“Todo mundo quer ser como nós“! Como não lembrar do icônico longa “O Diabo Veste Prada”, que marcou uma geração quando foi lançado lá em 2006?! A revista Entertainment Weekly reuniu, pela primeira vez desde a estreia, as estrelas do filme para conversar sobre os bastidores da produção. Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci e outras pessoas importantes da equipe abriram o jogo sobre o processo de escalação do elenco e os planos de outras produções neste universo.
Hoje em dia não conseguimos imaginar outra pessoa para interpretar Andy que não fosse Hathaway, né? Pois saibam que ela não foi a primeira escolha da equipe, nem a segunda, nem a terceira… Segundo a própria atriz revelou em um episódio de “RuPaul’s Drag Race”, ela foi a nona pessoa considerada pro papel! O estúdio queria contratar uma atriz que já estivesse estabilizada em filmes dramáticos. Na época, Anne tinha um histórico de produções mais adolescentes, como “O Diário da Princesa” e “Uma Garota Encantada”. Atrizes como Rachel McAdams, Scarlett Johansson, Natalie Portman, Kate Hudson e Kirsten Dunst foram pensadas para “O Diabo Veste Prada”.
“Nós começamos a negociar com a Annie para fazer um acordo, mas isso não caiu bem com o estúdio… Nós oferecemos o papel para Rachel McAdams três vezes. O estúdio estava determinado a tê-la, e ela estava determinada a não fazer o filme“, contou o diretor David Frankel. “O filme falou comigo. Me fez sentir. Era sobre um assunto que eu levo muito a sério, mas de uma maneira maravilhosa, divertida e alegre“, relembrou Anne, que não desistiu do papel e acabou o conquistando.
“Me lembro dela sentada no sofá do meu escritório, me explicando por que ela queria fazer isso, por que ela tinha que interpretar esse papel e fazendo anotações no roteiro… A Anne nunca desistiu. Ela nunca parou de fazer campanha, ligar, ela foi no escritório da Carla Hacken (executiva da Fox) e escreveu em seu jardim zen: ‘Me Contrate’“, disse Elizabeth Gabler, ex-presidente da Fox 2000.
Quem deu uma ajudinha para sua futura colega de elenco foi ninguém menos que Meryl Streep. “Meryl estava muito ansiosa para fazer o filme e disse: ‘Me deixe conhecê-la’. ‘Brokeback Mountain’ estava para estrear e a Anne tinha um pequeno papel no filme. A Maryl assistiu a essa cena, se encontrou com ela e ligou para um executivo da Fox, dizendo: ‘É, essa garota é ótima e acho que trabalharemos bem juntas“, contou Frankel.
“Eu pacientemente esperei até que fosse meu momento, então recebi um telefonema. Foi o ‘sim’ mais fácil do mundo. Eu me lembro do momento em que descobri que tinha conseguido o papel, eu apenas saí correndo e gritando pelo meu apartamento. Eu estava recebendo alguns amigos na hora, apenas pulei na sala e gritei: ‘Eu estarei em O Diabo Veste Prada!“, lembrou Hathaway. Um verdadeiro exemplo!
Para o papel de Miranda Priestly, outras também foram consideradas. Michelle Pfeiffer, Glenn Close e Catherine Zeta-Jones chegaram a ter seus nomes citados, mas foi Meryl quem conquistou a personagem inesquecível, que a rendeu uma indicação ao Oscar de “Melhor Atriz”. A protagonista – meio vilã – foi inspirada em Anna Wintour, editora-chefe da Vogue norte-americana, revista de moda mais importante do mundo.
“Eu não estava interessada em fazer um filme biográfico sobre a Anna, eu estava interessada na posição dela na empresa. Eu queria assumir os fardos que ela tinha que carregar, além de ter uma boa aparência todos os dias“, brincou Streep. “Era importante pra gente que ela não fosse apenas uma chefe difícil, mas que incorporasse um certo valor sobre as pessoas serem dispensáveis a serviço do que, para ela, é um objetivo maior, e que ela venerasse a moda e a revista“, explicou Aline Brosh McKenna, escritora da obra.
