Fantástico: Com Maju, Viola Davis emociona ao relembrar infância pobre em meio aos ratos, e revela conselho poderoso que a acompanha; assista

Atriz ganhadora do Oscar esteve no palco do Show da Vida para falar sobre seu novo longa e sua trajetória como uma artista e mulher preta

Viola Davis Fantástico

Neste domingo (18), Viola Davis foi a convidada especial do “Fantástico“. No papo com Maju Coutinho, além de divulgar o longa “A Mulher Rei“, a vencedora do Oscar também falou sobre os traumas de infância e como ser uma mulher preta influenciou sua trajetória marcante.

No palco do dominical da TV Globo, Viola relembrou que nasceu na casa da avó, que antigamente era uma fazenda escravista no sul dos Estados Unidos. “Eu cresci na pobreza e a pobreza é feia. A gente nunca teve comida suficiente, eu cresci sem ter água quente. Às vezes, eu ia para a escola cheirando mal, sou muito honesta com relação a isso”, recordou a estrela.

Apesar de suas origens humildes e as dificuldades que enfrentou ainda cedo terem deixado marcas profundas na atriz, que se intitula uma “sobrevivente”, ela também afirmou que sua essência permaneceu intacta. “Tem sempre uma parte de você que não é tocada por nada disso, sua parte mais autêntica. Eu era engraçada, esperta, malandra e eu tinha imaginação, mas acima de tudo eu era uma sobrevivente”, apontou.

A falta de recursos não foi o único empecilho que Davis teve de encarar ao longo da infância. Como detalhado em sua biografia, “Em Busca de Mim”, a intérprete de Annalise Keating vivia em meio a ratos, o que lhe causava medo extremo. Ao ser questionada por Maju se teria “matado todos os ratos de sua vida”, a atriz então relembrou um conselho importante que lhe acompanha há anos.

“Sabe, são os ratos, os medos. Eu sempre repito uma frase que aprendi com um maquiador: ‘Tudo o que você sempre sonhou está do outro lado do medo'”, declarou ela. “Eu não saia da cama de noite ou eu enrolava o lençol no pescoço porque eu tinha medo que os ratos iriam morder meu pescoço. É debilitante. E eu não quero que nada mais seja debilitante pra mim, não aos 57 anos”, reforçou.

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Racismo e representatividade

Em “A Mulher Rei“, Viola interpreta Nanisca, uma general implacável do exército Agojie – a unidade de ataque feminina de elite da vida real que defendia o reino Daomé da África Ocidental, onde hoje é Benim. As guerreiras habilidosas (conhecidas como Amazonas), combateram colonizadores, tribos rivais e todos os que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras.

A produção conta com um elenco quase 100% negro – algo que é extremamente raro em Hollywood. Ao ser questionada sobre a importância de tamanha representatividade no meio artístico, especialmente devido às polêmicas em torno da escalação da jovem Halle Bailey como a protagonista de “A Pequena Sereia“, Viola destacou o quão necessário é poder ver pessoas como ela nas telonas.

“É muito difícil viver acreditando que você não vale nada, que você não merece ser amada, que você não pertence”, lamentou a vencedora do Oscar. “E quando você vê essas imagens de excelência e beleza, isso te dá uma sensação de que você importa, de que você pode fazer qualquer coisa”, afirmou ela.

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Ao longo da conversa, Davis também comentou sobre o impacto de ser uma mulher preta de pele retinta em Hollywood e, ainda, o racismo que enfrenta no dia a dia. “Para mim, é difícil separar as duas coisas. Eu diria que, primeiro, ser mulher. Depois, ser uma mulher preta. E mais ainda: uma mulher preta de pele escura. É preciso especificar isso. As pessoas nem se dão conta que certas coisas que elas dizem para uma mulher de pele escura são muito ofensivas. E também não gosto de ser classificada nem como mulher. Eu tenho uma vez grave, às vezes eu pego um telefone no hotel e alguém diz: ‘Senhor Davis?’. Eu não gosto disso, eu sou a Senhora Davis”, contou ela.

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Mesmo reconhecendo seu próprio talento, a dedicação e o trabalho duro para chegar onde chegou, Viola destacou outras ‘forças’, que podem ter agido no processo. “A taxa de desemprego entre atores é de 95%. Apenas 0,4% dos atores são famosos. Eu trabalhei muito, estudei durante dez anos, me apresentei em todos os palcos que você possa imaginar. Mas a parte da fama, de ser catapultada e, de repente, todo mundo sabendo meu nome, aí teve um pouco de sorte, sim. Mas, para mim, sorte é gratidão. Eu sou grata que Deus me escolheu em algum momento para ser catapultada nesse mundo”, concluiu. Assista à íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=JetQ8_HWkKo

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