Envolta em mistérios, a morte do ator Luiz Carlos Araújo é objeto de uma investigação minuciosa da polícia. No Boletim de Ocorrência do caso, os oficiais apontaram a existência de uma abertura no apartamento do rapaz, onde ele foi encontrado sem vida no último sábado (11), pela qual seria possível entrar sem passar pela portaria do edifício.
Segundo o Notícias da TV, policiais descreveram no B.O., que o corpo não tinha sinais aparentes de violência física, porém, o rosto de Luiz estava disforme e com a pele escura, devido ao estado de decomposição. Isso porque estima-se que a morte ocorreu cinco dias antes do rapaz ser encontrado. O registro revelou ainda que as câmeras de segurança interna do local estavam desligadas.
Quando encontrado, o ator estava deitado na cama, de barriga pra cima e com as pernas dobradas levemente. Suas vestimentas eram apenas uma cueca vermelha, meias cinzas e uma camiseta azul, e ele estava envolto parcialmente por um cobertor e tinha um saco preto na cabeça. Seu apartamento tinha câmeras na porta de entrada, no corredor e outra dentro do quarto. Os policiais observaram que existia um rack com um televisor grande, junto com um equipamento de TV por assinatura e um estabilizador. Todos os aparelhos estavam fora da tomada e desconectados dos cabos HDMI, que permitem acesso à internet.
O site contou também que, atrás da TV, havia um aparelho DVR no qual acredita-se que estão salvas e armazenadas as imagens das câmeras de segurança. A polícia, entretanto, não mexeu no equipamento, para não prejudicar possíveis evidências sobre o caso. Algo que chamou a atenção dos oficiais foi uma área grande aberta na parte do quarto, em que havia uma rede que fazia divisão de parede com uma caixa d’água. Percebeu-se que essa passagem possibilitava a entrada no apartamento, sem que fosse preciso passar pela portaria do prédio.
“Aparente possibilidade de sair do apartamento –apenas, obviamente, por alguém que o conhecesse muito bem, assim como a rotina do prédio e dos vizinhos“, observou o B.O. Nenhuma conclusão foi feita até agora, mas a sacada do quarto deixou os policiais alertas. “Especialmente porque tudo se encontrava aberto“, disse o registro.
Hipótese de morte acidental
Segundo o delegado Roberto Monteiro, da 1ª Seccional Centro/Capital, a polícia trabalha também com a hipótese de morte acidental por asfixia. “Foi questionado pela imprensa se o saco na cabeça não seria um homicídio. Não necessariamente. Primeiro, porque não há sinal de violência no apartamento. Estava trancado por dentro, o chaveiro teve um trabalho enorme para abrir. E, existe uma prática sexual que é a asfixiofilia, que a pessoa coloca um saco na cabeça para ter mais prazer“, explicou ele no programa “Melhor da Tarde”, da Band.
“Isso também não está descartado. A gente também está avaliando, porque já teve um ator e cantor que morreu dessa forma. Tinha um cinto ali, no armário, colocado de forma muito estratégica para a pessoa se pendurar. Nós não podemos dar muitos detalhes, mas nós estamos avaliando todas as hipóteses porque os laudos não chegaram ainda. Só que alguns sinais indicam que pode ser isso“, continuou.
“A intenção da polícia de São Paulo é ter totalmente a certeza do que aconteceu. E vamos ter, pela competência e pela técnica da nossa instituição. Todo mundo quer saber o que aconteceu com o Luiz Carlos Araújo, um jovem ator muito talentoso“, afirmou o delegado. O artista morava no bairro da República, centro de São Paulo. A polícia considera como linhas de investigação suicídio, latrocínio e crime passional. Como dito antes, entretanto, não há indicações de violência.
Contribuição de testemunhas
O porteiro do prédio de Luiz, Pedro da Silva Araújo, contou para a polícia que viu o ator pela última vez na segunda-feira (6), quando o rapaz saiu para almoçar. Segundo o funcionário, o artista recebia diariamente a visita de outro homem que também se chamava Luiz e que foi apresentado como um amigo da academia. O depoimento do funcionário diz que o tal rapaz teria visitado o apartamento pela última vez justamente no dia 6 de setembro.
“Ultimamente via, apenas, que um rapaz também chamado Luís sempre vinha almoçar com a vítima e sabe que ele também é aluno da academia Blue Fit. Este rapaz passava bastante no apartamento, inclusive depois que a vítima retornava da academia – sendo que sempre era seu hábito voltar em torno de 18h. Este homem, a testemunha descreve como bem alto, branco, barba, cabelos pretos, bem forte, nunca viu nenhuma tatuagem, sem nenhum tipo de sotaque identificável como diverso de paulistano“, está escrito no Boletim de Ocorrência, ainda segundo o site Notícias da TV.
Outra pessoa que pode contribuir com as investigações é um ex-namorado de Luiz, com quem a vítima se relacionou por seis anos. Os dois se separaram no ano passado. O rapaz foi ouvido pela Polícia Civil nesta quinta-feira (16), e deve ajudar os oficiais a entenderem um pouco mais sobre a vida pessoal do ator. Além dele, amigos que frequentavam a mesma academia e a casa do artista também prestarão depoimento. As informações são da Record TV.
Relembre o caso
O ator Luiz Carlos Araújo, conhecido por seu trabalho em musicais como “Lisbela e o Prisioneiro” e “Hoje é Dia de Maria”, mas principalmente por sua participação na novela “Carinha de Anjo”, do SBT, foi encontrado morto no sábado, dia 11 de setembro, no apartamento em que morava, em São Paulo.
Segundo Marilice Cosenza, uma das melhores amigas de Araújo, o artista de 43 anos não respondia as suas tentativas de contato há dias. A atriz, então, tentou falar com ele novamente na noite do dia 11, mas suas chamadas caíam continuamente na caixa postal. Foi então que, preocupada, Marilice pediu a amigas que fossem até o apartamento de Luiz para checar o que havia ocorrido.
“Ninguém atendeu a porta. O porteiro foi, tocou [a campainha] e sentiu um cheiro muito forte vindo do apartamento. Chamaram a polícia e um chaveiro. Abriram o apartamento e encontraram o Luiz na cama, já falecido. Parece que ele estava ali há uns três, quatro dias”, lamentou Cosenza, em conversa com o UOL.
Após encontrar o corpo do amigo, ela se dirigiu ao 2º DP do Bom Retiro, na região central da cidade, onde prestou depoimento à Polícia Civil. “Luiz era meu melhor amigo. Eu e outra amiga tentamos falar com ele há alguns dias e ontem o dia todo. O celular estava desligado. Conversei com amigas que foram no apartamento dele para sabermos notícias. Com a polícia e um chaveiro, acharam ele falecido na cama, parecia já há uns 3 dias. Falei com ele no domingo (4) e fui uma das últimas”, recordou a atriz. “Tudo triste e inacreditável. (…) Oremos por ele, lembremos da alegria dele e celebremos a arte como ele brilhantemente fazia”, concluiu.