Duas explosões atingiram o aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão nesta quinta-feira (26). No local, afegãos e ocidentais tentavam uma vaga na evacuação do país, liderada pelos Estados Unidos. O pentágono afirmou que os ataques deixaram “várias vítimas”, sem especificar se foi um atentado terrorista.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, a primeira contagem oficial concluiu que foram 13 mortos e 15 feridos. O “The Wall Street Journal” disse que fuzileiros navais norte-americanos também acabaram atingidos. Fontes do governo estadunidense disseram à agência de notícias Reuters que uma das explosões teria sido causada por um ataque suicida.
“Podemos confirmar que a explosão no portão da Abadia foi o resultado de um ataque complexo que resultou em várias vítimas norte-americanas e civis. Podemos confirmar pelo menos uma outra explosão no hotel Baron ou próximo a ele, a uma curta distância do portão da Abadia. Continuaremos atualizando“, pontuou o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Foram duas explosões: uma na entrada principal do aeroporto, e outra próxima ao hotel Baron, perto do terminal aéreo.
Aconteceu há pouco uma explosão no aeroporto de Cabul, onde milhares de pessoas ainda tentam deixar o Afeganistão. Feridos estão sendo levados a hospitais. Não há confirmação oficial de motivo ou vítimas, mas informações locais dizem que foi um homem-bombapic.twitter.com/2XoADkBVZn
— Observatório Internacional (@observint) August 26, 2021
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou que tratam-se de ataques terroristas, e disse que “condena veementemente o horrível ataque terrorista fora do aeroporto de Cabul“. “Nossa prioridade continua sendo evacuar o máximo de pessoas para um local seguro o mais rápido possível“, pontuou o secretário-geral, Jens Stoltenberg.
Para a Reuters, autoridades estadunidenses disseram acreditar que os responsáveis pelos atentados seriam membros da filial afegã do Estado Islâmico, grupo rival do Talibã. Pelo menos 60 pessoas foram atendidas em um hospital de Cabul. Segundo informações preliminares de oficiais dos EUA, civis afegãos, soldados talibãs e cinco militares norte-americanos estão entre as vítimas. “Um número de oficiais dos EUA foram mortos no ataque“, confirmou o Pentágono, em nota.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, afirmou que “o Emirado Islâmico condena veementemente o bombardeio de civis no aeroporto de Cabul, ocorrido em uma área onde as forças dos EUA são responsáveis pela segurança“.
Atenção: pelo menos uma segunda explosão foi confirmada em Cabul, perto do Baron Hotel, que se localiza próximo ao aeroporto. O hotel estava sendo usado para abrigar pessoas que tentavam deixar o país pic.twitter.com/7kcIiy0FWy
— Observatório Internacional (@observint) August 26, 2021
O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única saída do país para milhares de afegãos e estrangeiros que desesperadamente tentam embarcar em voos de retirada, organizados por países ocidentais, para fugir do Talibã. Hoje, mais cedo, EUA, Reino Unido e Austrália já haviam alertado para o risco de um atentado “iminente” no local e pediram para que os cidadãos abandonassem imediatamente os arredores do aeroporto.
“As informações obtidas ao longo da semana são cada vez mais sérias e fazem referência a uma ameaça iminente e grave. É uma ameaça muito séria, muito iminente“, declarou mais cedo o secretário de Estado britânico das Forças Armadas, James Heappey.
No Twitter, um cidadão afegão pediu para que as pessoas se mantivessem longe do aeroporto após os ataques. “Explosão pesada em frente ao Abby Camp, começou o tiroteio. Tropas dos EUA usaram entre 6 e 8 bombas de gás nas pessoas a leste do portão e muitas mulheres estão machucadas e queimadas. Eu estava lá“, escreveu Ali Hassani.
Retirada de cidadãos
Segundo o “The New York Times”, ao menos 250 mil afegãos que trabalharam para os EUA ainda esperam ser retirados. O ritmo de evacuação, entretanto, não é suficiente para que todos deixem o território até terça-feira (31), data limite estipulada pelo presidente norte-americano, Joe Biden, para a saída de suas tropas do Afeganistão. Quase 90 mil pessoas já foram evacuadas do país desde a retomada de poder do Talibã, em 15 de agosto.
Ameaça do Estado Islâmico
O braço afegão do Estado Islâmico é um dos pontos de maior preocupação dos Estados Unidos. O grupo terrorista foi responsável por alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão e no Paquistão nos últimos anos. Civis dos dois países foram mortos em mesquitas, santuários, praças e hospitais.
“A cada dia, as operações suscitam um risco suplementar para nossas tropas. O inimigo número 1 dos talibãs visa o aeroporto para atacar as forças americanas e aliadas, bem como civis inocentes“, disse Joe Biden, ao alertar sobre o perigo. Ainda que sejam ambos sunitas radicais, o Estado Islâmico e o Talibã são adversários. O EI criticou o acordo de paz feito entre Talibã e EUA, que estabeleceu diretrizes para a saída das tropas estrangeiras do Afeganistão. Eles alegam que o grupo terrorista abandonou a causa jihadista.