Brasileiro é condenado por crimes sexuais contra homens no Reino Unido; entenda como ele agia

Luiz da Silva Neto, de 36 anos, teria feito pelo menos duas vítimas na Inglaterra, no final de 2021

Brasileiro Predador Sexual

[Alerta Gatilho!] Um brasileiro foi condenado a 22 anos de prisão no Reino Unido, acusado de drogar dois homens para praticar atos sexuais. De acordo com a BBC News Brasil, Luiz da Silva Neto, de 36 anos, cometeu o primeiro crime em novembro de 2021. O segundo episódio teria ocorrido em dezembro, numa casa em Oxfordshire. Segundo a justiça inglesa, as duas vítimas acordaram nuas, sem saber o que havia acontecido.

A polícia de Thames Valley, que investiga o caso, informou que a hipótese de Luiz ter cometido mais crimes não foi descartada. “Estamos mantendo a mente aberta quanto à possibilidade de Silva Neto ter cometido outros crimes”, declarou a corporação. “Por causa das investigações, não podemos, neste momento, confirmar se outras vítimas se apresentaram”, acrescentou o e-mail. Um apelo também foi feito para que possíveis outras vítimas procurem as autoridades.

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O julgamento

Os detalhes do caso vieram à tona em um julgamento. A promotoria apontou que Silva Neto teria misturado drogas como GHB – também conhecida como ecstasy líquido ou “droga do estupro” –, GHL, ou outra substância similar às bebidas das vítimas. Ambas as substâncias podem ser dissolvidas em líquidos, além de não terem cor, nem cheiro, e serem difíceis de detectar. Matthew Walsh, promotor do caso, as descreveu como “afrodisíacas”, ressaltando a possibilidade de ter “efeitos eufóricos e alucinógenos”.

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Luiz da Silva Neto foi preso e condenado no Reino Unido, considerado um “predador sexual”. (Foto: Divulgação/Polícia de Thames Valley)

Luiz alegou à polícia que o contato sexual com os dois homens teria sido consensual. Entretanto, a promotoria rebateu a tese, destacando o fato de que as duas vítimas – que são heterossexuais – denunciaram os episódios. “Silva Neto atacou deliberadamente homens heterossexuais pois ele acreditava ser menos provável que eles denunciariam os crimes à polícia, mas ele estava errado”, pontuou o inspetor James Holden-White. “As duas vítimas demonstraram imensa coragem e é por causa delas que Silva Neto foi condenado e preso”, declarou o agente.

Relatos das vítimas

De acordo com o tribunal, a primeira vítima contou que foi chamada para fazer um serviço na casa de Luiz. O homem alegou ter tomado uma bebida alcoólica oferecida pelo brasileiro ao chegar lá, mas “começou a se sentir repentinamente cansado” algum tempo depois.

Ele se lembra de estar completamente vestido quando adormeceu, mas descobriu que estava nu ao acordar, quando sentia que seu corpo “não funcionava… como se estivesse paralisado”. Passado o episódio e a agressão sexual, a vítima amanheceu no dia seguinte como se estivesse “quebrado em duas partes”. No entanto, ao sair do local, notou uma seringa vazia e se convenceu “de que tinha sido drogado”.

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A segunda vítima estava com amigos numa boate de um bairro nobre em Londres. O homem, que havia se casado há poucas semanas, contou que estava bêbado, tentando voltar pra casa, quando Luiz lhe ofereceu ajuda. O brasileiro levou o rapaz para Oxfordshire em um carro alugado. Já de manhã, ele acordou nu “em uma casa estranha” e “sem ideia do que havia acontecido”.

Por fim, ele voltou para a capital inglesa confuso, angustiado e triste. O jovem chegou a ser dado como desaparecido, e também “não conseguia explicar as horas entre sair do bar e acordar na cama”. Para a justiça, ele foi drogado e, posteriormente, estuprado.

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Luiz da Silva Neto teria drogado as vítimas para poder cometer atos sexuais. (Foto: Divulgação/Polícia de Thames Valley)

Condenações

Nos dois casos, o juiz Michael Gledhill considerou Silva Neto culpado por administrar uma substância para entorpecer as vítimas com objetivo de ter relações sexuais com elas, e por tê-las feito se envolverem em atividade sexual sem seu consentimento. O segundo caso, em especial, rendeu também uma acusação por estupro – na Inglaterra e País de Gales, a definição de “estupro” é quando ocorre uma penetração intencional da vagina, ânus ou boca de outra pessoa sem consentimento.

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O magistrado rotulou o brasileiro como um “predador sexual”, ao ressaltar as consequências dos ataques. “Minha vida mudou para sempre, para nunca mais ser a mesma”, disse a primeira vítima à Justiça. “Eu vivo com isso sozinho todos os dias”, acrescentou o homem. A segunda contou que sofria de “ansiedade grave”, além de relatar que estava “completamente traumatizado” após o episódio. [Muito difícil] lembrar as coisas horríveis que esse homem fez comigo”, declarou o jovem. Apesar do trauma, o rapaz se disse feliz em poder denunciar, “quebrar a corrente e proteger os outros desse monstro”.

O juiz determinou que Luiz cumpra pelo menos dois terços de sua pena de 22 anos. O inspetor da polícia local também falou sobre as estratégias do brasileiro, grato por ele estar preso depois de tudo isso. [É um] homem muito perigoso”, pontuou ele, afirmando que o condenado usou um “modus operandi muito hábil e as ruas agora são um lugar muito mais seguro com ele atrás das grades”.