Promotores italianos abriram uma investigação oficial de homicídio no caso do naufrágio do iate de luxo Bayesian. O neozelandês James Cutfield, capitão da embarcação que afundou na costa da Sicília, na Itália, foi um dos 15 sobreviventes. Informações dos jornais La Repubblica e Corriere della Sera deste final de semana, apontam que ele está sendo investigado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e naufrágio negligente.
“Embora o iate tenha sido atingido por um evento meteorológico muito repentino, era plausível que crimes de homicídio culposo múltiplo e naufrágio por negligência tivessem sido cometidos“, relatou o chefe do gabinete do promotor público de Termini Imerese, Ambrogio Cartosio, neste sábado (24).
O advogado de James, Giovanni Rizzuti, confirmou à NBC News que foi iniciada uma investigação de homicídio múltiplo contra seu cliente, além de uma investigação por causar um naufrágio. Rizzuti também confirmou que Cutfield será interrogado novamente pelos promotores na Sicília em 27 de agosto.
Ser colocado sob investigação na Itália, no entanto, não implica culpa e também não significa que acusações formais necessariamente seguirão.
A lei marítima dá ao capitão total responsabilidade pelo navio e pela tripulação, bem como pela segurança de todos a bordo. 15 pessoas sobreviveram, entre elas Cutfield e mais oito tripulantes – que ainda não se pronunciaram. As autoridades ainda não confirmaram se algum dos outros membros também serão investigados.
Mike Lynch, o “Bill Gates britânico”, sua filha Hannah e mais cinco pessoas morreram no naufrágio. O mistério ao redor do naufrágio deu margens à teorias conspiratórias de que o barco possa ter sofrido um atentado. As empresas de Lynch prestavam serviços para agências de inteligência ao redor do mundo, com programas de identificação de terroristas e outros criminosos. Dois dias antes do acidente com o iate, um sócio de Lynch morreu atropelado na Inglaterra.
O acidente
Um tornado, considerado extremamente raro, atingiu um iate que navegava na costa da Sicília, na Itália, em 19 de agosto. Segundo a Guarda Costeira italiana, a embarcação naufragou. “O vento estava muito forte. O mau tempo era esperado, mas não nessa magnitude“, disse um oficial à Reuters.
A partir dos depoimentos, os procuradores tentaram reconstruir os momentos finais do iate. Uma primeira inspeção externa no veleiro indicou que o casco estava intacto e sem vazamentos, enquanto o mastro principal de alumínio, com 75 metros de altura, também estava preservado.
Quem são as vítimas
Chef Recaldo Thomas
Recaldo Thomas, um chef canadense com raízes em Antígua e Barbuda, foi uma das vítimas encontradas no dia do naufrágio. Segundo um amigo que falou à BBC, ele era muito querido por todos que o conheciam e lembrado por sua gentileza e espírito tranquilo.
Mike e Hannah Lynch
Conhecido como o “Bill Gates” do Reino Unido, Mike Lynch era um bilionário da tecnologia com uma fortuna de 500 milhões de libras. Ele foi inocentado em um caso de fraude envolvendo a venda de sua empresa para a Hewlett-Packard por US$ 11 bilhões. Lynch estava celebrando sua absolvição no passeio de iate, onde sua filha, Hannah, de 18 anos, também estava presente. Hannah foi a última a ser encontrada, enquanto sua mãe, Angela Bacares, foi resgatada com ferimentos leves.
Jonathan e Judy Bloomer
Jonathan Bloomer era o CEO do Morgan Stanley International e presidia a seguradora Hiscox. Ele foi uma testemunha importante para defender Mike Lynch no julgamento dos Estados Unidos. Sua esposa, Judy Bloomer, foi diretora da Change Real Estate e era reconhecida por seu trabalho em defesa da saúde feminina.
Christopher e Neda Morvillo
Christopher Morvillo era um renomado advogado criminal e sócio da Clifford Chance, que já atuou como procurador em Nova York. Ele representou Mike Lynch em seu julgamento em San Francisco e recentemente comemorou a absolvição de seu cliente. Sua esposa, Neda Morvillo, também estava no iate. Ela era designer de joias em Nova York, com mais de 20 anos de experiência.