Vini Jr. é alvo de falas racistas em programa de TV na Espanha, e rebate: “Não vou parar de bailar”; assista

Pedro Bravo soltou falas racistas e xenofóbicas contra o atacante do Real Madrid por conta de suas dancinhas em campo

Vini Jr Racismo

O jogador Vinícius Júnior foi alvo de falas racistas e xenofóbicas nesta quinta-feira (15). Durante o programa de TV “El Chiringuito”, o Presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, Pedro Bravo, usou termos preconceituosos para se referir ao atleta brasileiro. Após a repercussão da fala, o atacante do Real Madrid se manifestou na tarde de hoje (16), em meio a uma série de apoios de grandes lendas do futebol.

O estopim da história foram as dancinhas feitas por Vini Jr. na comemoração de seus gols. Inicialmente, o jogador Koke, do Atlético de Madrid, afirmou que o brasileiro teria uma “confusão” caso fizesse isso ao marcar um gol no próximo domingo. Então, Bravo seguiu pela mesma linha de raciocínio no programa espanhol – mas comparou a atitude do atleta à de um “macaco”. “Você tem que respeitar o rival. Se quer dançar, que vá ao Sambódromo no Brasil. Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice”, declarou o agente. A fala de Bravo imediatamente revoltou colegas de programa, que logo o rebateram. Assista:

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Passado o episódio, Pedro foi às redes sociais e tentou se retratar pelo que houve. “Quero esclarecer que a expressão ‘fazer macaquice’ que utilizei mal ao qualificar a dança do Vinicius na comemoração dos gols foi de maneira metafórica (‘fazer idiotices’). Como minha intenção não foi de ofender ninguém, peço sinceramente desculpas. Sinto muito!”, escreveu o presidente da associação.

Vini Jr. se manifesta

Diante da situação, Vini divulgou um vídeo rebatendo as falas racistas que recebeu, citando como suas conquistas incomodam. “‘Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra’. Tenho essa frase tatuada em meu corpo e tenho uma atitude na minha vida que transforma essa filosofia em prática. Dizem que a felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro e vitorioso na Europa, incomoda muito mais. Mas a minha vontade de vencer, meu sorriso e o brilho dos meus olhos são muito maiores do que isso”, iniciou.

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O brasileiro, então, deu “nome aos bois” e não minimizou o que sofreu, pontuando como sua atitude não difere do comportamento de outras lendas do futebol. “Fui vítima de xenofobia e racismo em uma só declaração. Mas nada disso começou ontem. Há semanas começaram a criminalizar as minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros, dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do mundo. Aceitem, respeitem, ou surtem. Eu não vou parar”, afirmou.

Vini ainda mencionou como busca incentivar a educação e como seguirá na luta para que racismo e xenofobia sejam combatidos de frente. “Não costumo vir publicamente rebater críticas. Sou atacado e não falo. Sou elogiado e também não falo. Eu trabalho e muito! Dentro e fora de campo. Desenvolvi um aplicativo para auxiliar a educação de crianças em escolas públicas sem ajuda financeira de ninguém. Eu estou fazendo uma escola com meu nome e farei muito mais pela educação. Quero que as próximas gerações estejam preparadas, como eu estou, para combater os racistas e os xenofóbicos”, acrescentou.

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Por fim, o craque do Real Madrid deixou claro que não vai abaixar a cabeça e nem parar de dançar. “Sempre tento ser um exemplo de profissional e cidadão, mas isso não dá clique, não engaja em rede social. Então, os covardes inventam algum problema para me atacar e o roteiro sempre termina com um pedido de desculpas, ou um ‘fui mal interpretado’. Mas eu repito para você, racista: não vou parar de bailar. Seja no Sambódromo, no Bernabéu, ou onde eu quiser. Com o carinho e o sorriso de quem é muito feliz, Vini Jr”, concluiu ele.

Assista ao vídeo abaixo:

Vini Jr. recebe apoio na web

As falas de Pedro Bravo causaram muita indignação nas redes sociais, levando muitos a incentivarem que Vini Jr dance ainda mais em campo. Não por acaso, a hashtag “Baila Vini Jr” foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Colegas da seleção brasileira, como Neymar e Raphinha, entraram na corrente de apoio ao jogador. “Eu quero ver dança, eu quero ver alegria, exqueceee”, disse Raphinha.

O próprio rei do futebol, Pelé, lamentou como o racismo atingiu o jogador e quis apagar esse momento de brilho do atleta em campo. “O futebol é alegria. É uma dança. É uma verdadeira festa. Apesar de que o racismo ainda exista, não permitiremos que isso nos impeça de continuar sorrindo. E nós continuaremos combatendo o racismo desta forma: lutando pelo nosso direito de sermos felizes”, escreveu Pelé.

Uma série de times brasileiros saiu em defesa do atacante, expressando suas críticas ao preconceito demonstrado nas declarações, além de demonstrar apoio às tradicionais dancinhas de Vini Jr, como fez Ronaldo Fenômeno. “A sua dança não desrespeita ninguém, o racismo sim: desrespeita, exclui, fere e mata”, opinou o craque. Veja mais reações abaixo:

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