O filme “Coringa” nem chegou aos cinemas, mas já colocou os órgãos de segurança pública dos Estados Unidos em alerta. Autoridades como o FBI temem que o novo lançamento, contando a história do vilão dos quadrinhos, possa gerar massacres armados sem precedentes. Grande parte da preocupação se deve a um determinado perfil de homens que têm vidas sexuais e amorosas frustradas, e podem descontar suas insatisfações promovendo assassinatos cruéis.
Reconhecidos mundialmente pelo termo “incel”, um diminutivo da expressão “involuntary celibates”, que em português significa “celibatários involuntários”, esses homens mantém perfis em fóruns de discussão online onde despejam ódio a homens e mulheres sexualmente ativos. Para descontar tais frustrações, eles executam e/ou incentivam que seus “colegas” realizem crimes bárbaros.
Um dos casos mais marcantes cometidos por alguém com essas características ocorreu na cidade norte-americana de Aurora. Em 2012, um rapaz abriu fogo contra a plateia que assistia ao filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” e matou 12 pessoas. Inclusive, o atirador é um dos criminosos mais idolatrados pelos “incel”. Para se ter uma ideia da preocupação com o caso, um memorando foi enviado para várias bases militares alertando sobre uma possível incitação à violência provocada pelo filme.
O Exército norte-americano confirmou que o FBI monitorou posts em redes sociais em que alguns usuários comentavam sobre ataques violentos durante as sessões do filme. “Eles são fãs de figuras violentas como o atirador do cinema em Aurora e o vilão do longa. Queremos nossas equipes preparadas e diligências nas bases e fora delas”, revelaram.
As discussões sobre a possibilidade de “Coringa” ter um efeito negativo na sociedade foram pautadas, inclusive, pelos críticos especializados que já viram a produção. Os parentes das vítimas de Aurora também se manifestaram sobre o assunto, e escreveram uma carta aberta para a Warner Bros. pedindo que os estúdios tenham “responsabilidade” com o lançamento de seu novo filme.
“[O tiroteio foi] perpetrado por um indivíduo socialmente isolado, que se sentiu ‘prejudicado’ pela sociedade [e agiu]. Como resultado, nos comprometemos a garantir que nenhuma outra família tenha que passar pelo inferno absoluto que experimentamos e pela dor com que continuamos a viver. Confie em nós, isso não desaparece”, diz um trecho do manifesto.
Os estúdios também emitiram um comunicado esclarecendo todas as controvérsias. “Acreditamos que uma das funções da narrativa é provocar conversas difíceis sobre questões complexas. Não se engane: nem o personagem fictício Coringa, nem o filme, é um endosso de qualquer tipo de violência no mundo real. Não é a intenção do filme, dos cineastas ou do estúdio manter esse personagem como um herói”, afirmaram. O filme protagonizado pelo ator Joaquin Phoenix estreia no dia 3 de outubro.