Hugo Gloss

Bryce Dallas Howard, atriz de “Histórias Cruzadas”, não recomenda o filme para entender a luta contra o racismo: “Podemos ir além disso”

Os protestos em prol de George Floyd e do movimento “Black Lives Matter” persistem nos Estados Unidos e ao redor do globo. Mesmo em meio à pandemia, civis têm ido às ruas lutar por justiça e pelo fim do racismo e abuso da força policial. Afim de se reeducarem, muitas pessoas passaram a buscar informação, e filmes retratando histórias de personagens negros tiveram grande visibilidade.

Caso esse do longa “Histórias Cruzadas” (2011), título mais assistido no Netflix pelos norte-americanos, no último final de semana. Diante da notícia, a atriz Bryce Dallas Howard explicou que existiam formas melhores de compreender a luta contra o racismo e não classificou a produção, que estrela ao lado de Viola Davis, Octavia Spencer, Jessica Chastain e Emma Stone, como uma delas.

“Ouvi dizer que ‘Histórias Cruzadas é o filme mais visto da Netflix nesse momento. Sou muito grata pelas amizades incríveis que surgiram com esse filme – nosso vínculo é algo que eu valorizo profundamente e que durará a vida inteira. Dito isto, ‘Histórias Cruzadas’ é uma obra fictícia contada sob a perspectiva de uma personagem branca e foi criada por roteiristas predominantemente brancos. Todos nós podemos ir além disso”, escreveu em um post no Facebook.

“Histórias são portas de entrada para um sentimento empático, e as melhores delas são catalisadoras da ação. Se você está procurando maneiras de aprender sobre o Movimento dos Direitos Civis, linchamentos, segregação, e todos os assuntos pelos quais isso nos afeta hoje, aqui estão alguns filmes e séries poderosos, essenciais e magistrais que focam em vidas negras, sejam elas nas histórias, ou nos criadores e/ou artistas por trás das câmeras”, prosseguiu ela, indicando uma série de títulos por fim.

Dentre os títulos recomendados por Bryce, estão os documentários “Eyes on the Prize” (1987), “13th” (2016), “Eu Não Sou Seu Negro” (2016) e “Say Her Name: The Life And Death Of Sandra Bland” (2018). Já os filmes sugeridos foram os dramas inspirados em histórias reais “Malcolm X” (1992), “Selma: Uma Luta pela Igualdade” (2014) e “Luta por Justiça” (2019). As séries escolhidas foram “Olhos que Condenam” e “Watchmen”.

Nas redes, o filme tem sido reprovado por retratar pessoas brancas como “salvadoras” das negras em determinadas situações. Assim como “Histórias Cruzadas”, os longas “Conduzindo Miss Daisy” (1989) e “Green Book” (2018) também foram alvos de críticas.

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Ainda em 2018, a própria Viola Davis disse se arrepender de ter participado da produção, não pelas pessoas com quem trabalhou, mas pela história retratada nas telonas. “Senti que no final das contas, não foram as vozes das criadas que foram ouvidas”, declarou, em entrevista ao The New York Times.

Ocatvia Spencer e Viola em cena de ‘Histórias Cruzadas’ (Foto: Divulgação)

A obra conta a história de um grupo de empregadas domésticas dos anos 60 sob a perspectiva de uma jornalista branca, interpretada por Stone. Com direção de Tate Taylor, o filme rendeu um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante a Spencer, em 2012.

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