Médicos revelam que Papa Francisco ficou muito perto da morte duas vezes, e decisão que cogitaram tomar

A recuperação do pontífice foi considerada “um milagre” pela equipe

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O Papa Francisco esteve muito próximo da morte durante a internação para tratar de uma pneumonia. A informação foi revelada por Sergio Alfieri, chefe da equipe médica do pontífice, ao jornal italiano “Corriere Della Serra”, nesta terça-feira (25). Alfieri afirmou que, em 28 de fevereiro, a saúde do Papa piorou tanto que cogitaram interromper o tratamento para que ele pudesse morrer em paz. Apesar disso, Francisco teve alta no último domingo (23), o que a equipe considera “um milagre“.

Durante o momento mais crítico, quando o pontífice teve uma crise de broncoespasmos, o médico relatou que a equipe chegou a esperar pelo pior. Foi quando eles tiveram que optar entre deixá-lo ir ou começar com um tratamento mais forte. “Houve um momento em que tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir ou forçar com todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo um risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final, seguimos esse caminho“, explicou Sergio.

Doutor Sergio Alfieri revelou detalhes sobre a internação do papa em uma reunião com a mídia nesta terça-feira (25). (Foto: Getty)

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Alfieri disse que neste dia viu pessoas próximas ao Papa, que o consideram como um pai, emocionando-se diante do estado grave que o argentino se encontrava.”Pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, durante esse período de internação, o amam sinceramente, como a um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado e que havia um risco real de que ele não sobrevivesse“, relembrou o médico.

Francisco, sempre consciente, reconheceu a gravidade da situação, mas pediu para ser informado da verdade o tempo todo. “Está ruim“, teria afirmado o pontífice.

Mesmo quando sua condição piorou, ele estava totalmente consciente. Aquela noite foi terrível. Ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Vimos que estava sofrendo. Mas desde o primeiro dia ele nos pediu para lhe contar a verdade. Nunca nada foi modificado ou omitido“, contou Alfieri.

Papa Francisco, de 88 anos, deixou o hospital no domingo (23). Ele havia sido internado no local no dia 14 de fevereiro. (Foto: Getty)

O médico explicou que Massimiliano Strappetti, assistente pessoal do papa, optou por tentar todos os recursos possíveis, mesmo com o risco de complicações. “Strappetti disse: ‘Tente de tudo, não desista’. Foi o que todos nós pensamos também. E ninguém desistiu“, revelou o profissional.

Alfieri também revelou que houve um segundo momento muito complicado durante a internação do papa. Logo depois do episódio das crises de broncoespasmos, Francisco broncoaspirou enquanto se alimentava. O médico definiu essa ocasião como “terrível” e acreditou que não conseguiria salvar o pontífice.

Estávamos saindo do período mais difícil, e enquanto ele comia, teve uma regurgitação e inalou. Foi o segundo momento realmente crítico, porque nesses casos, se não for prontamente resgatado, há risco de morte súbita“, disse ele, que ainda celebrou a recuperação do argentino. “Posso dizer que duas vezes a situação foi perdida e então aconteceu como um milagre“, desabafou.

Por fim, o médico atribuiu a melhora ao bom humor do pontífice e às orações recebidas. “Ele costuma dizer: ‘Ainda estou vivo’ e, imediatamente, acrescenta: ‘Não se esqueça de viver e manter o bom humor’. Ele tem um corpo cansado, mas a mente é a de um homem de 50 anos“, concluiu.

O Santo Padre ficou internado durante 38 dias e após a alta, ele continua com terapia medicamentosa e fisioterapia respiratória para recuperar a voz e a respiração. Francisco tem celebrado missas na capela da Casa de Santa Marta, onde vive, mas sem receber visitas além de seus colaboradores próximos.

Papa Francisco na varanda do Hospital Gemelli, onde ficou internado, sendo recebido por fiéis que rezaram pela sua recuperação. (Foto: Getty)

O encontro com Rei Charles III, previsto para 7 de abril, foi adiada. Segundo a equipe médica, o papa precisará de dois meses de repouso, com restrição a encontros com grandes grupos para evitar novos vírus. Embora esteja curado da pneumonia, ainda há vestígios de vírus em seus pulmões, e ele precisará adotar um estilo de vida mais calmo daqui para frente.

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