. Como tem sido esse processo e o que você tem aprendido principalmente?
BA: Eu aprendi que esse meu processo de desconstrução tá muito mais linkado em atitudes. Muito mais do que a gente falar alguma coisa, melhor é fazer. Você mudar a sua realidade, perceber ela, quais atitudes que você está tendo para a evolução do ser humano, como eu até gosto de dizer. Eu fico mais preocupada hoje em dia com meu comportamento. Por isso eu tive essa atitude que você citou, porque não tinha como. Eu tô vivendo esse momento e eu preciso agir, não é só ouvir, me colocar no lugar da escuta, é colocar em prática também. E eu tenho muitas amigas também com quem converso. A minha amiga que mora comigo, a irmã dela é socióloga e já deu uma aula pra gente, explicando o bê-a-bá do que anda acontecendo e, pra mim, tem sido muito importante. Eu sou muito aberta pra ouvir, isso é algo que eu tenho facilidade. Não tenho muito ego, não. Nem acredito que alguém tenha que ter, principalmente no lugar de aprendizado. Quando eu tô errada, falo algo errado, peço “Gente, me corrija! Se eu errei alguma coisa, pode falar! Pode me dar bronca!”.