Uma bebê mexicana, que não teve a sua data de nascimento e nem identidade reveladas, veio ao mundo com uma condição raríssima — uma cauda de quase 6 centímetros, coberta de pelos. O fenômeno chamado de “true tail” (cauda verdadeira) foi divulgado este ano por médicos especialistas na revista científica Journal of Pediatric Surgery e já havia sido registrado outras 195 vezes.
Segundo o relatório, a cauda tinha exatos 5,7 centímetros, era “macia”, “coberta por pelos finos” e tinha uma extremidade “pontuda”. Ela saía da região do cóccix da menina, com a base levemente inclinada para a esquerda e podia ser movida passivamente sem dor, sem apresentar um movimento espontâneo. O médico Josue Rueda, líder da equipe que acompanha o caso, apontou que essa é a primeira ocorrência do tipo já relatada no México.
Assim que perceberam a anomalia na recém-nascida, os médicos começaram a realizar diferentes experimentos sobre a sua origem. Eles identificaram que a bebê chorava toda vez que a cauda era espetada por uma agulha, indicando alta sensibilidade na região. Assim, decidiram fazer um raio-x, que não identificou nenhuma má-formação ou estrutura óssea fora do normal em seu corpo. A cauda foi considerada “benigna”, composta de gordura e tecido.
Depois de dois meses, a bebê foi reavaliada pelos especialistas e apresentou um crescimento de aproximadamente 0,8 cm em sua cauda. Então, os médicos optaram por removê-la em um procedimento ambulatorial realizado sob anestesia local. Segundo um resumo do estudo feito pelo site científico The Science Times, os profissionais de saúde fizeram uma cirurgia plástica de reconstrução na região, utilizando o tecido da própria criança. A paciente não teve complicações e recebeu alta no mesmo dia.
Fenômeno é raro e já ocorreu no Brasil
No mundo, a condição é considerada extremamente rara. De acordo com os pesquisadores, apenas 195 casos de humanos nascidos com as “true tails” foram registrados até 2017 na literatura científica. Um deles aconteceu no Brasil, no ano passado. O fenômeno foi apontado também pelo Journal of Pediatric Surgery e se deu em Fortaleza (CE). Na ocasião, a criança teve sua cauda igualmente removida e passa bem.
Na época, o cirurgião Humberto Forte, um dos profissionais que assinaram o artigo no Journal of Pediatric Surgery Case Reports, explicou que essas alterações quase sempre são ‘defeitos neurológicos’ no desenvolvimento da medula espinhal.
“Uma cauda pode revelar a presença desses defeitos antes mesmo do paciente manifestar sintomas típicos. É essencial que o pediatra ou cirurgião pediátrico investigue a presença de disrafismo espinhal oculto em pacientes com suspeita de lesões cutâneas, pois podem ser a única anormalidade visível e o diagnóstico precoce pode prevenir a evolução para alterações neurológicas graves”, disse o médico.
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