Na CNN, Regina Duarte minimiza mortes e tortura da ditadura, se estressa com pergunta, ameaça deixar estúdio, e entrevista é encerrada às pressas – Assista

Em meio aos rumores de que sairia da Secretaria da Cultura, Regina Duarte se manifestou nessa quinta-feira (07). Em entrevista à CNN Brasil, a secretária negou que deixará a pasta do Governo Federal. No entanto, foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter, após minimizar mortes e a tortura da Ditadura, e perder a paciência com uma fala de Maitê Proença.

Durante a entrevista, Regina falava dos motivos pelos quais apoiava Jair Bolsonaro, até que começou a cantar a música “Pra Frente Brasil”, associada aos anos Ditadura Militar no Brasil. “Não era bom quando a gente cantava isso?”, disse ela ao repórter Daniel Adjuto, que contestou a afirmação, falando sobre as torturas e mortes do período. Mas Regina não cedeu: “Na humanidade não para de morrer [gente]. Se você falar vida, do lado tem a morte. Por quê? Sempre houve tortura”.

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“Meu deus do céu! Stálin, quantas mortes. Hitler, quantas mortes. Se a gente for ficar trazendo os mortos… Desculpa, mas não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Não desejo isso pra ninguém. Sou leve, estou viva, estamos vivos”, argumentou ela. Reinaldo Gottino, apresentador do telejornal, interferiu na fala e comentou: “Acho que a gente não pode minimizar a questão da ditadura, isso tem que ficar claro”.

Em outro momento, um vídeo de Maitê Proença foi exibido, cobrando a secretária e Bolsonaro de se posicionarem sobre as recentes perdas na classe artística, e de darem mais valor à cultura. Com o depoimento, Regina logo tirou seu fone de ouvido para não ouvir as declarações e perdeu a paciência. “Precisei dar um chilique aqui. Pra quê? Vai desenterrar a mensagem da Maitê pra quê? O que que você ganha com isso? Quem é você que está desenterrando uma fala da Maitê de dois anos atrás”, questionou.

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“É porque é a sua classe, secretária. Ela enviou pra gente hoje”, esclareceu Daniela Lima. “Ela tem meu telefone, ela fala comigo”, devolveu Duarte. Então, Gottino rebateu: “A senhora por ser secretária da Cultura, a senhora tem que estar aberta a ouvir as pessoas”. Regina contestou novamente. “Vocês tão desenterrando mortos. Vocês tão carregando um cemitério nas costas, devem estar cansados. Fiquem leves, vamos pra frente”, declarou.

Na sequência, a âncora argumentou: “Só pra deixar claro, nós não estamos desenterrando mortos. Neste momento nós estamos enterrando uma série de brasileiros, dentre eles, alguns dos seus colegas”. Mas Regina reclamou da “interrupção” dos apresentadores e quis deixar a conversa. “Quem é essa pessoa entrando na nossa entrevista? Não é uma falta de respeito? Não foi combinado nada disso. Eu achei que era uma entrevista com você, Daniel. Começa a entrar pessoas, a desenterrar mortos. Pelo amor de Deus!”, disparou.

https://www.youtube.com/watch?v=Z3WWAEEZr0E&feature=youtu.be

Permanência na Secretaria

Depois de boatos quanto à sua permanência na pasta da Cultura, Regina negou que deixará a Secretaria e abordou sua relação com Bolsonaro. “Parece que as pessoas têm uma ansiedade em me ver fora. Em nenhum momento [senti que ia sair], estava um clima superbom, ele estava animado, leve, rindo. A gente brinca, ele brinca mesmo. E ele estava num desses momentos leves, descontraídos, foi muito bom”, comentou.

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Quanto às críticas feitas por Olavo de Carvalho, “guru” do presidente, Regina negou que saiba de qualquer resistência vinda da parte do filósofo. “Se existe, não chega até mim. Li dois livros [dele], no terceiro achei que tinha muito palavrão e parei de ler, não li mais. Não perdi o respeito. Mas não me interessei pelas coisas dele, fala muito palavrão, nomes feios“, respondeu.

Cobrança de posicionamentos

Antes da fala de Maitê, Regina já havia sido questionada dos motivos pelos quais a Secretaria da Cultura não se manifestou publicamente após a morte de Moraes Moreira, Rubem Fonseca, Aldir Blanc, Flávio Migliaccio – apenas nas últimas duas semanas. Então, Regina justificou que tem mandado mensagens para as famílias das vítimas. “Desde o primeiro falecimento, minha assessoria me cobrou de uma divulgação da assessoria pra esse óbito”, disse ela.

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“Eu optei por mandar uma mensagem como secretária pras famílias das pessoas que fomos perdendo nos últimos. Eu imaginei, ‘Será que eu vou ter que virar obituário?’. Quantas pessoas a gente está perdendo? Teve uma semana que foram três grandes nomes”, justificou Duarte.

“Tem pessoas que eu não conheço. Aldir Blanc eu admiro mas nunca estive… O país está cultuando a memória deles, não precisa da Secretaria de Cultura. Pode ser que eu esteja errando, vou me corrigir. Não fiz por mal, peço desculpas, falei com as famílias, lamentei a perda… Nessa hora a pessoa que está mais constrangida pela perda é a família, e eu queria falar com elas diretamente, papel timbrado, ‘Obrigado pela contribuição pra Cultura brasileira. Tá tudo aí”, acrescentou ela.

https://twitter.com/J_LIVRES/status/1258526869600624641?s=20

Quando Regina voltou a ser cobrada por Daniela, a secretária afirmou que poderia voltar atrás e informar cada óbito. “Estão fazendo falta [artistas que morreram], nós vamos sentir muita falta. Se eu estiver sendo cobrada significativamente por uma população que quer ser informada por cada óbito, eu abro um obituário. Não tem nenhum problema”, disse ela.

Assista à integra da entrevista aqui: