Nada de manipulação digital para Keanu Reeves. Em entrevista nesta semana ao Wired, o astro revelou estar assustado com a evolução da tecnologia deepfake e seus efeitos em Hollywood. Reeves então confessou ter acrescentado uma cláusula em todos os seus contratos para evitar a edição digital e entregou o motivo por trás da decisão.
“Sim, digitalmente. Não me importo se alguém piscar durante uma edição”, começou ele. “Mas logo no início dos anos 2000, ou talvez no final dos anos 1990, tive uma performance alterada. Eles colocaram uma lágrima no meu rosto e eu fiquei tipo: ‘Huh?!’ Foi tipo, eu nem preciso estar aqui'”, recordou o astro.
Desde então, Keanu tem uma cláusula restrita, que impede qualquer manipulação não autorizada em suas performances e em seu rosto nos filmes que estrela. Questionado sobre o que teria lhe incomodado tanto com a mudança, Reeves então mencionou os deepfakes – uma técnica de síntese de imagens ou sons humanos baseada em recursos de inteligência artificial, comumente usada para combinar uma fala a qualquer vídeo já existente.
“O que é frustrante nisso é que você perde sua capacidade de tomar decisões”, pontuou o ator. “Quando você atua em um filme, sabe que vai ser editado, mas está participando disso. Se você entrar na terra do deepfake, não terá nenhum dos seus pontos de vista. Isso é assustador. Vai ser interessante ver como os humanos lidam com essas tecnologias. Elas estão tendo tantos impactos culturais e sociológicos, e a espécie está sendo estudada. Há tantos ‘dados’ sobre comportamentos agora. As tecnologias estão encontrando um lugar em todas as esferas da sociedade”, refletiu.
Reeves acrescentou, ainda, que uma conversa recente sobre “Matrix” com um garoto de 15 anos colocou as coisas em uma perspectiva aterrorizante para ele. Keany explicou ao adolescente que seu personagem, Neo, luta pelo que é real, mas acabou sendo zoado pelo jovem, que respondeu: “Quem se importa se é real?”.
“As pessoas estão crescendo com essas ferramentas. Já estamos ouvindo música feita por inteligência artificial no estilo do Nirvana, há arte digital NFT… É legal, tipo, veja o que as máquinas fofas podem fazer! Mas há uma corporacracia por trás disso que procura controlar essas coisas. Culturalmente, socialmente, seremos confrontados pelo valor do real, ou pelo não valor. E então o que vai ser empurrado para nós? O que vai ser apresentado a nós?”, continuou o astro.
Keanu concluiu o papo reforçando que a tecnologia, de fato, estaria manipulando narrativas de forma prejudicial. “É sensorial. É o espetáculo. E é um sistema de controle e manipulação. Estamos de joelhos olhando para as paredes das cavernas e vendo as projeções, e não estamos tendo a chance de olhar para trás”, finalizou.
Keanu Reeves retorna às telonas em “John Wick: Capítulo 4”, no dia 24 de março de 2023. O novo longa faz parte de uma de suas franquias mais bem-sucedidas. Confira o trailer abaixo:
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