Vídeo de youtuber Colleen Ballinger fazendo blackface e imitando Beyoncé vem à tona

No registro em questão, Ballinger – então caracterizada como sua personagem Miranda Sings – imita Beyoncé e canta o hit “Single Ladies”

A youtuber Colleen Ballinger, que foi acusada recentemente de aliciar fãs ao longo de sua carreira, está enfrentando uma nova polêmica. Nesta quarta-feira (5), um vídeo da comediante fazendo “blackface” enquanto se apresentava ao som de Beyoncé veio à tona, rendendo uma nova onda de críticas à criadora de conteúdo.

No registro em questão, Ballinger – então caracterizada como sua personagem Miranda Sings – aparece com o rosto pintado de preto, enquanto canta e dança “Single Ladies”. Além disso, a youtuber usa um look que remete ao visual da diva no clipe da canção. Confira abaixo:

 

Blackface se refere à prática teatral de atores que se coloriam com o carvão de cortiça para representar personagens afro-americanos de forma exagerada, em peças norte-americanas. O ato, que era mais comum em meados do século 19, é considerado ofensivo há décadas, já que serve para ridicularizar a comunidade negra em prol do entretenimento do público branco. A prática também impedia atores negros de serem escalados para produções no cinema e na televisão.

O “flagra” foi originalmente divulgado pela influenciadora Paige Christie em sua conta no Twitter. Ele não está listado na página de Ballinger no YouTube e só pode ser acessado por meio de um código QR, do livro “My Diarrhea”, publicado em 2018.

Muitos apontaram que o registro foi incluído na publicação com a aprovação de Ballinger, mas isso não foi confirmado.

 

Essa, no entanto, não é a primeira vez que Ballinger é acusada de racismo. Recentemente, April Quioh – ex-assistente de roteiristas do programa “Haters Back Off”, estrelado por Colleen na Netflix, em 2016 – alegou que a youtuber usou palavras de cunho racista no set de filmagens.

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Quioh afirmou, ainda, que a intérprete de Miranda Sings chegou a exigir que todos os personagens principais fossem interpretados por atores brancos e teria insistido que a série “limitasse a quantidade de pessoas negras entre os figurantes”, alegando que a presença deles distrairia os espectadores.

“Haters Back Off” foi um seriado da Netflix. (Foto: Reprodução/Netflix)

Com a repercussão do clipe, internautas se revoltaram nas redes sociais e teceram uma série de comentários contra Colleen. “Meu Deus, isso não é um comportamento aceitável”, disparou um usuário Twitter. “Por que não estou surpreso que Colleen Ballinger fez blackface?”, questionou um segundo. “Isso é altamente desrespeitoso e perturbador para Beyoncé”, destacou outro.

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Outros vídeos da youtuber fazendo comentários e imitações xenofóbicas também foram “desenterrados” pelo público, com muitos afirmando não se surpreender com os episódios racistas de Ballinger. Confira reações abaixo:

Após nova polêmica, o show ao vivo da youtuber em St. Louis, em Missouri, nos EUA, marcado para o dia 10 de agosto, foi cancelado devido a “circunstâncias imprevistas”. A informação foi divulgada pela MetroTix, promotora do evento, que prometeu devolver o valor dos ingressos comprados.

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Equipe se pronuncia

Nesta quinta-feira (6), a equipe de Ballinger se manifestou. Em nota, seus representantes legais afirmaram que ela estaria usando tinta verde e não preta no rosto durante o vídeo polêmico.

O escritório de advocacia Berk Brettler, que representa Colleen, entrou em contato com a Variety para explicar que o clipe postado online não mostrava que, antes disso, Ballinger cantou a música “As Long as You’re Mine”, do musical “Wicked”. Para esse trecho da apresentação, ela pintou o rosto de verde como Elphaba, a bruxa protagonista da produção da Broadway.

Depois disso, ela seguiu com “Single Ladies”, enquanto ainda usava a maquiagem verde. De acordo com seus representantes, naquela época Ballinger fechava todos os seus shows com aquela música de Beyoncé, pois era um dos trechos mais populares da apresentação.

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Acusações chocantes

As alegações contra Colleen Ballinger vieram à tona pela primeira vez em abril de 2020, quando o criador de conteúdo Adam McIntyre alegou que Ballinger usou seu estrelato para tirar vantagem dele e fazê-lo trabalhar para ela de graça. Depois de lançar o vídeo, McIntyre disse que os fãs da youtuber o perseguiram e o xingaram por se manifestar. Não houve muitos outros desenvolvimentos até duas semanas atrás – três anos após as primeiras acusações.

Em junho deste ano, outro membro do fandom de Ballinger, que atende por KodeeRants, postou um vídeo agora excluído que confirmou a existência de um bate-papo em grupo chamado “Colleeny’s Weenies”, no qual mensagens inapropriadas foram supostamente trocadas entre Ballinger e um pequeno grupo de seus fãs.

Após o vídeo em questão, vários outros fãs se apresentaram nas redes sociais para compartilhar suas experiências com Colleen, alegando “má conduta”. A mais recente onda de acusações foi documentada pela Rolling Stone, que reportou que Ballinger “foi acusada de abusar de seu poder e se envolver em relações parassociais tóxicas com fãs”. Um exemplo relatado incluiu um bate-papo em grupo com McIntyre, no qual Ballinger aparentemente fez perguntas como “Você é virgem?” e “Qual é a sua posição favorita?” para fãs menores de idade.

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Na semana passada, Ballinger chocou a web com um pedido de desculpas inusitado, em vista das alegações. Em vez de um vídeo de desculpas tradicional, ela optou por tocar um ukulele e se defender com uma música. Nos dez minutos de duração, ela não pede desculpas nenhuma vez e culpa “o trem tóxico de fofocas” pela repercussão negativa que vem enfrentando na web. “Olá, pessoal. Eu queria ficar online e falar com você sobre algumas coisas. Embora minha equipe tenha me aconselhado fortemente a não dizer o que quero dizer, recentemente percebi que eles nunca disseram que eu não poderia cantar o que queria dizer”, disse ela. O vídeo já acumulou quase 9 milhões de visualizações e rendeu novas críticas à youtuber.

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