Falta de água, gasolina e alimentos: Brasileira relata desespero para deixar cidade na Flórida que será atingida por furacão Milton: “Cena de filme”

Ana Paula Crescencio de Souza mora em Tampa e deixou o local junto com outras quatro famílias brasileiras

Uma brasileira relatou como foi o processo de evacuação de Tampa, uma das cidades da Flórida que será atingida pelo furacão Milton. Ao g1, Ana Paula Crescencio de Souza contou que saiu do local com a ajuda de outros brasileiros. Ela mora no bairro de Westshore e precisou deixar a região às pressas após ser informada de que a área onde vive está na zona de risco.

Ana Paula era de São Paulo, mas se mudou para Tampa há aproximadamente dois anos para estudar inglês. Ela decidiu sair da cidade com mais quatro famílias brasileiras que moram no mesmo condomínio. Juntos, eles foram para Saint Cloud, região metropolitana de Orlando que fica a duas horas de Tampa.

“Saímos já nesta segunda-feira (7). O nosso condomínio tem quatro famílias brasileiras. A gente se juntou e fomos para outra cidade. Ao todo somos em dez pessoas. Se piorar para cá, a gente vai sair e vamos subindo [o estado]. Mas está todo mundo apreensivo, porque largamos as nossas casas. Eu ainda estou mais apreensiva por morar no térreo. Corre risco de perder tudo, né? Moramos bem na área vermelha”, declarou ela.

Ana Paula Crescencio de Souza se mudou para Flórida em 2022. (Foto: Arquivo pessoal)

Ana Paula ainda detalhou a experiência de deixar sua casa para trás devido ao furacão. “Gastamos cinco horas para chegar em Saint Clound. Peguei só documentos, alimentos e água. Os que estão aqui comigo já foram ao mercado para abastecer a despensa. E os mercados estão lotados e está pior porque estamos sofrendo também com a greve dos portos”, falou.

“Antes do furacão, os americanos já estavam abastecendo suas casas por esse motivo. Aí veio o furacão. Gasolina, água e alimentos enlatados sumiram. Nem colchão inflável estamos encontrando e na casa onde conseguimos ficar não tem [colchões para todos]”, disse a brasileira.

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Apesar de já ter vivido momentos de tensão com o furacão Idalia em 2023, Ana Paula afirmou que desta vez a aflição é ainda maior. “Estamos todos muito ansiosos e apreensivos. A saída das cidades está tumultuada. Parece cena de filme. Nem hotel as pessoas estão encontrando mais”, contou.

Prefeita de Tampa se pronuncia

A prefeita da cidade de Tampa, Jane Castor, reforçou o pedido à população para que saiam de casa e evacuem as áreas de risco, antes da chegada do furacão Milton à Flórida, prevista para quarta-feira (9). À CNN ela alertou que vê o fenômeno como “catastrófico“.

A prefeita afirmou que considera o furacão Helene, que ocorreu recentemente, como um “alerta“, e que existe a possibilidade de ondas de três a quatro metros provocadas pelo Milton. O furacão deve atingir a área metropolitana de Tampa, que tem uma população de mais de 3,3 milhões de pessoas, com um potencial de impacto direto na mesma faixa de costa que foi devastada pelo Helene.

Na segunda-feira (7), as autoridades aconselharam a “quem tiver condições, pegar a estrada hoje“, pois esta deve ser a pior tempestade na região em mais de 100 anos. Em um período de pouco mais de quatro horas, o furacão Milton havia ganhado uma força “explosiva”, como classificou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), e saiu da categoria 2 para a 5, a máxima na escala de intensidade de furacões.

Já no dia seguinte, o Milton perdeu um pouco da força e desceu para a categoria 4. Entretanto, ainda de acordo com o NHC, o furacão segue com “alto potencial destrutivo”. Confira a declaração completa da prefeita Jane Castor, clicando aqui.

Presidente Biden também se manifesta

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também fez um apelo nesta terça-feira (8) para que aqueles que receberam ordens de evacuação antes da chegada do furacão Milton à Flórida “saiam agora”, alertando que se trata de uma questão de vida ou morte. Biden também informou que já aprovou declarações de emergência antes do impacto na Flórida e pediu às companhias aéreas que facilitem as evacuações, evitando a prática de preços abusivos. “Esta pode ser a pior tempestade a atingir a Flórida em mais de um século e, se Deus quiser, não será, mas parece que sim agora”, declarou.

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