“A Miranda nos dá uma personagem que muitos de nós podem se inspirar, para ser intransigente, dura, real, honesta, direto ao ponto, e não ter que se contorcer para passar seu ponto sem ferir ou ofender ninguém, o que eu acho que os homens fazem com muito mais facilidade“, observou Emily.
“O poder absoluto corrompe absolutamente…. Eu gosto que não houve nenhum recuo das partes horríveis dela, e as partes realmente assustadoras dela tinham a ver com o fato de que ela não tentou ser boazinha, que é sempre o suavizador feminino em qualquer situação em que você queira as coisas do seu jeito“, disse Meryl. E será que uma sequência do filme seria possível? Segundo os membros da equipe, sim!
“Houve muita conversa sobre isso. Eu não diria que está totalmente fora da possibilidade“, revelou Lauren Weisberger, autora do best-seller que inspirou o longa. “As revistas e publicações mudaram tanto. Aquele era um período em que a Andy levou um livro físico para a casa de alguém todos os dias para que ela pudesse folheá-lo. Talvez eles ainda façam isso, mas eu duvido“, observou McKenna.
“O estúdio não pediu uma sequência. Tivemos uma reunião em que dissemos: ‘O que poderíamos fazer se houvesse uma sequência?’. Talvez tenha sido estúpido. Sentimos como: ‘Não, essa história foi contada’… Lauren finalmente escreveu outro livro 15 anos depois. Chegamos à mesma conclusão, que apenas acompanhar os personagens não seria a mesma coisa“, esclareceu o diretor.
A equipe relembrou ainda como o medo de uma retaliação vinda da parte de Wintour – uma toda poderosa da moda – fez com que poucas pessoas desse universo aceitassem participar do projeto naquela época. Porém, teve uma pessoa que se animou em fazer uma pontinha no filme… nossa supermodel Gisele Bündchen.
“Tive uma enorme dificuldade para encontrar alguém no mundo da moda que falasse comigo, porque as pessoas tinham medo da Anna e da Vogue, não queriam ser rejeitadas. Houve uma pessoa que falou comigo, cujo nome eu nunca divulgarei, que leu o roteiro e disse: ‘As pessoas neste filme são muito legais. Ninguém nesse mundo é muito legal. Eles não precisam ser, e eles não têm tempo para ser’. Depois disso, fiz uma mudança para deixar todos um pouco mais ocupados e malvados“, revelou McKenna.
“Tinham pessoas que trabalhavam dentro do sistema de agências de Hollywood que eram leais a ela e sentiam que estávamos fazendo algo prejudicial ou ofensivo para ela… O fato é que Meryl Streep queria fazer o filme. Isso acabou com a discussão, porque ela era tão admirada e respeitada que, para as pessoas dizerem que Meryl está fazendo esse papel, ela faria sua própria versão, não seria uma paródia de ninguém“, pontuou Gabler.
“Você apenas sabia que as pessoas que trabalhavam na Vogue eram dedicadas e profissionais. A Anna tinha a palavra final e todo mundo queria agradá-la… Mas isso é verdade para tudo. Quem não quer agradar seu chefe?“, questionou Gisele. “A cena em que o motorista liga e ela está chegando no escritório e todo mundo entra em pânico absoluto. Essa é a loucura normal do dia a dia que eu acho que era importante manter… Muitas coisas ficaram muito próximas da realidade“, afirmou Lauren.
Como dizem, a arte imita a vida, e nesse caso a imitação foi bem precisa! “O único contato que tivemos com a Vogue foi Jess Gonchor, o designer de produção, que entrou de fininho nos escritórios para dar uma olhada na sala da Anna… Ele conseguiu recriar o escritório com tanta autenticidade que me disseram que Anna redecorou o dela imediatamente depois que o filme saiu“, contou Frankel. Para Anne, o longa teve uma importância ainda mais profunda. “Acho que ele levou uma geração a decidir, quem eu vou ser no ambiente de trabalho, como eu serei quando for um líder?“, refletiu a atriz. Quem ama “O Diabo Veste Prada” respira! kkkk