Gerente do necrotério da Harvard Medical School e outras seis pessoas são presas por vender restos humanos roubados

Entre os itens vendidos estavam cabeças, cérebros, pele, ossos e outros restos mortais

Sete pessoas, incluindo o gerente do necrotério da Harvard Medical School, em Massachusetts, foram presas por roubar e vender restos humanos de necrotérios de várias universidades dos Estados Unidos. Segundo as autoridades que investigaram o caso, as escolas de Ivy League e a Universidade de Arkansas também foram afetadas.

O procurador Gerard M. Karam disse em um comunicado ao New York Post, nesta quarta-feira (14), que a rede clandestina roubava cadáveres – incluindo os corpos de dois bebês natimortos – do departamento de anatomia da universidade e de um necrotério do Arkansas. “Alguns crimes desafiam a compreensão”, reprovou Karam. “O roubo e o tráfico de restos humanos atingem a própria essência do que nos torna humanos”, ressaltou.

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Cedric Lodge teria furtado os restos mortais da instituição onde trabalhava, e vendido as partes online com a ajuda de sua esposa, Denise, e alguns cúmplices: Katrina Maclean, Joshua Taylor e Mateus Lampi. O gerente permitia que os compradores entrassem no necrotério para escolher quais partes estavam interessadas e, depois, as enviava pelo correio.

A acusação, divulgada pela Fox News, afirmou que os suspeitos teriam discutido suas atividades nas redes sociais: “Às vezes, Lodge roubava porções dissecadas de cadáveres doados, incluindo, por exemplo, cabeças, cérebros, pele, ossos e outros restos humanos”. Entre as partes, estavam dois rostos ressecados vendidos por US$ 600 (R$ 3 mil), em 2020. A polícia pontuou que um dos clientes, Jeremy Pauley, chegou a fazer transações de mais de US$ 100 mil (cerca de R$482 mil, na cotação atual do dólar).

Jeremy Pauley teria negociado mais de US$ 100 mil em restos mortais (Foto: Cumberland District Attorney)

Maclean, que supostamente vendeu os restos mortais para compradores em todo o país, dirigia um negócio chamado Kat’s Creepy Creations. “Sou uma artista de horror, macabro, esquisitices e tudo que é assustador”, diz a página da empresa no Facebook. A mulher ainda teria enviado pele humana para Pauley, para que ele pudesse transformá-la em couro. Em uma conta vinculada a Pauley, e gerenciada por Taylor e Denise, foram encontradas duas transações de quase US$ 40 mil (R$193 mil) cada, com comentários como “cabeça número 7” e “cérebros”.

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A participação de Pauley no esquema terminou fazendo com que os detetives encontrassem outra suspeita: Candace Chapman Scott, que é acusada de roubar cadáveres que seriam cremados e vendê-los ao homem. Muitos desses corpos pertenciam a pessoas que os doaram para fins de pesquisa científica na Universidade de Ciências Médicas de Arkansas. “É lamentável que tantas das vítimas aqui se ofereceram para permitir que seus restos mortais fossem usados ​​para educar profissionais médicos e promover os interesses da ciência e da cura. Para eles e suas famílias, serem aproveitados em nome do lucro é terrível”, continuou o procurador.

Lodge foi demitido de Harvard no início de maio. Na época, a universidade classificou o crime como “uma traição abominável”. “Estamos chocados ao saber que algo tão perturbador pode acontecer em nosso campus – uma comunidade dedicada a curar e servir aos outros”, disseram os reitores da escola em um comunicado. “Os incidentes relatados são uma traição ao HMS e, mais importante, a cada um dos indivíduos que altruisticamente escolheram doar seus corpos ao HMS por meio do Programa Anatomical Gift para promover a educação e a pesquisa médicas”, concluiu a nota.

A Harvard Medical School se mostrou chocada com o caso (Foto: Getty)

Leslie Taylor, da Universidade de Ciências Médicas de Arkansas, também expressou seu choque ao descobrir o que ocorreu com os corpos armazenados em sua instituição. “Não poderíamos nem imaginar que algo assim pudesse acontecer”, disse Taylor ao 13WHAM , pedindo desculpas às famílias que não conseguiram recuperar os corpos de seus entes queridos.

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Os réus enfrentam acusações de formação de quadrilha e transporte ilegal de mercadorias roubadas, que acarretam no máximo 15 anos de prisão. Eles foram presos e serão encaminhados para um júri federal.

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