Nesta quinta-feira (22), foi confirmada a morte dos cinco tripulantes que estavam a bordo do submarino com destino aos destroços do Titanic. De acordo com o porta-voz da Guarda Costeira dos Estados Unidos, John Mauger, a tragédia ocorreu em razão de uma implosão do Titan. “Os destroços [encontrados] são consistentes com uma implosão catastrófica da câmara de pressão”, afirmou.
A informação de Mauger, no entanto, não era tão inesperada. Ainda ontem, um navio da Marinha dos EUA detectou uma “anomalia consistente com uma implosão ou explosão nas proximidades de onde o submersível Titan estava operando quando as comunicações foram perdidas”. Segundo as autoridades, isto teria acontecido poucas horas após o veículo mergulhar no Atlântico Norte, no domingo (18).
Em termos técnicos, o ato de implodir é o que ocorre quando um objeto colapsa em direção ao seu centro por conta de pressões extremas que ultrapassam a suportada pela embarcação. Este desnível entre pressão interna e externa tenta buscar um equilíbrio entre si, neste caso, levando a água para dentro da cápsula. É o contrário de uma explosão, na qual a força que leva à destruição é liberada para fora a partir do interior do objeto.
Ainda não é sabido qual motivo exato levou à tragédia do Titan. Entretanto, é fato que a pressão da água aumenta progressivamente conforme a profundidade em que a embarcação náutica alcança. Para isso, é preciso uma estrutura reforçada, com materiais resistentes. O que pode não ter sido o caso da invenção da OceanGate.
De acordo com o professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação naval, Thiago Pontin Tancredi, a construção do submarino foi feita com titânio e fibra de carbono, materiais cujos estudos comportamentais em pressões diferentes da água ainda são muito rasos.
Ao g1, Tancredi explicou que o dano na estrutura do casco pode ter ocasionado a implosão. “Quando submerge e emerge, [o submarino] vai acumulando danos. Não é porque fez a missão uma vez que é seguro. Fazer a missão uma vez significa que ele estava bem dimensionado, mas vai acumulando amassados e trincas, o que pode levar a uma falha estrutural”, observou. “Como é feito de fibra de carbono, a implosão deve ter causado um efeito similar ao vidro estilhaçado, se partindo em muitos pedaços. Já as partes em titânio devem se comportar como metal, ficando retorcidas”, concluiu Thiago.
O professor da Universidade de São Paulo (USP), Gustavo Roque da Silva Assi, informa que há outros motivos para o colapso em ambientes de maior profundidade. “Se ele (o submarino) encostar em alguma coisa do lado de fora em meio a uma pressão muito alta, como seria no fundo do oceano, a estrutura não suportaria”, pontuou.
Desta forma, as chances de sobreviver são nulas. “Uma pessoa aguentaria nadar até, no máximo, uma profundidade de 50m. Uma falha estrutural em um submarino abaixo desta profundidade já seria catastrófica, mortífera para a tripulação”, afirmou Assi.
Nesta quinta, um perfil do TikTok conhecido como “starfieldstudio”, publicou uma animação em 3D para exemplificar o que teria acontecido com o submarino no momento de sua implosão. “Com o colapso instantâneo pela pressão, o casco aqueceria imediatamente o ar no submarino até aproximadamente a temperatura da superfície do sol, enquanto uma parede de metal e água do mar esmagaria de uma ponta do barco à outra em cerca de 30 milissegundos”, escreveu o perfil. Assista:
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