A atriz Guta Stresser, a inesquecível Bebel de “A Grande Família”, da Globo, contou que foi diagnosticada com esclerose múltipla e revelou detalhes de como tem sido a vida após a notícia. “Perdi o chão na mesma hora. Nem sabia direito o que era aquilo, só que afetava o cérebro, e só isso me soou aterrorizante”, disse Guta, em entrevista à revista Veja, publicada na sexta (17).
“Tive muito medo. Pela minha cabeça se desenrolava um filme em que eu ficava completamente incapacitada. Passei a ter um pesadelo recorrente: imóvel, sem conseguir falar, tentava avisar meu companheiro”, compartilhou.
Guta explicou que começou a desconfiar de um problema durante a gravação da “Dança dos Famosos”, da Globo, que competiu no final de 2020. “Parecia tudo normal até que, durante os ensaios (da Dança dos Famosos), eu passava a coreografia e, quando terminava, não lembrava de mais nada, nada mesmo. Não entendia o motivo, sempre tive facilidade para essas coisas”, explicou. “Mas meu quadro foi se agravando. Comecei a esquecer palavras bem básicas, como copo e cadeira. Se ficava duas horas parada assistindo a um filme na TV, logo sentia dores musculares”, disse.
“Tinha formigamentos frequentes nos pés e nas mãos, enxaquecas fortíssimas e variações de humor. O pior era um zumbido constante no ouvido. Parecia que havia ali um fio desencapado, provocando um curto-circuito na minha cabeça”, relatou ela sobre o início dos sintomas.
“Cheguei a pensar que poderia ser Covid-19 ou sintomas relacionados à menopausa, já que estou entrando nessa fase”, completou. Guta contou então que, após levar um tombo na sala de casa, decidiu procurar ajuda médica e, após uma ressonância, recebeu o diagnóstico. “O médico explicou que se trata de uma doença autoimune em que o próprio corpo ataca a mielina — a capa de gordura que reveste os neurônios e ajuda nas conexões da mente”, detalhou.
A atriz falou também sobre os medos que teve da doença. “Os especialistas não sabem por que esse processo é desencadeado. O que está comprovado é que atinge os movimentos e a fala. Tive muito medo. Pela minha cabeça se desenrolava um filme em que eu ficava completamente incapacitada. Mas, com a ajuda do neurologista, entendi que diagnóstico não é sentença e que, apesar da doença não ter cura, ela tem, sim, tratamento”, explicou.
A artista de 49 anos contou também que tem tomando um remédio caríssimo, que consegue graças ao SUS e que mudou alguns hábitos em sua rotina após a descoberta. “O medicamento me mantém equilibrada, sem crises. Hoje pratico ioga, mudei a alimentação para melhor e faço todo tipo de exercício para o cérebro — de leitura de livros a palavras cruzadas”, disse.
Guta finalizou o relato garantindo que o seu quadro está estável no momento e que sua carreira como atriz continua. “Não posso me render de jeito nenhum”, expressou. “Sei que vou ter de conviver com a esclerose múltipla para o resto da vida. Que ela seja longa e plena. Cada dia que passa tem aquele gosto de uma pequena vitória”, declarou, esperançosa.