Jornalista Bárbara Coelho expõe assédio após receber vídeo “nojento” e mostra resposta absurda do homem

Pelo menos quatro comunicadoras tem recebido registros de um homem se masturbando sobre imagem delas em transmissões de TV

Assédio Jornalistas

Pelo menos quatro jornalistas das emissoras TV Globo e TNT têm sido vítimas de assédio nas redes sociais. Elas receberam fotos e vídeos que mostraram um homem se masturbando sobre a imagem delas em aparições na TV. O caso veio à tona nesta quarta-feira (19), após a apresentadora do “Esporte Espetacular”, Bárbara Coelho, denunciar a conta no Twitter.

A jornalista esportiva iniciou o relato explicando a reação do assediador ao ser comunicado que ela entraria com um processo contra ele. “Um cara postou um vídeo na sua conta do Twitter se masturbando com um vídeo meu. Eu mandei mensagem pra ele dizendo que o processaria. Ele disse que mulheres são estupradas e nada é feito. Por que algo aconteceria com ele se masturbando em casa com um vídeo meu?”, escreveu ela. Em seguida, Coelho revelou que as postagens foram enviadas no privado, mas sim publicadas no feed do usuário.

https://twitter.com/barbaracoelho/status/1582665987417329664?s=20&t=p4nE4RlLh1I7ZKIiUBGXUw

A comunicadora pediu para os seguidores ajudá-la a denunciar a conta. “Definitivamente não tenho estômago pra repostar o vídeo. Mas gostaria do apoio de vocês pra denunciar”, solicitou a loira. Ela também postou um print do perfil e o trecho da conversa que teve com o assediador. “Até parece que eu vou preso por estar me masturbando dentro da minha casa… Até quem molesta mulheres na rua ou estupram mulheres não vão presos. Imagina eu por causa de um vídeo meu dentro da minha própria casa”, disse ele. A apresentadora, então, simplesmente respondeu: “Você é nojento”.

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Depois disso, Bárbara afirmou que estava revoltada com a situação. “É isso! Mulheres são estupradas e nada acontece. Porque eu, no conforto da minha casa, molestando você, vai acontecer alguma coisa? Esse é o tuíte do dia. Bom dia”, desabafou ela.

A denúncia de Bárbara fez com que outras jornalistas, como Lívia Torres e Narayanna Borges, também revelassem que o mesmo tem acontecido com elas. Isso tb tem acontecido comigo – e com outras repórteres. É doentio e é crime um homem postar vídeos se masturbando enquanto trabalhamos. Não pode ficar impune. Às vezes o post é aberto, a gente denuncia e o Twitter nada faz. Já falamos com a polícia. Estamos juntas contra esse criminoso”, contou Torres. A repórter da Globo disse que já acionou o Twitter, a conta foi suspensa, mas a pessoa criou outros perfis para mandar as mensagens.

Já Narayanna garantiu que não vai deixar o assediador sair impune.Pois é, Bárbara. O mesmo aconteceu comigo recentemente. Comigo, com nossa colega Lívia Torres e outras meninas. É nojento, é cruel, abjeto… isso não vai ficar impune. Não vamos deixar isso passar. Agora, como a plataforma não identificou uma publicação desse teor?”, comentou ela.

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“O cara publicou no feed, mural, enfim… abertamente um vídeo se masturbando. Não há filtros na rede social? Peço até desculpas, caso esteja falando uma besteira, mas pensei que os filtros tb “pescassem” conteúdos desse teor. A questão é que isso não pode ficar assim”, finalizou.

O UOL Esporte teve acesso aos vídeos e relatou que em um deles o acusado assistia a uma reportagem de Torres sobre a falta de abastecimento de água em um bairro do Rio de Janeiro. O registro mostrava ele se masturbando em um banheiro. A publicação foi feita com a legenda “aqui não falta água”.

Em entrevista ao site, a repórter esportiva Aline Nastari, que está trabalhando na final da Copa do Brasil, confirmou que também recebeu as mensagens do homem. “O cara tirou uns prints de foto minha malhando com roupa de academia no Instagram, deu zoom e postou com frases absurdas. No Instagram, eu recebo [essas fotos] com muita frequência, direto. A minha foto e a foto do cara se masturbando. Eu bloqueio e recebo em outro perfil. No Twitter foi o mesmo cara”, declarou.

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A mesma publicação afirmou que todas as vítimas acreditam que o mesmo homem criou diferentes perfis falsos para assediá-las no Twitter e no Instagram. As profissionais garantiram que, juntas, vão denunciar o assediador à polícia. Após o caso ganhar repercussão, a Globo falou que está analisando as denúncias feitas pelas jornalistas.

Bárbara voltou ao Twitter para agradecer o apoio dos seguidores no caso. “Obrigada pelo o carinho de todo mundo. Estou tomando as providências legais. Recebi relatos de muitas mulheres hoje. Só tem uma maneira da gente virar esse jogo: denunciando. Não foi a primeira vez que passei por isso, e sei que não vai ser a última. Apenas decidi não me calar mais”, escreveu ela.

https://twitter.com/barbaracoelho/status/1582838989832474624?s=20&t=p4nE4RlLh1I7ZKIiUBGXUw

O Twitter também se pronunciou sobre o assunto. A plataforma declarou que apenas poderia identificar o usuário, caso a situação fosse levada para a Justiça. Mesmo assim, o conteúdo contra Bárbara foi apagado assim que foram informados do ocorrido. Confira a nota na íntegra abaixo:

“O Twitter já havia tomado medidas por violação às regras em alguns dos Tweets e contas mencionados pela reportagem, mesmo antes de ser procurado para tal. A empresa segue aberta a receber links de conteúdos e contas ainda não acionados, para análise interna, conforme solicitou à reportagem.

A plataforma tem regras para determinar os conteúdos permitidos no serviço, como a política contra comportamento abusivo, que proíbe Tweets que contenham avanços sexuais indesejados e conteúdo que objetifique sexualmente um indivíduo sem o seu consentimento. Também não é permitida a criação de novas contas para “driblar” suspensões permanentes, conforme prevê a política de evasão de banimento. Violações às regras estão sujeitas às medidas cabíveis.

Temos sido cada vez mais proativos em detectar potenciais violações às nossas políticas, mas também contamos com a denúncia das pessoas. Denúncias de potenciais violações podem ser feitas no aplicativo do Twitter ou por meio do formulário dedicado, seguindo as instruções da Central de Ajuda.

Em relação à identificação de usuários, casos dessa natureza são matéria do Judiciário e o Twitter coopera com as autoridades competentes, seguindo os devidos processos legais”.

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