A polícia revelou nesta sexta-feira (30) mais detalhes sobre o suspeito de matar quatro estudantes da Universidade de Idaho, nos Estados Unidos. Em coletiva de imprensa, as autoridades informaram que uma queixa criminal com quatro acusações de assassinato em primeiro grau e outra de roubo contra Bryan Christopher Kohberger, de 28 anos, foi apresentada. A notícia foi confirmada pelo promotor do condado de Latah, Bill Thompson.
As investigações em torno do suspeito começaram após as autoridades descobrirem que ele era o dono do Hyundai Elantra branco visto próximo a cena do crime. Além disso, o DNA de Kohberger era compatível com o material genético recolhido na área externa da casa onde os jovens foram brutalmente assassinados. A polícia, então, soube que ele tinha saído do estado e ido para a Pensilvânia.
Bryan foi preso na manhã de hoje no condado de Monroe, ao norte da Pensilvânia. Segundo a publicação, uma equipe de vigilância do FBI do escritório de campo da Filadélfia rastreava o acusado há quatro dias nesta região. Enquanto isso, investigadores do Departamento de Polícia de Moscou, do departamento de homicídios da Polícia Estadual de Idaho e do FBI trabalharam junto com promotores para recolher provas suficientes para obter o mandado de prisão. Assim que o documento foi expedido, o rapaz foi detido.
A polícia ainda revelou que, além da casa na Pensilvânia, o homem tem uma residência em Pullman, Washington – cidade localizada a cerca de 16 quilômetros de Moscow. As autoridades também informação que ele era estudante de graduação na Washington State University. Registros online já tinham indicado que ele tinha formação em criminologia pela universidade.
O chefe do Departamento de Polícia de Moscou, James Fry, disse que a arma do crime ainda não foi encontrada.“Esses assassinatos abalaram nossa comunidade e nenhuma prisão trará de volta esses jovens estudantes”, afirmou ele. “No entanto, acreditamos que a justiça será encontrada por meio do processo criminal”, acrescentou.
Fry também contou que este era um caso muito “complexo e extenso”. Ele não deu mais detalhes sobre a investigação ou se o suspeito conhecia as vítimas. “Desenvolvemos uma imagem clara ao longo do tempo, (mas) tenha certeza de que o trabalho não está concluído. Isso acabou de começar”, declarou o policial. Já sobre a motivação do crime, Fry falou que “será divulgada conforme o andamento da investigação”. “Ainda estamos tentando construir essa imagem”, pontou ele.
Devido à lei estadual de Idaho, as autoridades não podem divulgar mais informações sobre o caso até que Kohberger retorne ao estado e seja intimado. Uma audiência de extradição para Bryan está marcada para o dia 3 de janeiro. De acordo com o promotor Thompson, o rapaz está detido sem direito a fiança e sendo representado por um defensor público na Pensilvânia.
Como Kohberger foi preso em outro estado, ele terá a oportunidade de renunciar à extradição e retornar voluntariamente a Idaho. Fry revelou que, caso ele escolha por não retornar voluntariamente, a polícia de Moscou iniciará o processo de extradição por meio do gabinete do governador. “Se fizermos isso, pode demorar um pouco para ele chegar aqui”, analisou ele.
Relembre o caso
No dia 13 de novembro, as autoridades de Moscow, nos Estados Unidos, receberam um chamado envolvendo um “indivíduo inconsciente”. No entanto, ao chegarem no local, se depararam com os corpos de quatro vítimas: Kaylee Gonçalves, de 21 anos, Ethan Chapin, de 20, Xana Kernodle, também de 20, e Madison Mogen, de 21. Todos eram alunos da Universidade de Idaho, e estavam numa casa em uma vizinhança próxima da caixa d’água estampada com o logo da instituição. Segundo o The New York Times, a cidade, que tem cerca de 25 mil habitantes, não registrava um assassinato desde 2015.
À Fox News, um policial revelou o cenário assustador que foi encontrado na residência em que o crime aconteceu. O sangue das vítimas chegou a descer pela parede, pingando do quarto do primeiro andar. Foi possível ver o líquido escorrendo até mesmo do lado de fora da casa, na parte dos fundos. “Foi uma cena muito sangrenta no lado de dentro”, afirmou o agente. (Alerta: imagens fortes!) Veja as fotos, clicando aqui.
Horas antes do assassinato brutal, o casal Ethan e Xana estava numa festa no campus, enquanto Kaylee e Madison foram até um bar no centro da cidade. As duas meninas, inclusive, foram registradas pelas câmeras de segurança. Todos eles voltaram para a casa de suas amigas após 1h45 da manhã. Catharine Mabbutt, médica-legista do condado de Latah, informou que todas as vítimas estavam dormindo quando foram assassinadas.
Alivea Gonçalves, irmã de Kaylee Gonçalves, revelou que sua irmã fez seis chamadas para um rapaz chamado Jack, que era amigo das vítimas, entre 2h26 e 2h44. O TMZ ainda afirmou que Madison Mogen, outra aluna esfaqueada, também ligou mais três vezes para o jovem. Mas, aparentemente, ele nunca atendeu ou retornou às ligações. A polícia também trabalha com a possibilidade de Kaylee ter um stalker, mesmo assim nenhuma confirmação sobre essa hipótese foi concluída.
Até o momento, nenhuma prisão havia sido decretada e a polícia sequer havia dado alguma descrição de quem poderia ser o assassino. A princípio, as autoridades disseram que as mortes seriam “ataques isolados, com alvos” e que não havia risco para outros. Mas o chefe da polícia local teve de voltar atrás e reconhecer que ainda não era possível afirmar nada. “O indivíduo ainda está por aí. Nós devemos estar vigilantes. Nós precisamos ter cuidado pelos nossos vizinhos”, declarou.
Já no início de dezembro, a polícia recebeu pistas que levaram a crer que um Elantra branco estava próximo à casa dos jovens – ou na própria cena do crime – nas primeiras horas da manhã de 13 de novembro, dia da tragédia. Desde então, as autoridades vinham se esforçando para localizar o paradeiro do automóvel e conversar com os ocupantes dele. Para os investigadores, as pessoas que estavam no carro podem ter informações importantes sobre o caso, bem como o próprio veículo poderia apresentar evidências.
Os policiais de Idaho chegaram a receber um alerta sobre um carro com características similares, encontrado abandonado na cidade de Eugene, Oregon – que fica a cerca de 800 quilômetros de Moscow, algo em torno de 9 horas de viagem de carro. Contudo, até o momento, ainda não se sabe nada sobre isso e se o veículo em questão realmente tinha ligação com o crime.
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