Puro regozijo! Gil do Vigor lançou sua biografia “Tem que Vigorar” nesta quinta-feira (10). O livro abordou momentos marcantes da vida do ex-BBB, como sua infância pobre em Jaboatão de Guararapes (PE), a vinda para São Paulo, as dificuldades de lidar com o pai alcoólatra e a longa jornada de aceitação de sua homossexualidade.
O pernambucano ainda explicou o motivo por trás de seu amor tão grande pelo Big Brother Brasil. Para ele, o reality não se tratava apenas de entretenimento, mas sim de uma chance de sua vida mudar, uma “realidade paralela”, segundo o UOL, que leu a biografia.
A relação difícil com o pai
Sobre seu pai, Gil afirmou que conseguiu perdoá-lo, apesar de todos os problemas causados pelo homem, que também se chama Gilberto. “Meu pai bebia muito e tinha problema com drogas, se envolveu até com aquelas mais pesadas, como o crack, e fazia de nosso dia a dia um grande filme de terror“, contou o ex-BBB. O pai era agressivo, e batia na mãe do economista.
Em uma das memórias compartilhadas, o filho treinava para um concurso de modelo quando o pai se aborreceu, disse que aquilo era feio e que o faria passar vergonha na frente dos amigos. “Sonhava com o dia em que meu pai elogiaria algo em mim. Mas, naquele momento, o que ele fez foi tirar 70% do meu desejo de ser modelo. E o que restou foi-se embora no tal do desfile. Fiquei em último lugar e desisti da ‘carreira’“, relembrou. No final do mês passado, Gil do Vigor reencontrou o pai e compartilhou o momento em seu Instagram. “O reencontro aconteceu! Te amo, meu pai e obrigado por seu amor e por estarmos felizes como família”, escreveu ele.
Ataque homofóbico na Igreja
O ex-BBB se entendeu homossexual aos 13 anos, mas demorou para conseguir se aceitar. Por conta de trejeitos afeminados, ele sofreu bullying e passou por uma época em que tentava se encaixar, aprendendo a “se comportar como homem”. Um dos momentos mais difíceis foi quando um bispo da igreja o expulsou de uma atividade, ocasião que ficou marcada em Jacira Santana, mãe do ex-BBB, que também deu seu depoimento para o livro.
“Em um desses campeonatos, na igreja, o tal bispo soltou: ‘Só essa Barbie ganha? Além disso, expulsou meu filho de lá. (…) Aquela frase, obviamente, foi para debochar do jeito do meu filho, que já estava confuso na época e se culpava por tudo“, contou ela. Após o ataque homofóbico, a mãe, que não leva desaforo para casa, foi até a residência do bispo com pedras nas mãos, literalmente. Ele, entretanto, não abriu a porta.
O primeiro beijo e a primeira desilusão
Durante o processo de descoberta, Gil deu seu primeiro beijo, aos 15 anos, em seu amigo Alex. “Quando eu o beijei, entendi o que era bom“, afirmou. Dentro da casa do BBB, o economista ficou conhecido por ser muito fã de Britney Spears. Não é à toa: o tal beijo teve a diva pop como trilha sonora. E foi também com uma música da cantora que aconteceu a primeira decepção amorosa.
Desde aquela época, Gil já era muito estudioso e isso não agradava o amigo. Um dia, ao chegar na casa de Alex, o economista o flagrou beijando outro rapaz. “Alex olhou para mim e cantou: ‘Oops, I did it again / I played with your heart (Oops, eu fiz de novo / eu brinquei com seu coração)'”, descreveu o ex-BBB, citando a famosa canção de Britney. Mesmo assim, os dois mantiveram a amizade e o pernambucano é grato pelo colega tê-lo apresentado à artista. A lenda precisa ser divulgada e enaltecida, né?!
Comentário de Nego Di
Desde que saiu do BBB, Gil pôde assistir a cenas e a declarações que aconteceram na casa sem que ele se desse conta. Uma delas o machucou. Trata-se de um comentário feito por Nego Di, sobre a cor do economista. O gaúcho fez “piada”, dizendo que Gil não seria negro como declarava. A afirmação não caiu nada bem para o nordestino, que antes de ingressar no reality, chegou a se animar com o elenco de participantes anunciado, com 9 negros, o maior número em 21 edições. O vigoroso esperava identificação e empatia. “Mas, entre eles, disseram que eu não era preto. Isso só fui saber depois, ao sair da casa. (…) Machucou muito. E me senti muito mal. Sei quem sou, levei muito tempo para me aceitar“, desabafou.
Poder da educação
O reality global pode ter mudado a vida de Gil, mas muito antes, foi a educação que o salvou. Esse assunto ganhou um capítulo especial, e também é citado durante toda a obra. A escola foi muito importante na vida do economista: era pra lá que ele ia para fugir das agressões do pai, onde ele conseguia comer, já que faltava comida em casa, e onde descobriu sua paixão por números.
“Não queria, de jeito nenhum, estar em casa com a possibilidade de presenciar mais algum barraco ou de passar fome. A escola era uma zona segura. A educação salvou a minha vida… Minha maior conquista — e sou muito grato por isso — é saber que o público compreendeu que a minha luta é demonstrar que precisamos focar na educação“, concluiu Gil do Vigor, que já deu discursos inspiradores sobre a importância dos estudos.